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II SÉRIE-B — NÚMERO 22

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Assim, a Assembleia da República repudia vivamente as agressões ocorridas na reunião do Órgão

Executivo do Município de Abrantes, no dia 22 de dezembro, com a convicção que as autarquias são o maior

símbolo de respeito e proximidade com os cidadãos.

Palácio de São Bento, 4 de janeiro de 2021.

Os Deputados do PS: António Gameiro — Maria da Luz Rosinha — José Luís Carneiro — Hugo Costa —

Luís Moreira Testa — Manuel dos Santos Afonso — Mara Coelho — Eurídice Pereira — Fernando Paulo

Ferreira — Vera Braz — Susana Amador — Norberto Patinho — Ana Passos — Alexandra Tavares de Moura

— Palmira Maciel — Francisco Rocha — Santinho Pacheco — Paulo Porto — Sílvia Torres — Cristina Mendes

da Silva — Clarisse Campos — Rita Borges Madeira — Lúcia Araújo Silva — João Miguel Nicolau — Marta

Freitas — Anabela Rodrigues — José Manuel Carpinteira — Telma Guerreiro — Maria Joaquina Matos —

Sofia Araújo — Filipe Pacheco — João Azevedo Castro — Olavo Câmara — Jorge Gomes.

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PROJETO DE VOTO N.º 437/XIV/2.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE JOÃO CUTILEIRO

Faleceu, no passado dia 5 de janeiro, aos 83 anos, João Cutileiro, nome maior da escultura portuguesa.

Nascido em Lisboa, a 26 de junho de 1937, João Pires Cutileiro cedo beneficiou do contacto com artistas e

intelectuais que frequentavam a casa dos seus Pais, como Abel Manta ou António Pedro, surrealista com

quem se iniciou no desenho, em 1946 – que, de resto, afirmava ser a origem de tudo.

Entre 1949 e 1951 frequenta o estúdio de Jorge Barradas, transitando, mais tarde, para o atelier de António

Duarte, de quem foi assistente, dando-se aí o primeiro contacto com a pedra, que não mais viria a abandonar.

Entre 1953 e 1954 frequenta a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, sendo aluno de Leopoldo de

Almeida, mestre de quem se pode afirmar ser um dos sucessores, quer na dimensão da obra, quer na tarefa

de formar gerações de novos artistas – que, com ele e através da escultura, ajudaram a revisitar a identidade

portuguesa.

Fugindo do academismo, ruma à Slade School of Fine Art, em Londres, por influência de Paula Rego, aí

desenvolvendo estudos com Reg Butler, entre 1955 e 1959. Nasce verdadeiramente o escultor, que cedo

percebe que as artes plásticas têm uma capacidade de subversão semelhante à da palavra, e, com ele, o

combatente pela Democracia – com passagens pelo Movimento de Unidade Democrática e pelo Partido

Comunista Português e a aproximação ao Partido Socialista.

O regresso a Portugal, em plena primavera marcelista, não é isento de polémica: em 1973, assina a

estátua de Dom Sebastião, em Lagos (cidade para onde foi residir) — alvo de violentas críticas, e que José-

Augusto França considera então uma das melhores estátuas de Portugal – e a mais moderna de todas,

quebrando a tradição heroica do academismo português e espelhando um rei frágil e quase criança. Na

mesma linha figurativa que o caracteriza, assina um vasto conjunto de estatuária pública, merecendo

destaque, pela rutura que constituíram, as obras instaladas no centro de Vila Real de Santo António (estátua

do Marquês de Pombal) — no Parque Eduardo VII, em Lisboa (Monumento ao 25 de Abril) — ou na

Assembleia da República, com o busto de Natália Correia, de 1999.

Com fortes ligações ao Alentejo, muda-se para Évora em 1985, aí expondo, na sua própria casa e de forma

permanente, a sua multifacetada obra (não só a escultura, mas também a fotografia e o desenho). Foi ao

Alentejo – à Direção Regional de Cultura do Alentejo, à Universidade de Évora e à Câmara Municipal de Évora

– que doou o seu espólio, composto por mais de 900 obras.

Representado em coleções públicas e privadas, em Portugal e no estrangeiro, João Cutileiro viria a ser

distinguido como Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 1983, e a receber a Medalha de Mérito

Cultural em 2018, pela excelência da sua obra.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu profundo pesar pelo falecimento

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