O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

0022 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006

 

Faço votos para que o debate nacional e o processo de devolução da decisão aos portugueses que agora se inicia decorram com a elevação, a tranquilidade e a profundidade de análise que o assunto tem de merecer de nós todos - sem radicalismos, nem insultos, sabendo afirmar convicções e aceitar diferenças, sempre respeitando as opiniões de quem não pensa como nós, para que cada português, em consciência, livremente venha a decidir o seu sentido de voto.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em breves palavras, gostaria de dizer que se esta matéria da alteração da lei penal no que se refere à despenalização da interrupção voluntária da gravidez não está até hoje resolvida tal facto tem responsáveis. E tem responsáveis directos na direita, que quer manter uma lei, não assumindo que a quer ver aplicada até às suas últimas consequências, ou seja, que quer ver as mulheres portuguesas sujeitas a pena de prisão pelo facto de terem feito um aborto (perdoem-me, Srs. Deputados, mas esta posição não pode ter outra classificação que não a de "hipócrita" perante esta realidade), mas tem também, na nossa perspectiva, outros responsáveis, aqueles que, com esta composição parlamentar, se recusaram até hoje a alterar a lei na Assembleia da República.
É importante que olhemos para trás alguns anos e percebamos que este recurso ao referendo em matéria de despenalização da interrupção voluntária da gravidez não tem tido outra consequência que não a de andarmos de adiamento em adiamento, em adiamento, de algo que é um imperativo nacional - justamente a alteração da lei.
Dizia um Sr. Deputado do Partido Socialista, em 1998, nesta Câmara, em relação ao referendo, o seguinte: "É preciso dizer com clareza ao país que nesta Sala, por detrás da exigência do referendo, esconde-se uma única preocupação verdadeira: empatar, empatar, empatar".

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Bem lembrado!

A Oradora: - Poucochinho tempo depois, o PS faz um acordo de bastidores com o PSD e recorre justamente à figura do referendo, abandonando o processo legislativo, para resultar naquilo que todos sabemos. E assim chegámos, passados estes anos, a esta situação de adiamento em adiamento, em adiamento.
Gostaria de deixar, aqui, bem claro que os Srs. Deputados e as bancadas parlamentares que defendem - e têm defendido nesta Legislatura, permanentemente - a realização do referendo, quando discutimos pela segunda vez esta matéria, alguns assumiram aqui, na Assembleia da República, que não podíamos andar "de referendo, em referendo…, em referendo" e que, se não fosse convocado da segunda vez, os Deputados à Assembleia da República tinham de assumir as suas responsabilidades e concluir o processo legislativo. Hoje, aqui estão, outra vez, a defender justamente a realização do referendo…! Tínhamos tido já a possibilidade de ter assumido essas responsabilidades, de ter resolvido o problema que está na lei - como todos dizemos, "o crime que está na lei" - e, portanto, importa resolvê-lo, de uma vez por todas!
Por isso, entendemos que esta matéria já podia ter sido alterada na Assembleia da República, apresentámos um projecto com esse objectivo, voltámos a apresentá-lo na presente sessão legislativa e lamentamos que esse processo não seja assim concluído.
É por isso que vamos votar contra este projecto de resolução que prevê o referendo e reafirmamos que os direitos das mulheres não são referendáveis.

O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): - Muito bem!

A Oradora: - Eles não se referendam. Garantem-se e concretizam-se!
Por outro lado, gostaria de realçar, aqui, que o Sr. Deputado Alberto Martins não respondeu às duas questões concretas que lhe pus, designadamente se tem a garantia de que o Governo estará em uníssono, defendendo a despenalização da interrupção voluntária da gravidez de acordo com aquilo que é um compromisso do Governo e que consta, claramente, do Programa do Governo. Não me disse também, perante os dois cenários do referendo não vinculativo - o "sim" e o "não" -, qual será a posição que o Partido Socialista vai tomar e qual será a responsabilidade e o compromisso que assume perante o País nesta matéria.
Srs. Deputados do Partido Socialista, a não resposta do Sr. Deputado Alberto Martins a estas questões é já por si preocupante.
Fica, aqui, este registo de Os Verdes.

Vozes de Os Verdes e do PCP: - Muito bem!

Páginas Relacionadas
Página 0006:
0006 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   Partido Comunista Portu
Pág.Página 6
Página 0007:
0007 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Sr. Alberto Martins (
Pág.Página 7
Página 0008:
0008 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   Mas há alguém, no sécul
Pág.Página 8
Página 0009:
0009 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Orador: - Aliás, quem
Pág.Página 9
Página 0010:
0010 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   E, portanto, Sr. Deputa
Pág.Página 10
Página 0011:
0011 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Orador: - … que a mai
Pág.Página 11
Página 0012:
0012 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   Aplausos de Os Verdes e
Pág.Página 12
Página 0013:
0013 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Sr. Nuno Teixeira de
Pág.Página 13
Página 0014:
0014 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Sr. Miguel Tiago (PCP
Pág.Página 14
Página 0015:
0015 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Sr. Presidente: - Srs
Pág.Página 15
Página 0016:
0016 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   Quando alguns tinham a
Pág.Página 16
Página 0017:
0017 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   razão e sob diversos pr
Pág.Página 17
Página 0018:
0018 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Orador: - Assim não s
Pág.Página 18
Página 0019:
0019 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   aplicação de penas alte
Pág.Página 19
Página 0020:
0020 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Orador: - Também sobr
Pág.Página 20
Página 0021:
0021 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   Recordo que dissemos, e
Pág.Página 21
Página 0023:
0023 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Sr. Presidente: - Tem
Pág.Página 23
Página 0024:
0024 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Sr. Francisco Louçã (
Pág.Página 24
Página 0025:
0025 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   O Sr. José Paulo Carval
Pág.Página 25
Página 0026:
0026 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   União Europeia porque t
Pág.Página 26
Página 0027:
0027 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   A despenalização da int
Pág.Página 27
Página 0028:
0028 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006   Mas mais, Sr.as e Srs.
Pág.Página 28