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II SÉRIE-B — NÚMERO 21

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APRECIAÇÃO PARLAMENTAR N.º 129/XII (4.ª)

DECRETO-LEI N.º 181-A/2014, DE 24 DE DEZEMBRO, QUE APROVA O PROCESSO DE

REPRIVATIZAÇÃO INDIRETA DO CAPITAL SOCIAL DA TAP, TRANSPORTES AÉREOS PORTUGUESES,

SA

O Decreto-Lei em apreço constitui a peça legislativa que dá suporte à terceira tentativa dos governos da

política de direita para privatizar a TAP.

A TAP é o maior exportador nacional, com mais de dois mil milhões de euros em vendas ao exterior,

assegurando mais de sete mil postos de trabalho diretos na companhia aérea e, no seu conjunto, mais de doze

mil postos de trabalho diretos no Grupo TAP; sendo ainda responsável por, pelo menos, mais dez mil postos de

trabalho indiretos.

Trata-se de uma empresa que faz entrar anualmente na Segurança Social quase 100 milhões de euros só

da TAP SA, e faz entrar quase outro tanto no Orçamento do Estado via IRS, uma Empresa que prestigia o país,

e que, além disso, é fator de soberania.

Não se trata apenas do muito que se coloca em risco com a privatização da TAP, que implicaria a destruição

da empresa no curto ou médio prazo. Trata-se igualmente do muito mais que a Empresa pode dar ao país se

devidamente apoiada.

É urgente inverter esta política do Governo que continua fixada na privatização da TAP, considerar a empresa

como o ativo estratégico que é, e apoiá-la de todas as formas necessárias.

A privatização da TAP é um velho objetivo que as multinacionais europeias têm tentado impor ao nosso país,

num quadro de concentração monopolista que está a ser imposto aos povos da Europa, num processo mais

vasto que é a causa e não a solução dos problemas nacionais.

Importa registar que, à semelhança do que sucedeu em 2012, também agora o decreto-lei publicado inscreve

esta operação numa perspetiva que retoma e relança o processo iniciado em 1998 pelo então Governo

PS/Guterres. Nessa altura era apresentada a decisão de privatizar a TAP e vendê-la à Swissair como uma

medida supostamente inadiável e incontornável, que teria de concretizar-se sob pena de encerramento da

companhia. Ora, se essa privatização e integração da TAP na Swissair tivesse avançado, hoje não existiria a

TAP: teria sido extinta no processo de falência da companhia suíça, tal como sucedeu então com a belga Sabena

(que, ao contrário da TAP, prosseguiu com o negócio com a Swissair até ao fim).

Ora, esta experiência concreta vem desmascarar a mistificação que tem sido difundida pelo Governo – e

agora novamente expressa no preâmbulo do decreto-lei em apreço – quanto à suposta garantia de «respeitar a

importância estratégica do chamado “hub” de Lisboa». É que o “hub” de Lisboa, tal como tudo o resto, teria

simplesmente desaparecido caso a TAP deixasse de existir, e é esse o risco que se coloca se a companhia for

entregue aos interesses de grupos económicos. Também nesta matéria a demagogia cai pela base: só o caracter

público da TAP garante o hub. A experiência recente da Iberia, desmentindo todas as garantias e compromissos

sobre o hub de Madrid, é de resto só por si também esclarecedora o suficiente.

Tal como o PCP sempre tem afirmado, a TAP não é uma empresa qualquer. Atente-se, por exemplo, no seu

papel e no seu contributo para o desenvolvimento e para a sobrevivência das Regiões Autónomas dos Açores

e da Madeira. Sendo estas regiões insulares distantes e ultraperiféricas, os transportes aéreos são um cordão

umbilical essencial. E a TAP tem, desde muito cedo, a sua quota-parte de mérito e de importância na garantia

da ligação das Regiões Autónomas ao mundo, no combate ao isolamento e atuando como agente de coesão

territorial.

O papel da transportadora aérea nacional deve ser valorizado pelo seu caráter estratégico para o

desenvolvimento regional e nacional. Privatizar a TAP traria gravíssimas consequências, não só para a empresa

e para os seus trabalhadores e suas famílias, mas igualmente para os utentes, que dependem de um serviço

público essencial como aquele que é prestado pela transportadora aérea nacional.

Desta vez foi o próprio Governo a reforçar esta ideia, ao avançar com argumentos, supostamente para

justificar a ilegal e antidemocrática requisição civil decretada contra a Greve dos trabalhadores da TAP, que

evidenciam na verdade as razões de sobra para não privatizar a companhia e antes mantê-la na esfera pública.

Aliás, as palavras proferidas pelo Ministro da Economia na Assembleia da República vieram demonstrar que

até para este Governo é impossível fundamentar a privatização da TAP. A recente audição sobre esta matéria

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