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4. Síntese e conclusão

Os resultados das políticas e práticas de gestão do fogo dependem do contributo relativo do

clima-meteorologia, ignições e vegetação (combustível) para o regime de fogo, sabendo à

partida que a influência humana está limitada ao segundo e ao terceiro aspetos. Os últimos 20

anos caracterizaram-se por um decréscimo continuado do n.º de ignições e enorme variação

da área ardida anual em Portugal, muito dependente da variabilidade interanual das condições

meteorológicas. Com efeito, e à semelhança de outras regiões do mundo, a variabilidade

interanual da área ardida aumentou progressivamente ao longo do período 1984-2018 como

resultado do efeito combinado entre alterações climáticas, aumento da continuidade do espaço

florestal e aposta continuada na resposta à ocorrência de fogo em detrimento da sua mitigação

por intervenção no território (Fernandes et al. 2020). A pressão seletiva (ou feedback positivo)

que daí resulta desloca a distribuição do comportamento do fogo e da dimensão dos fogos

para o extremo da sua severidade, deslocação essa que é potenciada pela combinação entre

paisagens crescentemente vulneráveis e condições meteorológicas cada vez mais favoráveis

a grandes incêndios.

Menos de um por cento das ignições causa cerca de 80% da área ardida total em Portugal,

uma desigualdade que é comum a qualquer região do mundo onde opere um sistema de pré-

supressão e supressão do fogo. Verificámos que:

• A distribuição da superfície queimada por classe de dimensão das ocorrências de fogo

rural se manteve sem alteração de 2008-2017 para 2018-2020.

• Contudo, foi notória a maior robustez do SDFC no período mais recente, uma vez que

o reforço da prontidão e resposta ao fogo se materializou no aumento do índice de perigo

meteorológico de incêndio a partir do qual é expectável a ocorrência de fogos ≥1 e ≥100

ha.

A fim de comparar o mais objetivamente possível os resultados alcançados em 2018-2020

face aos 10 anos anteriores modelou-se a variação de 14 indicadores de piroatividade com os

dados de 2008-2017. Da aplicação dos modelos ao segundo período resultou a quantificação

relativa (%) do desempenho à escala anual e para os dois períodos. Os resultados mostram

que:

• O investimento contínuo no DECIF durante 2008-2017, mesmo com a progressiva

redução do n.º de ignições, não diminuiu a probabilidade de fogos ≥1 ha, nem evitou as

tendências de aumento da dimensão dos fogos, da probabilidade de grandes incêndios

e da probabilidade de reacendimentos ao longo desse período;

• As tendências de crescimento observadas durante 2008-2017 foram parcialmente

anuladas em 2018-2020, ainda que com resultados menos conseguidos no verão, nos

dias com maior perigo meteorológico e no sul do país;

II SÉRIE-E — NÚMERO 11______________________________________________________________________________________________________

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