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II SÉRIE-B — NÚMERO 47

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com o interesse coletivo». Ora, mais uma vez se confirma que o Governo se encontra envolvido num processo

de destruição efetiva do sector público.

Que o processo de privatização da EMEF seja conduzido pelo Ministério das Finanças e não pelo Ministério

dos Transportes diz muito dos objetivos deste processo, e de quão afastado ele está de qualquer objetivo

operacional ou remotamente relacionado com a melhoria do sector ferroviário nacional. Aliás, o Decreto-Lei é

revelador do pensamento dos seus autores face ao funcionamento da ferrovia, ao considerar que a EMEF deve

ser privatizada pois é um «ativos não essencial» e uma mera «participada» da CP. Como se fosse possível o

funcionamento da CP sem a EMEF, a não ser num quadro de total dependência e vulnerabilidade perante os

fabricantes de equipamento ferroviário que dominam o sector a nível global.

O Decreto-Lei revela uma visão que ignora o mundo real, onde os comboios circulam, transportam

passageiros e mercadorias, circulam em infraestruturas sob um apertado controlo de circulação, sofrem

regulares operações de manutenção e reparação e exigem a intervenção de múltiplos trabalhadores com

diferentes profissões e conhecimentos. Para o Governo, as empresas reduzem-se à sua capacidade de gerar

dividendos para os capitalistas detentores do seu capital.

Este processo de privatização não pode ser separado de um processo mais profundo e mais antigo: o da

concentração monopolista à escala europeia, e dos objetivos estratégicos e imperialistas desse processo:

controlo dos mercados nacionais pelas multinacionais; destruição da capacidade produtiva dos Estados

neocolonizados; precarização e desvalorização do preço da força de trabalho; degradação da soberania

nacional e crescimento da dependência externa. Que as classes dominantes nacionais estejam rendidas

(assimiladas) a este processo de colonização efetivo não é sequer novo na história do nosso povo.

A privatização – que tem vindo a ser preparada com os fabricantes de material circulante – colocaria o país

ainda mais dependente dessas multinacionais, quando aquilo que se impõe é uma rutura com o caminho de

declínio nacional e a afirmação de outro caminho, que aposte na produção nacional. É nesse quadro que a

manutenção, reparação e produção de material circulante é uma atividade estratégica para o país, para mais

quando a ferrovia tende a assumir uma importância crescente nos sistemas de transporte de passageiros e

mercadorias e quando o país está confrontado com a necessidade de investimentos no médio prazo de largas

centenas de milhões de euros no seu material circulante.

A privatização contribuiria ainda mais para a pulverização do sistema ferroviário, processo gerador de

crescentes custos para o Estado e de importantes perdas na segurança e fiabilidade da operação.

A privatização da EMEF colocaria a CP na completa dependência de um grupo económico privado, ou seja,

totalmente vulnerável perante uma situação de total insustentabilidade que inevitavelmente se abateria sobre os

utentes do transporte público e sobre a economia.

É verdade que não basta travar esta privatização. É preciso igualmente reverter um conjunto de medidas que

fragilizaram a EMEF (desde a venda da Unidade de Investigação e Desenvolvimento até à redução dos quadros

de pessoal abaixo dos mínimos necessários à operação, passando pela errada opção de externalização de

serviços) e adotar uma política de desenvolvimento de um sistema ferroviário uno, público e integrado. Mas para

isso, é fundamental agora travar esta privatização.

A Assembleia da República tem o dever de cumprir a sua responsabilidade nesta matéria, impedindo que

este escandaloso negócio se concretize e procedendo à apreciação deste decreto-lei com vista ao objetivo

explícito e urgente da sua revogação.

Assim, o PCP promove a apreciação parlamentar do decreto-lei em apreço, de forma simultânea com idêntica

iniciativa em relação ao diploma da privatização da CP Carga, publicado na mesma data. Ao fazê-lo, recorda e

sublinha a importância da proposta recentemente apresentada com o Projeto de Resolução 1254/XII (PCP): Em

defesa do caminho-de-ferro nacional – pela reunificação e gestão integrada da ferrovia, contra a sua liquidação

e desmembramento.

A ferrovia tem futuro em Portugal. Defender esse futuro exige lutar por uma estratégia integrada e de

integração, onde as várias vertentes (infraestruturas/manutenção, reparação e construção, circulação,

exploração de passageiros e mercadorias, material circulante/manutenção, reparação e construção e segurança

ferroviária, transporte de passageiros e mercadorias) sejam devidamente asseguradas numa CP pública,

modernizada, ao serviço do país e da economia nacional.

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