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O Orador: — Obrigado a v. ex.ª Mas creiu que não fui dos mais grosseiros no officio, e algumas vezes...

O sr. Correia Caldeira: — Ennegreceu.

O Orador: — Não ennegreci, concisei, permitta-me o verbo... Desde que se sabe que a auctoridade competente tem tomado conta do negocio em virtude do seu officio, parece-me que nos devemos abster de todas as considerações que possam excitar a paixão ou contra accusados, ou mesmo contra os julgadores. (Apoiados.)

O commandante militar e um homem que tem dado provas de rigor disciplinar, e é digno dos maiores elogios. (O sr. Presidente do Conselho: — Apoiado.)Ê provavel que n'uma occasião d'estas não desminta o seu | assado e o conceito que todos formam d'elle, e que por consequencia não vá deixar impune os auctores dos crimes.

A respeito da fuga ou emigração para o reino vizinho, peço ao illustre deputado que não considere isso como exacto; póde ser que alguem se fosse embora, tenho visto fugir muita gente, sem mesmo saber de que fogem; mas das participações officiaes e particulares que o governo tem recebido, ve-se que nem viva alma fugiu para o reino vizinho.

Não me parece conveniente exagerar um acontecimento que póde não ler lido logar do modo como foi aqui referido; e sobretudo não me parece proprio pretender desvirtuar, por meios irónicos, o commandante da terceira e quarta divisão militar, que é um homem respeitavel, que tem dado provas de rigor de disciplina, e que honra muito o exercito portuguez. (Apoiados.)

Não ha de ser necessario dar um posto de accesso para o general Ferreira fazer o seu dever. (Apoiados.) E realmente... eu sinto não ler achado graça á ironia do illustre deputado. (Riso.)

A verdade é que nem o exercito é impeccavel, nem nós somos impeccaveis; a verdade é que o exercito tem prestado á segurança publica e individual, á sociedade, á ordem e á liberdade serviços importantissimos. (Apoiados.) E não vale a pena vir aqui mencionar os factos a que se alludiu, tanto mais quando não ha a impunidade de todos elles.

O facto de Valença está entregue á auctoridade competente para ser julgado, e parece-me que nos devemos abster de fazer considerações que possam aggravar a situação dos réus, e influir no animo dos juizes: deixemos que se lhes dê o castigo que merecerei! os réus, deixando as consciencias desassombradas e os espiritos livres.

O sr. Presidente: — A hora de se entrar na ordem do dia já está muito adiantado, portanto vae passar-se á ordem do dia. (O sr. Correia Caldeira: — Peço a palavra sobre a ordem.) Continua com a palavra sobre a materia o sr. Casal Ribeiro. (Votes da direita: — Não póde ser.)

O sr. Correia Caldeira: — Eu linha pedido a palavra sobre a ordem, para que v. ex.ª consultasse a camara sobre se queria que este incidente continuasse...

O sr. Presidente: — Mas eu e que lhe não posso dar a palavra sobre a ordem, senão depois de fallar sobre a materia da ordem do dia o sr. Casal Ribeiro, a quem já concedi a palavra.

O sr. Correia Caldeira: — Antes de v. ex.ª lhe dar a palavra pedi-a eu sobre a ordem.

O sr. Presidente: — O regimento não permitte que séde a palavra sobre a ordem, quando um orador está fallando. (Apoiados.)

O sr. Correia Caldeira: — O sr. Casal Ribeiro não está fallando ainda.

O sr. Presidente: — O sr. Casal Ribeiro já está de pé para continuar o seu discurso começado na anterior sessão, e eu não posso cortar a palavra ao illustre deputado, depois que declarei que se passava á ordem do dia, e lhe dei a palavra sobre a ordem do dia. (Apoiados.)

O sr. Correia Caldeira: —.Mas consulte V. ex.ª a camara, e ella decidirá por uma votação o que se deve fazer. (Vozes: — Não ha que consultar, já se está na ordem do dia.)

O sr. Presidente: — Para acabar com a questão, eu vou consultar a camara se quer que se sobreesteja na ordem do dia até terminar o incidente a respeito dos acontecimentos de Valença.

Resolveu-se que se não continuasse neste incidente.

O sr. Correia Caldeira: — Ainda peço a palavra sobre a ordem, porque eu não posso ficar debaixo da impressão das palavras do sr. ministro do reino; e esta camara não quererá que um membro d'ella fique debaixo da impressão de que fez uma offensa ao general Ferreira, quando tal offensa não fez. Eu espero que a camara permittirá que dê uma pequena explicação a este respeito; portanto peço a v. ex.ª que consulte a camara se permitte que eu, sobre a ordem, faça uma declararão que preciso fazer.

A camara resolveu que se désse a palavra ao sr. Correia Caldeira.

O sr. Correia Caldeira: — Sr. presidente; direi duas palavras sobre a ordem para destruir a impressão das palavras do sr. ministro do reino.

O discurso de s. ex.ª tem duas partes, uma jocoseria, e outra séria; deixarei de parte a primeira, e responderei á segunda.

Eu entendia que o sr. ministro do reino devia, na sua qualidade de ministro, rectificar os actos que eu linha exposto á camara, quando visse inexactidão n'essa exposição, e declarar por parte do governo o que havia feito a esse respeito; mas s. ex.ª entendeu, ou pareceu-lhe melhor e mais conveniente vir dizer, que eu linha feito uma offensa ao general Ferreira, quando eu declaro francamente que, quando estava fallando, não linha na imaginação o nome do general. Ferreira. Eu respondi ao riso com que o sr. ministro, os seus collegas e amigos receberam a participação do general Ferreira, ria parte que dizia respeito ás interpellações; o nas observações que fiz, que não houve ironia, não estava na minha mente o nome do general Ferreira, logo não podia ler feito offensa alguma a este general, não só por este motivo, mas mesmo pelo respeito, consideração e estima que elle merece, e eu lhe devo.

Direi tambem ao sr. ministro do reino, que a imprensa não exagerou os factos, porque as participações officiaes referem factos mais aggravantes. Eu tambem não exagerei o que vinha no jornal a que me referi, dei conta á camara, lendo o jornal, dos factos que se tinham passado em Valença, e não disse que elles fossem verdadeiros, nem affirmei, nem neguei os fados. Mas ao sr. ministro tudo serve para o seu modo de argumentar. Se os fados fossem descriptos no jornal de Valença, fallando nos acontecimentos com mais minuciosidade, s. ex.ª tirava logo d'ahi illação para dizer que os fados não podiam ser como se contava; ma, como o jornal não deu mais conta do que se tinha passados diz s. ex.ª —esse silencio é para dar ao acontecimento proporções que elle não tem!...

A camara viu o modo como eu tratei esta questão; ouviu as minhas observações, e comtudo apesar de não haver da minha parte uma só phrase desagradavel ao exercito, disse-se que eu linha insultado o exercito portuguez! Eu, filho de militar, irmão de militar, e conhecedor de qual é na sociedade civil a missão do exercito, não podia praticar tal. Não offendi, não insultei, não podia entender nem insultar o exercito portuguez; não podia por modo algum injuriar, nem offender uma instituição, sem a qu.il a sociedade civil não póde passar. O exercito é um elemento todo de obediencia ás leis, uma acção poderosa do governo, e nunca um elemento de desordem, e por isso é preciso que não falle áquillo que d'aquella corporação se exige — amoras leis, respeito aos superiores como exige a disciplina e o dever, — e que aquelles que desconhecerem estes deveres, sejam severamente punidos, para que o exemplo da impunidade para esses, não continue a levar os outros a commetter novos crimes. (Apoiados.)

Quem falla assim estima o exercito, e não lhe faz uma injuria, como se disse, que eu não era capaz de fazer, (Apoiados.) assim é que eu desejo que sejam entendidas as minhas palavras. O que eu sinto é que o sr. ministro do reino, que declara que nunca está prevenido contra ninguem, esteja