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II SÉRIE-B — NÚMERO 16

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com o seu pano de ferro; e pela série de camarotes (onde Salazar tinha lugar cativo), galerias e balcões em

andares, tudo isto forma um exemplar assinalável, mais ainda por ser o último do género existente em

Portugal.

O Cinema Odéon esteve em vias de classificação como Imóvel de Interesse Público de 2004-2009, altura

em que o processo foi arquivado pelo IGESPAR. Neste momento, e não existindo nenhuma classificação

municipal, mantém-se apenas a ténue proteção de estar inserido no perímetro de classificação do conjunto da

Avenida da Liberdade classificada recentemente Conjunto de Interesse Público.

O Cinema Odéon está fechado e à venda desde meados da década de 90, sendo que, por força dessa

circunstância e da verificada falta de obras de conservação, as suas galerias metálicas, as suas fachadas

(sobretudo a tardoz) e a claraboia no telhado, necessitam de obras.

Em 2011 foi aprovada, pela Câmara Municipal de Lisboa, uma informação prévia conducente à

transformação do Odéon em centro comercial e estacionamento subterrâneo para automóveis, apontando-se

como elementos a preservar o seu teto de madeira e o frontão de palco, ainda que em local a considerar;

tornando assim irreversível a não reutilização do Odéon enquanto cinema e/ou teatro.

Mas o seu futuro e preservação coerente e responsável não se compadece com o aleatório de "manter a

cobertura e a fachada" — que uma obra em profundidade, como a que se anuncia (dois pisos subterrâneos!)

destruirá inevitavelmente — nem é suficiente essa preservação "da pele", sem o poderoso miolo. O que se

pode/deve fazer — seguindo o exemplo do vizinho Condes mas em melhor; ou o de El Ateneo Grand

Splendid, de Buenos Aires, que virou uma extraordinária livraria — é aproveitar o vazio da sala (se não for

possível a sua permanência enquanto cinema e/ou teatro), mantendo as suas estrutura e elementos, para uma

cuidada e inventiva reutilização em novas funções à altura dos valores reais num re-uso que não destrua a

"galinha dos ovos de ouro" que salta à vista (a sala, o lustre, o palco e a sua teia, etc.) – antes tire partido dela

se a sua recuperação for conseguida, garantindo a reversibilidade da eventual transformação.

Confrange ver os investidores e responsáveis institucionais e municipais — que deviam ter uma abordagem

e perspetiva, precisamente por estarmos em plena época de crise, de procurar transformar dificuldades em

oportunidades — sem qualquer visão ou uma inteligência operativa, neste caso derradeiro de possibilidade de

manter um espaço arquitetónico, notabilíssimo e único, vivo!

Os abaixo assinados, tendo em conta ainda a perda Irreparável que foi para esta cidade o

desaparecimento de outras salas igualmente míticas (ex. Monumental e Éden) apelam a quem de

direito, l.e. à AR, ao Governo, à Câmara Municipal de Lisboa, a todos os Agentes Culturais e de

Entretenimento desta cidade, e aos cidadãos em geral, para que se encontre uma solução para o

Cinema Odéon que dignifique a cidade, o País e o nosso património.

* O lustre foi totalmente destruído aquando de tentativa de roubo no Verão de 2013.

Entrada na AR: 27 de novembro de 2013.

O primeiro subscritor, Professor Arquiteto José Manuel Fernandes

Nota: — Desta petição foram subscritores 10 094 cidadãos.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

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