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894 I SÉRIE - NÚMERO 25

O Orador: - O povo gosta?! O povo gosta?! Eis aqui o exemplo da mediocridade nacional que a Sr.ª. Deputada Amélia de Azevedo acaba de provocar nesta Assembleia! Como o povo gosta vamos, então dar lhe toda a porcaria, porque ele gosta! É isso que VV. Ex.ªs fazem aqui, neste Parlamento e em Portugal.

Protestos do PSD.

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - Peço a palavra para exercer o direito de defesa, Sr. Presidente

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr.ª Deputada

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - O Sr. Deputado César Oliveira já nos encheu bastante os ouvidos esta manhã com a sua retórica

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Há pouco, tive ocasião de dizer que o povo gosta. Porquê, Sr. Presidente e Srs. Deputados? O povo gosta muito simplesmente porque, partindo das nossas linhas programáticas, com um programa aprovado em Congresso e com sucessivos programas apresentados ao País aquando da constituição de governos, nós conseguimos ter o seu apoio, o que aliás, está demonstrado pelos resultados eleitorais.
Enquanto o Sr. Deputado César Oliveira consegue ser eleito porque está integrado em listas do PS, nós, Partido Social-Democrata, fomos sempre eleitos directamente pelo povo português!

Aplausos do PSD.

Admito que o Sr. Deputado César Oliveira não goste de ouvir estas palavras...

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Gosto! Gosto!

A Oradora: Mas isto corresponde exactamente à verdade. O povo português gosta e o que nós queremos é que o povo esteja em consonância connosco.
Não fazemos discursos abstractos, fazemos discursos para o povo e o povo tem aderido às nossas propostas.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado César Oliveira.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Pergunto à Sr.ª Deputada Amélia de Azevedo se o povo gosta que o PSD invoque 26 vezes o marxismo no seu programa! Pergunto se o povo gosta que o PSD defenda no seu programa a interrupção voluntária da gravidez e depois venha aqui juntar a sua voz às vozes mais reaccionárias da sociedade portuguesa!

Protestos do PSD.

Pergunto se o povo gosta que o PSD defenda e se congratule, a nível de programa - posso prová-lo quantas veres quiserem -, com a nacionalização da banca e outras nacionalizações e depois tenham a prática que na realidade assumem!
Pergunto se o povo gosta - também posso citar várias vezes estes documentos - que o partido de V. Ex.", em Junho de 1974, se tenha vangloriado de ter sido o primeiro partido português a falar em reforma agrária e tenha agora uma prática política contrária!

Protestos do PSD.

Sei que o PSD tem êxito eleitoral e sei que fui eleito - e honro-me disso, nunca disse o contrário - como independente nas listas do Partido Socialista.

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - Para estar sempre contra o PS?!

O Orador: - Honro-me de ter sido eleito como independente e honro-me de as listas por onde fui eleito serem do PS. Nunca reneguei isso e não é hoje que o faço.
Posso discutir com V Ex.ª porque é que o PSD tem êxito e até poderíamos discutir isso indefinidamente. Admito que o PSD está metido no tecido social português, mas isso tem uma explicação: não será porque o PSD herdou boa parte de caciquismo eleitoral do antigo regime? Não será porque o PSD herdou os quadros da União Nacional e da Acção Nacional Popular? Não estará aí a explicação?

Protestos do PSD.

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente:

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada Amélia de Azevedo pede a palavra para que efeito?

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - Sr. Presidente foram feitas graves acusações à minha bancada ...

O Sr. Presidente: - Sr.ª Deputada, V. Ex.ª já exerceu o direito de defesa.

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - Sr. Presidente, nessa altura exerci o direito de defesa pessoal. Agora tenho o direito de exercer o direito de defesa em nome da minha bancada.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - O Sr. Deputado César Oliveira fez aqui afirmações que são profundamente injuriosas para o meu partido, para a coerência programática e princípios que defendemos.
O Sr. Deputado referiu que nós invocámos 26 vezes o marxismo no nosso programa, Não, Sr. Deputado, no nosso programa dizemos que temos em conta as análises marxistas, como também temos em conta os princípios humanistas e todos os repositórios que são a base da social-democracia. Nós, Sr. Deputado, por muito que lhe custe, somos sociais-democratas, e isso parece que lhe dói, mas é a verdade.
Por outro lado, quero dizer lhe, Sr. Deputado, que não defendemos propriamente a nacionalização da banca, mas sim a nacionalização dos principais meios de produção. Leia o nosso programa, Sr. Deputado, porque certamente nunca o leu!