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II SÉRIE-B — NÚMERO 41

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VOTO N.º 269/XII (4.ª)

DE LOUVOR PELA DISTINÇÃO DO PADRE JOAQUIM CARREIRA COMO «JUSTO ENTRE AS

NAÇÕES»

No passado dia 15 de abril, o Sacerdote Joaquim Carreira foi distinguido, na Sinagoga de Lisboa, a título

póstumo, pela Embaixada de Israel e pela Comunidade Israelita de Lisboa com a entrega de uma medalha

cunhada com o seu nome e do certificado de honra ‘Justo entre as Nações’, pelo Yad Vashem, o Memorial do

Holocausto em Jerusalém aos seus familiares.

Este título honorífico só pode ser atribuído a pessoas que, não sendo judias, participaram diretamente,

durante o Holocausto, no resgate de um ou mais judeus ameaçados de morte ou de deportação para os campos

de concentração, arriscando a vida, a liberdade ou a posição, sem receber nada em troca. Foi precisamente

isso que o Padre Joaquim Carreira fez.

Joaquim Carreira, homem de grande fé, exerceu as suas funções de sacerdócio e reitoria com muita

dignidade, bravura e espírito caritativo no Colégio Pontifício Português, em Roma, entre 1940 e 1954, nos

tempos tenebrosos da II Guerra Mundial, uma época de grande anticlericalismo e de violência persecutória

contra minorias étnicas e religiosas.

Durante parte desse período, em consequência da ocupação nazi a Roma, a partir de setembro de 1943,

concedeu asilo e hospitalidade a várias pessoas perseguidas pelos nazis, entre os quais resistentes,

antifascistas, partiggiani e judeus. Obedecendo ao imperativo de salvaguarda das exigências de ordem moral e

dos direitos fundamentais da pessoa humana, o gesto corajoso, compassivo e solidário do Padre Carreira

permitiu salvar a vida de cerca de 40 pessoas.

Dele disse-o bem o historiador português Carlos Azevedo: ‘Ele pode colocar-se ao lado de outras figuras,

entre quem desobedeceu às autoridades desumanas por grandeza de alma, por obediência à consciência,

correndo graves riscos’.

De facto, a ação do Padre Joaquim Carreira não se distingue da atuação de outros heróis portugueses que,

em tempos de crise moral, fizeram prevalecer a sua compaixão e solidariedade. Ao lado de Aristides de Sousa

Mendes, Carlos Sampayo Garrido e Teixeira Branquinho, encontra-se, hoje, o nome de Joaquim Carreira fixado

no Mural de Honra do Jardim dos Justos do Memorial do Holocausto. Um ato de justiça que devemos à

publicação do excelente artigo de António Marujo, na Revista 2 do jornal Público, que assim despoletou a

investigação e o processo de designação por parte do Instituto Yad Vahsem.

Nesse sentido, a Assembleia da República associa-se às homenagens prestadas ao saudoso Padre Joaquim

Carreira e reverencia a sua memória.

Palácio de S. Bento, 17 de abril de 2015.

Os Deputados, António Rodrigues (PSD) — Rosa Maria Bastos Albernaz (PS) — Agostinho Santa (PS) —

Manuel Mota (PS) — Duarte Pacheco (PSD) — Nuno Magalhães (CDS-PP) — João Rebelo (CDS-PP) —

Michael Seufert (CDS-PP) — Carlos Abreu Amorim (PSD) — Maria Manuela Tender (PSD) — António Cardoso

(PS).

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