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Diário da Câmara dos Deputados

O Porto foi carregar em Hamburgo a carga que outro não carregou: 10:000 barricas de cimento, dando em resultado que só- em estádio no Rio esteve sete dias.

O Trás-os-àfontes foi carregar 20:000 barricas; o que deve corresponder a 14 dias de estádio.

Eis a razão por que a comissão defende, e defende com calor, a organização do " grupo de serviço respeitante às carreiras do norte do Brasil.

Essas carreiras, desde que sejam feitas com orientação, desde que se acabem as faltas graves da administração de muitos anos dos Transportes Marítimos do Estado, são carreiras de lucros seguros.

Ainda uma nota interessante também, para informação da Câmara: uma poderosa companhia inglesa que faz carreiras para o Brasil começou as suas carreiras em barcos de 2:500 toneladas, apenas.-

Já o meu ilustre colega, Sr. Velhinho Correia, relator da contra-proposta da comissão de comércio e indústria, teve ocasião de demonstrar à Câmara que, fundamentalmente, o contra-projecto da comissão . não difere senão na redacção de dois artigos.

Um artigo, é o 10.°

A comissão, tendo sempre em vista a defesa dos interesses nacionais, tinha fundados receios e verdadeiras apreensões acerca dos desígnios alemães, manifestados por diversas formas, e que salientei já nas considerações que tive ocasião de fazer na última sessão, desígnios orientados e dirigidos pelas colónias alemãs que podiam fazer-se sentir, até certo ponto, na nossa importante frota do Estado, que, ao contrário do que muitos afirmam, não é uma cousa de pequena valia, representa muito e muito para a nossa economia.

Eu tive ocasião de mostrar os receios que a comissão tinha de ver que por qualquer processo, em virtude da campanha encetada, desvirtuando a opinião pública, a frota pudesse desaparecer da economia da nação.

Nós sabíamos, de mais a mais tínhamos o exemplo bem vívido, o que sucedeu em Janeiro deste ano, com a frota holandesa, na aquisição de quatro /grandes transatlânticos.

Era conveniente, era necessário à Ale- ' manha que essa transacção se fizesse sem

se dar a nota directa da passagem para a Alemanha e p .rã it»so arranjou-se um testa- de ferro, um agente nos Estados Unidos, que era ao mesmo tempo Q agente da Holanda; foi ôsse que apareceu na transacção, e no emtauto esse agente deve ser, e é, o agente dos paquetes que oram holandeses.

Tem aparecido, como justificação da nossa falta de barcos, que a Inglaterra também alienou os seus navios, assim como a França, mas aqueles que assim afirmam, esquecem-se naturalmente que tanto a Inglaterra, como a França, possuem uma poderosa marinha mercante, de muitos milhões de toneladas, e que Portugal figura no comércio mercante, apenas com uma tonelagem mínima e insign ficante.

Portugal "não está nas mesmas condições da França .-e Inglaterra, tem que defender com o maior cuidado e decisão essa herança que recebeu da guerra.

Portugal necessita nacionali/ar o seu comércio colonial, Portugal necessita estabelecer, vincular as relações comerciais com o Brasil, estreitar as relações entre as duas nações.

Por todas estas razões encontramo-nos em situação diferente daquela, Pm que se encontra a França e a Inglaterra.

Os cuidados, pois,' da comissão foram muito principalmente dirigidos para o tacto bem palpável e evidente de, em virtude de qualquer surpresa, poder viro pais a ser desapossado da sua frota mercante e foi por isso que encontrando na proposta ministerial o artigo 10.° viu que não houve os cuidados do redacção, necessários para fazer livrar o país dum desastre certo e iminente.

Pela redacção do artigo 10.°, verificámos que a frota podia ser desnacionalizada na sua totalidade, podia ser posta ao serviço da Alemanha, ou doutro qualquer país, e não ao serviço dos interesses nacionais ; foi isso que levou a comissão a adoptar uma das duas hipóteses: ou a constituição duma grande companhia, em que o Governo seja accionista, com metade do capital, ou a constituição de três companhias nas mesmas condições.

Para a hipótese do insucesso pela primeira forma, resta apelar para a segunda forma.