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2232 I SÉRIE - NÚMERO 70

Europa e os demais países uma segunda Europa. Á Polónia, tal como Portugal, deseja uma única Europa integrada, onde não se faça a diferenciação entre países melhores e piores. A integração na Comunidade Europeia dos países do Grupo de Visegrad não provocará efeitos negativos. Estou certo que, nesse caso, aumentará o valor das trocas comerciais e a produção dos países ocidentais mais desenvolvidos. Além disso, o aumento do bem-estar e de segurança desses países iria estabilizar a região da Europa Central, o que é do interesse de todo o continente europeu.
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República, Srs. Deputados: A Polónia atravessa um período de profundas mudanças internas. Estamos a reformar todos os domínios da nossa vida, desempenhando o nosso Parlamento um papel importante nesse processo. Este órgão de soberania, o primeiro nascido de eleições livres após anos de comunismo, festeja este ano o S.º aniversário da sua existência.
Por outro lado, quero assinalar que a Polónia é o único país da Europa Central que, no ano passado, teve um aumento da sua receita interna bruta, o que prova que estamos no caminho certo.
Estamos a privatizar os bens estatais e uma quarta empresa já foi privatizada. No nosso país, mais de metade dos trabalhadores labora no sector privado e as privatizações estão a ocorrer de uma forma mais branda que nos demais países pós-comunistas.
Sempre tivemos a agricultura individual e a propriedade privada da terra e do comércio. O nosso Parlamento ocupa-se, de momento, da elaboração da nova lei da reprivatização, segundo a qual os antigos donos serão indemnizados pelas perdas ocorridas na época da nacionalização. Por outro lado, criamos condições favoráveis aos investimentos estrangeiros e, nas nossas reformas, queremos aproveitar as experiências de outros países. Por isso, estamos interessados nos modelos de privatização levados a cabo pelo Governo do Sr. Primeiro-Ministro, Cavaco Silva.

Risos do PCP.

Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República, Srs. Deputados: Quando assumi a liderança da paralisação dos estaleiros de Gdansk muitos diziam que a guerra estava perdida. Avisavam-nos que os comunistas jamais permitiriam a criação de sindicatos livres e insistiam que o Solidariedade não tinha a mínima hipótese na sua luta para conseguir mudanças no poder então existente.
A criação, por este, do estado de guerra parecia provar que os pessimistas tinham razão. Porém, o Solidariedade venceu o até então invencível sistema.

Aplausos do PSD, do PS, do CDS.

Hoje enfrentamos um novo desafio. As nossas aspirações de fazer parte de uma Europa unida nem sempre encontram o entendimento e a solidariedade de outros. Não raro, temos de lutar contra o egoísmo, a insegurança ou ainda a falta de imaginação. Temos tido também dificuldade em fazer aceitar a ideia de que o sucesso das reformas nos países pós-comunistas representa igualmente sucesso para toda a Europa, bem como a garantia da sua estabilidade e segurança. Contudo, estou convicto de que alcançaremos esta meta.
Nesse sentido, contamos com cada gesto de boa vontade. Acredito que Portugal, que tem muitos aspectos em comum com a Polónia, não desapontará essa esperança, na qual todos cremos.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Estou imensamente grato pelas palavras de apoio e de ajuda que o Solidariedade sempre recebeu e que hoje, aproveitando o facto de estar pela primeira vez neste país, quero agradecer.
Durante a nossa luta, sentimos a solidariedade de Portugal. Hoje e como ex-revolucionário, quero dizer-vos que, outrora, lutámos, cada qual a seu modo, defendendo os mesmos ideais; agora, alcançadas as metas, encontramos novos desafios, deparamos com novos focos de insegurança que temos de enfrentar na medida do possível.
Temos agora uma oportunidade única para formar uma Europa livre e segura, mas não o conseguiremos se não o fizermos em conjunto. Existem enormes possibilidades de desenvolvimento economia) e democrático, mas temos de nos unir, num trabalho conjunto, para atingirmos esses fins.
Estou absolutamente certo de que os contactos efectuados entre os nossos pequenos países podem servir de exemplo a toda a Europa. Os mercados da Ucrânia, da Rússia, da Bielo-Rússia, da Lituânia têm enormes possibilidades e estamos a procurar estabelecer acordos com Portugal no sentido de, em conjunto, formar uma união económica para aquela região.
A distância que separa os nossos países é proporcional aos investimentos que podem ser feitos. Países como a Polónia não necessitam de apoio financeiro, necessitam, sim, de ajuda económica. Temos uma mão-de-obra altamente especializada e barata e um grande parque industrial. O mercado da ex-comunidade soviética está esgotado, pelo que é necessário organizar um novo mercado. Convido-vos a cooperar connosco, de uma forma justa e correcta, com a finalidade de construirmos uma Europa nova, limpa, livre e tranquila.

Aplausos do PSD, do PS, do CDS, de Os Verdes, do PSN e dos Deputados independentes Freitas do Amaral e Raul Castro, de pé.

O Sr. Presidente: - Srs. Convidados, Srs. Deputados:
Está encerrada a sessão.

Eram 16 horas e 55 minutos.

A Banda da Guarda Nacional Republicana executou de novo os dois hinos nacionais.
Realizou-se então o cortejo de saída, composto pelas mesmas individualidades do da entrada.

Faltaram à sessão os seguintes Srs. Deputados:

Partido Social-Democrata (PSD):

Guilherme Henrique Valente Rodrigues da Silva.
Joaquim Maria Fernandes Marques.
Pedro António de Bettencourt Gomes.
Pedro Manuel Cruz Roseta.
Rui Manuel Parente Chancerelle de Machete.

Partido Socialista (PS):

António José Borrani Crisóstomo Teixeira.
José Alberto Rebelo dos Reis Lamego.
Maria Teresa Dória Santa Clara Gomes.
Raul Fernando Sousela da Costa Brito.
Vítor Manuel Caio Roque.

Partido Comunista Português (PCP):

Carlos Alberto do Vale Gomes Carvalhas.
Miguel Urbano Tavares Rodrigues.

Centro Democrático Social (CDS):

José Luís Nogueira de Brito.

A DIVISÃO DE REDACÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA.