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3362 DIÁRIO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA N.º 100

rizadas para intervenções contra os trabalhadores para consagrar abusos, ilegalidades e prepotências.
Não é certamente inspirada nos ideias de 25 de Abril e na Constituição uma política que, em vez de procurar no campo democrático e nos trabalhadores as energias e vontades para sair da crise, se volta antes, no plano político e social, para os que estão interessados em agravar a crise, em conduzir o País ao desastre e a democratização portuguesa à derrota.
Uma tal política, longe de constituir a base para a resolução dos problemas nacionais, é um perigoso factor do seu agravamento e um indesejável factor de instabilidade política, económica e social.
O País tem diante de si graves dificuldades e sérios problemas. A situação económica e financeira e as ameaças da reacção devem constituir o principal motivo de preocupação dos portugueses e estar no centro das atenções e esforços das forças democráticas.
Mas o caminho para sair das dificuldades só pode ser encontrado no quadro do respeito da Constituição, com base na garantia da defesa das conquistas da Revolução, com o activo apoio e contributo criador dos trabalhadores, com um grande esforço nacional, com o diálogo, o entendimento e a cooperação entre as forças democráticas, designadamente, entre comunistas e socialistas.

Risos do PS e PSD.

O caminho para sair da crise, por forma estável e duradoura, exige uma solução política de alternativa que deverá ter a participação de todos os que se identificam sem reservas com a Constituição e intervenham na elaboração de uma indispensável plataforma.
O Partido Comunista Português julga que a melhor forma de assinalar o 25 de Abril, de ser fiel à corajosa luta do nosso povo, é declarar solenemente nesta sessão que, pela sua parte, não poupará nem esforços nem energias para contribuir responsavelmente para a procura urgente das soluções nacionais que a gravidade da situação exige e os interesses dos trabalhadores e do País reclamam. O PCP declara-se, uma vez mais, pronto a examinar atentamente com outras forças democráticas e os órgãos de Soberania todos os problemas cruciais- da vida portuguesa com vista a alcançar uma solução patriótica que permita sair da crise.
Apesar dos perigos, das dificuldades e de legítimas inquietações, o PCP encara o futuro com confiança e está seguro que todos os portugueses amantes da liberdade e da Pátria encontrarão nas próprias comemorações s do 25 de Abril fortes razões para encararem também o futuro com confiança.
Estamos igualmente, confiantes de que o justo relevo dado às iniciativas dedicadas neste dia às crianças constitua um passo para que a sua personalidade venha a formar-se no amor da liberdade, da verdade e da justiça, e uma garantia de que, no futuro, também elas saberão defender o 25 de Abril e honrar os sacrifícios heróicos que, com os olhos nelas, fizeram gerações de portugueses que não chegaram a ver a luz da liberdade.
Com unidade e trabalho há motivos para ter esperança e confiança.
Hoje, nas cidades, nas vilas e, nos campos do Portugal liberto, o povo português, as forças democráticas, as forças armadas, as instituições e órgãos de Soberania do regime democrático estão proclamando solenemente, contra dúvidas e desânimos, contra acções ou ameaças terroristas, contra conspirações reaccionárias, contra calúnias e insultos, contra propósitos de desforra e de vingança, que a democracia não se submete, que o 25 de Abril não se rende, que em Portugal haverá 25 de Abril sempre!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o representante do Centro Democrático Social.

O Sr. Sá Machado (CDS):- Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República, Srs. Deputados: Deputado centrista, subo a esta tribuna para, em nome do meu partido, celebrar a Revolução de Abril. Faço-o, fazemo-lo, com a consciência tranquila de quem se sabe com legitimidade para tanto e com a emoção de quem pode afirmar ter contribuído, com coragem e também com sofrimento, para preservar da Revolução a sua dimensão democrática e, por esse título, a sua essência popular e patriótica Legitimidade duramente conseguida ao longo de três anos difíceis, durante os quais, sem desfalecimento, soubemos afirmar e manter um projecto incómodo, porque divergente das várias mitologias que sucessivamente dominaram o curso da Revolução.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - A história não deixará de prestar homenagem a essa determinação, cuja eficácia moderadora e de estabilização foi contributo decisivo para que o pluralismo inscrito na Constituição seja hoje uma realidade concreta e não apenas, como alguns o desejaram, cambiante diluído e precário de uma unicidade disfarçada.
No quadro de uma revolução cedo desviada dos seus objectivos iniciais por forças de claro comprometimento internacionalista, levado, no Verão de 75, a um paroxismo alucinante pela necessidade de cumprimento de um plano que tinha sobretudo a ver com a corrida a uma nova partilha da África e em que os interesses portugueses, não só nessa área do mundo, mas também no rectângulo europeu, foram subalternizados com a conivência de alguns nacionais, a proposta moderada, portuguesa e pragmática do CDS tornou-se naturalmente motivo de escândalo.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Por todas as maneiras o nosso par tido foi atacado, vilipendiado e perseguido.
Não desistimos, porém. Valeu-nos a inalterável fidelidade aos valores que inspiram a nossa declaração de princípios, a confiança na personalidade do povo, a nossa fé na democracia e na liberdade. Mantivemos, assim, permanentemente aberta uma alternativa não socialista, europeia e cristã-democrata ao projecto da revolução socialista. Forçámos, desse modo, a manter alargado o espectro da Revolução.