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II SÉRIE-C — NÚMERO 65 __________________________________________________________________________________________________

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habitacionais. Quanto à distribuição geográfica dos jovens, convém dizer que estabelecemos quotas. Fizemo-lo de acordo com a experiência anterior, mas também porque a própria Direcção-Geral dos Recursos Florestais nos dá informação sobre necessidades de actuação.”

“Os participantes são constituídos por uma população estudantil, uma população desempregada mas também por uma população activa no mercado de trabalho. Percebemos que há uma aceitação muito positiva desta experiência de voluntariado que, obviamente, lhes é útil mais tarde, para a vida activa.”

Uma das questões centrais é o carácter do programa e o seu financiamento: “este é um programa de voluntariado, não é um programa de emprego! A bolsa de 12 euros destina-se a pagar as despesas de deslocação e uma refeição. As pessoas questionam, sendo um trabalho é voluntário, por que razão estão envolvidos tantos milhões de euros. É uma compensação. Não estamos perante um incremento de rendimento e os jovens que estão a receber subsídio de desemprego podem estar neste projecto. Porque é que eles não podem estar quatro meses? Porque tem a ver com regras do voluntariado. Nós queremos uma grande abrangência, uma grande participação e que este projecto desse oportunidade a muitos jovens.”

“A formação é feita localmente por equipas do IPJ conjuntamente com técnicos das florestas. Portanto, há uma parte de formação geral que é assumida por nós e, depois, há uma parte de formação específica que é assumida pelas florestas. Temos também a preocupação de fiscalizar a execução dos projectos para podermos fazer uma avaliação. Contamos, para isso, com a colaboração da Federação de Produtores Florestais de Portugal.”

5.5.7. Centrais de Biomassa Este é, de facto, um dos temas do momento que mais controvérsia gera, não quanto à necessidade de se

avançar com centrais de biomassa, mas pela estratégia definida, pela organização do mercado e pelo modelo de financiamento.

O Centro de Biomassa para a Energia (CBE), entidade com experiência e conhecimento nesta matéria, refere que “somos confrontados com uma existência anual de resíduos deixados no território que ultrapassa claramente os três milhões de toneladas/ano.” E, questiona, desde logo, “se a estratégia global do País é a de fortalecer os solos, então, é necessário gastar dinheiro de forma bastante intensa, fazendo com que esses resíduos florestais resultantes da exploração florestal, de alguma maneira sejam destroçados e integrados no terreno. Se assim for, haverá um enriquecimento a prazo, porque de imediato o que vai haver é uma diminuição de produtividade florestal pela mobilização do azoto.” Por outro lado, defendem a sua tese dizendo que “a incidência dos incêndios florestais acabarão por passar em cima de povoamentos, sejam eles florestais ou de matos, e por destruir esse material em vez de o valorizarem.”

Para a COTEC/AFOCELCA “as centrais de biomassa na medida em que recolham este tipo de materiais de pequenas limpezas ou desbastes em áreas, nomeadamente de pinhal, que não têm outras utilizações, são, com certeza, e desde que todo o sistema seja racional, uma ajuda. Não são a solução - insisto -, mas são uma ajuda que, do nosso ponto de vista, pode funcionar.”

Os professores Santos Pereira e Cardoso Pereira encaram esta questão com cepticismo e defendem “outro ponto de vista, lá está, é regressar à questão de que os matos não são lixo, muitos desses matos são de espécies fixadoras de azoto que enriquecem o solo e, portanto, remover essa biomassa pode ter consequências do ponto de vista de perdas de produtividade e de desprotecção dos solos.”

O Professor Hermínio Botelho diz que “seria muito negativo que tentássemos tirar rentabilidade a partir dos matos, pois iríamos criar problemas muito graves, ao nível da erosão, dado que seriam necessárias grandes quantidades de biomassa.” E introduz uma ideia à discussão essencial para a definição de uma estratégia, que tem a ver com a avaliação de impactos, não apenas no curto prazo, mas no futuro e deixa-nos “a preocupação com este projecto, não neste momento, pois, agora, parece-me que vai ser muito, muito útil mas, dentro de alguns anos, se não encontrarmos outras soluções, talvez venhamos a ter problemas ecológicos complicados para gerir a rentabilidade destas centrais de biomassa.” Acredita mesmo que “haverá no futuro incompatibilidade com a floresta em si mesma, porque já há quem avente a hipótese de plantar para vir alimentar centrais no futuro, nomeadamente o eucalipto, que é uma espécie de mais rápido crescimento e que pode produzir lenha e biomassa suficiente em pouco tempo.”

A Liga para a Protecção da Natureza reconhece aí um risco enorme dizendo que “a possibilidade de os pequenos proprietários começarem a fazer talharia de eucalipto, em rotações ainda mais curtas que aquelas que fazem, para produzirem biomassa para essas centrais sério o «fim da picada»! Se o eucalipto, como é produzido actualmente, já traz problemas gravíssimos o que é que não será quando começarem a fazer rotações de três e quatro anos, cortar aquilo tudo e a mandar para as centrais?... Enfim, temos algumas reservas a esse respeito.”

A QUERCUS afirma que “a questão mais delicada é a do transporte do material para a central que só tem viabilidade se as distâncias não forem muito longas, porque, senão, o custo de combustível torna-se inviável economicamente. É preciso também ter atenção com a exportação dos nutrientes, ou seja, se se remove sistematicamente todos os restos florestais e matos, diminui o fundo de fertilidade.”