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II SÉRIE-B — NÚMERO 38

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PROJETO DE VOTO N.º 525/XIV/2.ª

DE PESAR PELA MORTE DE MARIA DA CONCEIÇÃO MOITA

(Texto inicial)

Faleceu no dia 30 de março Maria da Conceição Moita, destacada militante católica empenhada na luta pela

liberdade contra a ditadura, pela paz contra a guerra colonial e pela justiça contra as desigualdades.

Nascida em 1937, Maria da Conceição Moita foi uma das cidadãs que mais se destacou no campo católico

que, a partir dos anos 60 e sob o impulso renovador do Concílio Vaticano II, se afastou do, até então indiscutido,

apoio da Igreja à ditadura. Como ela própria afirmou, o horizonte por que se bateu, conjuntamente com católicos

como Nuno Teotónio Pereira, Francisco Cordovil, Luis Moita (seu irmão), os padres Alberto Neto ou Felicidade

Alves, entre muitos outros, era o de «uma Igreja mais aberta e mais atenta aos problemas do tempo, ao serviço

das pessoas e do mundo, não uma Igreja fechada e aliada do regime político». E acrescentou: «[f]omos

percebendo que não chegava que cada um mudasse o seu próprio estilo de vida para haver mudança e que era

fundamental uma implicação clara da parte dos cristãos na luta política».

Neste contexto de contestação ao salazarismo e à guerra colonial, através de inúmeras ações concretas em

que a intervenção política e a fundamentação evangélica se uniram, Maria da Conceição Moita veio a ser uma

das organizadoras das vigílias pela paz da Igreja de São Domingos (1969) e da Capela do Rato em 30 de

dezembro de 1972, uma das iniciativas mais emblemáticas levadas a cabo por católicos neste âmbito, tendo

sido ela que leu a declaração que convocava a vigília de 48 horas de oração pela paz, assumindo o compromisso

de dois dias de jejum completo, como protesto contra a situação de guerra que se vivia em Portugal, em

solidariedade com as suas vítimas e contra a ausência de uma condenação por parte da hierarquia católica.

Foi presa pela PIDE em 6 de dezembro de 1973, torturada, submetida a isolamento prolongado e ficou na

prisão de Caxias até à Revolução de Abril de 1974, sendo, na sua figura frágil, um dos rostos mais fortes da

libertação ocorrida em 26 de abril.

Já na democracia, marcou muitos momentos importantes de participação democrática e esteve presente na

criação e dinamização de movimentos como os «Cristãos em Reflexão Permanente» ou os «Cristãos pelo

Socialismo» como plataformas de consciencialização dos cristãos para a necessidade de se misturarem com

todos os cidadãos para a consolidação da liberdade e a luta contra a injustiça social.

Foi educadora de infância, professora do ensino secundário e da Escola Superior de Educação de Lisboa,

com trabalho destacado na educação de adultos, na animação comunitária e na formação de professores.

Trabalhou no movimento «O Ninho» de acolhimento de prostitutas. Até à sua morte, manteve sempre uma

atividade intensa em iniciativas cidadãs e em movimentos católicos diversos.

Morreu uma mulher de Abril. Uma mulher que, sobre a liberdade, escreveu que «não a queremos só mais

alguns anos». Ela, a liberdade, «veio para ficar e nós só temos de a defender sempre. É uma condição da

democracia que é o regime que permite viver em comum dignamente.»

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, exprime o seu profundo pesar pela morte da mulher

lutadora e fraterna que foi Maria da Conceição Moita e apresenta à sua família sentidas condolências.

Assembleia da República, 5 de abril de 2021.

(Texto substituído a pedido do autor)

Faleceu no dia 30 de março Maria da Conceição Moita, destacada militante católica empenhada na luta pela

liberdade contra a ditadura, pela paz contra a guerra colonial e pela justiça contra as desigualdades.

Nascida em 1937, Maria da Conceição Moita foi uma das cidadãs que mais se destacou no campo católico

que, a partir dos anos 60 e sob o impulso renovador do Concílio Vaticano II, se afastou do, até então indiscutido,

apoio da Igreja à ditadura. Como ela própria afirmou, o horizonte por que se bateu, conjuntamente com católicos

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