O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-B — NÚMERO 25

2

VOTO N.º 62/XIII (1.ª)

DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ATOR E DRAMATURGO FRANCISCO NICHOLSON

Faleceu, no passado dia 12 de abril, Francisco António de Vasconcelos Nicholson, mais conhecido como

Francisco Nicholson, grande ator, argumentista televisivo, dramaturgo e encenador português.

Nascido a 26 de junho de 1938 no seio de uma família ligada às artes, Francisco Nicholson começou muito

jovem, apenas com 14 anos, a fazer teatro no antigo Liceu Camões, sob a direção do encenador e poeta António

Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade Portuguesa.

Depois de ter estudado em Paris, onde frequentou a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire

ao lado de grandes nomes do teatro francês, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe, Francisco

Nicholson estreou-se, profissionalmente, como ator e autor, com a peça infantil “Misterioso Até Mais Não”, no

Teatro do Gerifalto.

Fez parte dos elencos da Companhia Nacional de Teatro e do Teatro Estúdio de Lisboa onde representou

grandes textos da dramaturgia mundial, de autores como Strindberg, Kleist. Bernard Shaw, Arnold Wesker,

Davis Storey, Apollinaire, e outros.

A convite de Raul Solnado, esteve presente na inauguração do Teatro Villaret integrando o elenco da peça

“O Inspector Geral” de Nicolau Gogol.

Foi no Teatro ABC que Francisco Nicholson se popularizou com o teatro de revista. Tendo-se estreado com

"O gesto é tudo" ao lado de Eugénio Salvador, Camilo de Oliveira, a brasileira Berta Loran e um grande elenco,

foi com "Gente nova em bikini” que se afirmou como autor, ator e encenador de revista. Após o 25 de Abril de

1974, juntamente com outros grandes nomes do teatro nacional ajudou a fundar o Teatro Adoque, na zona do

Martim Moniz, em Lisboa.

Na televisão deu-se a conhecer com o programa Riso e Ritmo (1964) tendo sido o autor de várias novelas,

nomeadamente de Vila Faia, a primavera telenovela portuguesa, e várias séries como Origens (1983), Cinzas

(1992), Os Lobos (1998), Ajuste de Contas (2000), Ganância (2001), O Olhar da Serpente (2002), entre outras.

Autor de algumas dezenas de espetáculos, quase sempre encenados e dirigidos por si próprio, Francisco

Nicholson foi também um dos autores da canção "Oração" com que António Calvário venceu o primeiro Grande

Prémio TV da Canção.

No cinema, assinou os guiões dos filmes Operação Dinamite (1967) e Bonança & C.ª 1969) de Pedro Martins.

A par da sua vasta carreira ligada ao teatro, à televisão, à música e ao cinema, Francisco Nicholson colaborou

também no suplemento A Mosca do Diário de Lisboa, onde se cruzou com Stau-Monteiro, em A Bola, Diário

Popular, Capital, Jornal de Notícias e Norte Desportivo.

Em 2014 escreveu o seu primeiro romance "Os mortos não dão autógrafos", que dedicou à mulher, a atriz e

bailarina Magda Cardoso.

Francisco Nicholson foi distinguido com a “medalha de ouro de mérito cultural” atribuída pela Câmara

Municipal de Lisboa e também foi galardoado pela autarquia de Oeiras.

Homem de inúmeros talentos mas também dotado de uma sensibilidade e dimensão humana notáveis,

Francisco Nicholson gostava de citar António Machado, poeta espanhol dizendo que "O caminho faz-se

caminhando".

Portugal está mais pobre com o desaparecimento de Francisco Nicholson, indiscutivelmente um grande vulto

da cultura Portuguesa.

A Assembleia da República presta um merecido tributo à sua memória e endereça à sua família um sentido

voto de pesar.

Assembleia da República, 13 de abril 2016.

Os Deputados: Luís Montenegro (PSD) — Sérgio Azevedo (PSD) — Pedro Pimpão (PSD) — Maria Manuela

Tender (PSD) — Susana Lamas (PSD) — Helga Correia (PSD) — José Carlos Barros (PSD) — João Pinho de

Almeida (CDS-PP) — Palmira Maciel (PS) — Maria Antónia de Almeida Santos (PS) — Isabel Alves Moreira

(PS) — Sara Madruga da Costa (PSD) — Firmino Pereira (PSD) — Carla Tavares (PS) — António Carlos

Páginas Relacionadas
Página 0003:
15 DE ABRIL DE 2016 3 Monteiro (CDS-PP) — Fernando Negrão (PSD) — Nilza de Sena (PS
Pág.Página 3