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2.2.1 Voo do Presidente da República

No dia 10 de fevereiro, Christine Ourmières-Widener recebeu um e-mail interno onde se pedia

a sua opinião sobre o que a TAP deveria fazer face a um pedido para a alteração de um voo, do

Sr. Presidente da República, de regresso de Maputo, de 24 de março para 23 de março.

Christine Ourmières-Widener reencaminhou o e-mail para Hugo Mendes, pedindo a sua opinião

e afirmando, que a sua reação espontânea seria o “não”.

Hugo Mendes responde: “Bom dia, eu sei que isto pode ser um incómodo para ti, mas não

podemos mesmo perder o apoio político do Presidente da República. Ele tem-nos apoiado em

relação à TAP, mas se o humor dele mudar, tudo se perde. Uma frase dele contra a TAP ou o

Governo e ele empurra o resto do País contra nós. Não estou a exagerar, ele é o nosso principal

aliado político, mas pode transformar-se no nosso pior pesadelo.”

Questionada sobre o conteúdo deste emailChristine Ourmières-Widener esclarece que foi

posteriormente verificar se o pedido tinha sido remetido diretamente da Presidência,

concluindo não ser esse o caso. O voo não foi alterado.

Vejamos o excerto das suas declarações: “Quando estava a ler isto, disse a mim própria: não

funciona. Precisamos de ter um plano de reestruturação, e precisamos de ter a certeza de que

estamos a trabalhar, a fazer o que está certo para a organização. Assim, com toda a gente ciente,

incluindo o MIH, verifiquei se era realmente um pedido vindo diretamente da Presidência ou se

era talvez alguém que o pedisse sem ter a certeza de que era algo vindo diretamente da

Presidência. E não me surpreendeu saber que, claro, este pedido não era um pedido vindo da

Presidência, mas talvez de alguém no processo que pensasse que seria uma boa ideia. Portanto,

este voo não foi alterado e sei que o Presidente encontrou outra solução e penso que no final

não fiquei surpreendida por o Presidente nunca nos pedir para alterar um voo como este que

estava a ter impacto. porque teria tido impacto em mais de 200 passageiros, pelo que também

é esse o impacto nas pessoas e assim, verificando e reverificando de onde vinha este caso. Na

verdade, não foi um pedido que devêssemos honrar. Portanto, fiquei muito feliz com o resultado

porque. e penso que, honestamente, vindo de Infraestruturas e Habitação foi também durante

toda a minha relação com eles, a prioridade foi gerir a TAP para garantir que as decisões se

baseassem em raciocínios empresariais. E neste exemplo, ao verificar e voltar a verificar, não

era um pedido vindo das pessoas no poder, como parecia.”

Hugo Mendes reconhece que a sua resposta traduz uma opinião infeliz: “Sr. Presidente, Sr.as e

Srs. Deputados, naturalmente penalizo-me pelo comentário que partilhei com a ex-CEO sobre o

Sr. Presidente da República. Embora quisesse tão só sinalizar, junto de alguém com quem tinha

uma relação profissional de confiança, o apoio que o Sr. Presidente da República deu à difícil

decisão do Governo de resgatar a TAP em 2020, reconheço que não devia ter emitido nem

partilhado aquela opinião, tanto no seu conteúdo como na sua forma. Mas sobre este tema,

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