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II SÉRIE-E — NÚMERO 19

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população.

Este bom resultado não pode mascarar a necessidade que há de se promover uma reflexão mais profunda

acerca da oportunidade, a necessidade e o modo de realizar a evacuação das localidades.

Tivemos conhecimento de que a decisão de evacuar a localidade de Alferce teve de ser revertida, por

considerar que a população estaria em relativa segurança no lugar, devido aos trabalhos de prevenção

realizados, além de que se concluiu que o caminho de fuga previsto não era adequado. O mesmo sucedeu em

Marmelete também esteve prevista uma evacuação, que se deveria realizar na madrugada, mas que acabou

por não se concretizar.

Na evacuação de lugares, por parte da GNR, nem sempre foi possível assegurar um acompanhamento

adequado dos percursos de evacuação, como nos foi relatado por um residente numa propriedade na área da

Foia. No dia 6 de agosto, pelas 14h a GNR chegou à propriedade indicando que tinham de sair e ir para

Monchique ou Portimão. No caminho encontrou militares da GNR na estrada para Monchique, mas

prosseguiram em direção a Portimão. Em Nave a GNR deu-lhe indicação para se dirigirem para Marmelete,

mas a partir dali não encontraram mais militares na estrada. Por saberem que em Casais havia uma estrada

para Portimão, dirigiram-se por essa estrada para Ferragudo. Deste relato se pode concluir que se se tratasse

de pessoas que não conhecessem bem a área, poderiam não saber para onde ir e voltar para uma zona de

incêndio.

Um outro aspeto menos conhecido podendo parecer um assunto de menor importância, é o do apoio à

proteção dos animais domésticos, quer de companhia quer de exploração. Este aspeto constitui uma

preocupação importante para muitos cidadãos, quer por razoes pessoais ou afetivas quer por razoes

económicas. Deve certamente constituir uma preocupação da sociedade e em especial das autoridades, tanto

na fase de prevenção, como na de intervenção e na de recuperação. São conhecidos vários exemplos de

situações em que os cidadãos ariscam a sua vida e chegam mesmo a perdê-la a fim de tentar salvar uns

animais de estimação ou um conjunto de cabras, ovelhas ou outros animais, alguns dos quais foram relatados

em Viegas et al. (2019).

Verifica-se por outro lado existir na sociedade uma preocupação crescente com o bem-estar dos animais,

constituindo-se por vezes grupos organizados que estão empenhados a concretizar esse empenho. No

incêndio de Monchique obtivemos o relato de um cidadão que documentou a iniciativa de um grupo de

cidadãos que se mobilizou, a partir da manhã do dia 6, a partir de Portimão para se colocarem no terreno para

“salvar das chamas todos os animais que lhes fosse possível salvar” e, em articulação com o Posto de

Comando e com os Serviços Municipais de Proteção, atuaram, a partir do dia 7, na localidade de Alferce.

Apesar de os voluntários disporem de pouca preparação e equipamento fizeram um bom trabalho no socorro

de animais, tendo estabelecido um hospital de campanha para animais e mobilizado quatro equipas de

voluntários – num total de 55 pessoas - para, durante o dia, efetuarem deslocações no terreno em busca de

animais feridos, perdidos ou até mesmo cadáver. O apoio prestado foi bem acolhido pela população tendo sido

comentado que nalguns lugares “teria chegado primeiro o socorro para animais do que para as pessoas”.

Este aspeto de proteção de animais é porventura uma componente da emergência social que nem sempre

se encontra devidamente acautelada, pelo que a experiencia adquirida na iniciativa relatada poderia ser

proveitosa.

3.8 A organização, o planeamento operacional e a estratégia

3.8.1 Os briefings operacionais

Um incêndio florestal pode tornar-se caótico e muito complexo, principalmente se toma dimensões

crescentes, cuja dinâmica se reforçará dependendo da extensão do perímetro e das frentes ativas, assim

como dos diversos fatores que influenciam o comportamento do fogo. Dada a complexidade dos grandes

incêndios florestais importa compreendê-la e desenvolver um plano adequado e comunicá-lo para que possa

ser operacionalizado.

Um dos fatores-chave para comunicar e dirigir um Plano Estratégico de Ação para a extinção de um

incêndio florestal é o Briefing Operacional. Os Briefings Operacionais são necessários e essenciais nos

grandes teatros de operações quando se prevê um incremento da complexidade da extinção, alterações no