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2 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

licença tenham a bondade de levantar-se.

(Pausa).

Está concedida a licença pedida pelo Sr. Poças Falcão.

Vou agora dar conta á Camara de um tristissimo acontecimento, qual é o da morte do Sr. Dr. Affonso Pena, illustre Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil.

Oriundo de familia portuguesa, que ainda hoje tem solar e residencia na freguesia de S. Salvador de Ribeira de Pena, provincia de Trás-os-Montes, onde habitam alguns parentes, o saudoso finado, alem de ser um desvelado amigo do seu país? ao qual prestou muitos e desinteressados serviços, era tambem um sincero amigo de Portugal. (Apoiados).

Ainda é cedo para a historia traçar a critica dos actos do Dr. Affonso Pena, mas pode já dizer-se que era um caracter impolluto, um crente, um amigo da sua patria, um espirito esclarecido e liberal, um chefe de familia modelar, um homem illustrado e um cidadão benemerito. (Apoiados).

Assim foi em vida; e assim o significou á hora da sua morte, tendo sido as suas ultimas palavras: Deus - Patria- Liberdade - Familia.

Apenas constou a morte do Sr. Dr. Affonso Pena, a mesa d'esta Camara procurou o Sr. Ministro do Brasil, para, em nome d'ella, lhe apresentar os sentimentos, o que S. Exa. logo agradeceu.

Nesta occasião, parece-me que a Camara quererá que na acta se mencione o pesar d'ella pela perda d'aquelle insigne cidadão, fazendo-se as participações do costume em casos d'esta natureza. (Apoiados geraes}.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros (Roma du Bocage): - Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar, em nome do Governo, á proposta que V. Exa. acaba de fazer, como Presidente d'esta casa do Parlamento.

É claro que o Governo de Sua Majestade não pode deixar de se associar de todo o coração ás palavras pronunciadas por V. Exa., relativamente á morte do illustre Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil.

O Sr. Dr. Affonso Pena merecia a nossa mais sincera sympathia e affecto, porque era chefe de uma nação que é, para nós, portugueses, como a nossa segunda patria.

O Brasil e Portugal estão unidos pela historia, pela tradição e pela lingua, não sendo possivel que uma distas nações seja ferida ou sinta uma dor sem que a outra vibre dolorosamente pela repercussão do mesmo sentimento.

As dores e as desgraças do Brasil são nossas, como as nossas desgraças e as nossas dores são do Brasil.

Ainda ha pouco, quando fomos tão dolorosamente feridos pelos terremotos que arrasaram Benavente, Samora Correia e outros localidades, a nação brasileira associou se á nossa dor, contribuindo ali generosissimamente para minorar tão grande desgraça, para socccrrer os sobreviventes do cataclysmo.

A memoria do Dr. Affonso Pena ha de ser sempre respeitada e querida para o Brasil, como para Portugal, porque, se muitos serviços prestou á sua patria, não deixou de amar sempre a patria dos seus maiores.

O nosso Ministro no Brasil, por occasião dos funeraes do Dr. Affonso Pena, recebeu ordena para nelles se apresentar como embaixador e em nome da Familia Real, do Governo e do país manifestar que foi sentido em Portugal o golpe que feriu o Brasil. (Vozes: - Muito bem).

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Francisco Beirão: - Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar, em nome do partido progressista, ás palavras de sentida homenagem que V. Exa. proferiu, e que foram acompanhadas pelo Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, relativamente á grande perda que o Brasil soffreu com o fallecimento do Presidente da Republica, Dr. Affooso Pena.

Não sendo demais tudo quanto se. faça para nos associarmos á dor soffrida pelo Brasil pela perda de varão tão prestante, peco licença para, á proposta do Sr. Presidente, fazer um additamento, no sentido de. como é praxe, levantar se a sessão em manifestação de pesar.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Julio de Vilhena: - Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar á commemoração que V. Exa. acaba de fazer pela morte do Sr. Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil.

É costume nesta Camara, sempre que morre um Chefe de Estado de nação amiga, lançar-se na acta um voto de sentimento. Na occasião presente esse costume é ainda justificado pela circunstancia de o estadista que falleceu representar uma nação que é nossa amiga desde antigos tempos, e lermos com ella verdadeiras relações de familia; termos ali uma colonia importante que conserva as tradições da nação portuguesa e o estadista que falleceu ser para nós como português.

(S. Exa. não reviu}.

O Sr. Campos Henriques: - Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar ao voto de sentimento que V. Exa. acaba de propor.

Realmente, o illustre extincto, pela alta magistratura que tão dignamente exercera numa nação nossa amiga e irmã, pela sua intelligencia e caracter, até mesmo pelas manifestações de sympathia e apreço que tantas vezes dispensou a Portugal, é digno da homenagem da Camara.

(S. Exa. não veviu).

O Sr. Marquez de Pombal: - Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar inteiramente ao voto de sentimento proposto por V. Exa., pelo fallecimento do Dr. Affonso Pena, como presidente, que foi, da Republica do Brasil e á proposta que a esse voto foi additada pelo Digno Par Veiga Beirão e que certamente serão approvadas por V. Exa. e pela Camara.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Conde de Arnoso: - Sr. Presidente: cada vez mais isolado e mais só, pedi a palavra para. singelamente, e com o mais profundo respeito, me associar á homenagem prestada por esta Camara ao mallogrado Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, que morreu pronunciando palavras que por igual honram a sua memoria, a sua familia e a grande nação que teve a honra de representar.

E que V. Exa. me permitta, Sr. Presidente, visto os Governos que se teem succedido nesta terra seguirem normas differentes para a sua apresentação, pedir a qualquer dos Srs. Ministros que vejo presentes que me faça a honra de prevenir o Sr. Presidente do Conselho de que desejo, tão depressa quando seja possivel, que S. Exa. venha a esta Camara para eu fazer algumas considerações sobre a politica geral.

Por essa occasião terei a honra de pedir a palavra a V. Exa.

(S. Exa. não reviu}.

O Sr. José de Alpoim: - Em frases de uma commovente simplicidade referiu-se o Sr. Presidente da Camara á morte do Presidente da Republica do Brasil, e manifestou as suas sympathias pela grande nação americana.

Prestou o Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, em frases de uma sóbria eloquencia, o tributo de respeito e saudade á memoria do grande brasileiro, filho de portugueses, que presidiu aos destinos do Brasil - que o Sr. Bocage saudou pela sua historia, pela sua lingua, pelo conjunto de circunstancias que o tornam como uma patria irmã da nossa.

Eu, Sr. Presidente, associo-me a essas manifestações de amor por essa terra abençoada, que, apesar de tão longe da