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II SÉRIE-E — NÚMERO 19

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às manobras de controlo. Desta forma, os comandantes de sector e chefias são obrigados a abandonar os

seus postos operacionais nos períodos em que deveriam estar concentrados nas suas diferentes missões,

quer de controlo perimetral, quer na execução de operações musculadas de rescaldo, quer no controlo e

validação das operações, no cumprimento da chamada “etiqueta horária”.

3.8.2 O apoio à decisão

Nas condições de combustível do concelho de Monchique e da meteorologia o apoio à decisão de pré-

posicionamento dos meios de prevenção e combate é essencial e foi já tratado em capítulo anterior.

Após o início da ocorrência, e sendo previsível um comportamento do incêndio de grande intensidade e

rapidez como o que veio a ocorrer em Monchique e Silves, as decisões de combate são complexas, obrigando

a uma adequada antecipação do comportamento previsível do incêndio.

Neste sentido, e por ter sido considerada a importância de melhorar o sistema de apoio à decisão

operacional utilizando as ferramentas entretanto disponíveis, a ANPC criou no quadro do Comando Nacional

de Operações de Socorro (CNOS) uma célula ou Núcleo de Apoio à Decisão - Análise de Incêndios Rurais

(NAD-AIR), apoiando o CNOS, que esteve já operacional na altura do incêndio de Monchique.

Esta estrutura interna da ANPC é responsável pelo processo de criação de uma nova ferramenta, uma

plataforma transversal ao MAI para integração da informação geográfica proveniente de diversas outras

instituições, como o ICNF e o IPMA, que pudesse servir de suporte à decisão operacional, ultrapassando as

limitações do sistema vigente de apoio à decisão (SADO). Este processo, iniciado em 2017, conduziu à

criação da plataforma que, em junho de 2018, entra em fase experimental.

Entre 1 e 12 de agosto o NAD-AIR produziu diariamente uma análise estratégica operacional de âmbito

nacional de muita utilidade potencial com a previsão da meteorologia, incluindo a situação sinótica, a

temperatura do regime de ventos a diversas horas, a estabilidade atmosférica e os índices associados à

condição dos combustíveis. De acordo com as previsões fazem-se também nesta análise considerações sobre

o potencial comportamento de incêndio que ocorra nesse período.

Durante o período em análise, o NAD-AIR incluiu também na sua análise estratégica, nos dias 3, 6, 9 e 12

de agosto, análises de âmbito regional, com indicações meteorológicas de três estações por zona e potencial

de ignição e de comportamento do incêndio, em particular a sua tipologia provável. A organização das zonas

de análise correspondentes a agrupamentos de distritos parece muito adequada com cinco agrupamentos:

Norte (Braga, Bragança, Viana do Castelo, Vila Real e Porto), Centro Norte (Aveiro, Coimbra, Guarda e Viseu),

Centro Sul (Castelo Branco, Leiria, Portalegre e Santarém), Sul (Beja, Évora, Lisboa e Setúbal), e Algarve

(Faro).

O incêndio de Monchique, iniciado a 3 de agosto, foi o primeiro teste ao funcionamento da plataforma e da

sua utilidade no apoio à decisão operacional importando, por isso, retirar desta ocorrência as correspondentes

lições no sentido da progressiva melhoria do sistema.

No âmbito específico do incêndio de Monchique a informação produzida pelo NAD-AIR era do

conhecimento permanente da Força Especial de Bombeiros (FEB) que, às 16:00 horas do dia 3 de agosto,

produz uma primeira informação com a indicação do comportamento previsível do incêndio, as prioridades de

intervenção e as recomendações de segurança. A partir dessa altura o NAD-AIR foi produzindo informações

operacionais (INFOP) no dia 4 (às 2:40 e às 17:40), no dia 5 (16:50 e 17:30), no dia 6 (20:30), no dia 8 (1:00,

10:00 e 16:10), e dia 9 (0:00, 9:00 e 14:15). Durante o dia 7 de agosto o NAD-AIR não produziu documentação

por essa tarefa ter estado a ser realizada por elementos das equipas de análise e uso do fogo (EAUF) da FEB

junto do posto de comando (PCO).

A informação sobre a evolução do incêndio chegava entretanto ao NAD-AIR através das imagens

Copernicus do European Forest Fire Information System (EFFIS) e, mais especificamente, pelas informações

e imagens dos revis aéreos efetuados com a presença das equipas EAUF. Também a informação sobre a

movimentação dos meios era obtida através do SIRESP-GL. Finalmente a análise do comportamento

previsível do incêndio e a estratégia a adotar tinham a colaboração de técnicos do ICNF e da AGIF, que

incluíram a utilização de simulações do comportamento previsível do incêndio.

A análise dos fluxos de informação necessários à decisão e a sua utilização operacional são descritos na

Figura 26.