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I SÉRIE — NÚMERO 111

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temos um saldo primário que é superavitário — há muitos e muitos anos que não se via um saldo primário

superavitário.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Foi este Governo que o conseguiu, o tal Governo que os senhores

acusam de não fazer nada de bom, ou seja, conseguiu atingir uma das bases para a vossa proposta. Mas

vamos supor que decidíamos, pura e simplesmente: não pagamos juros e, com o dinheiro dos impostos,

financiamos de forma bastante simples a despesa pública.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não é despesa pública, é investimento!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Vejo apenas um problema, e um problema bastante óbvio, com esta

solução, Srs. Deputados, que é o seguinte: apesar de o Bloco de Esquerda dizer que não deseja a saída da

moeda única, parece-me bastante evidente que quando rasgamos o Memorando de Entendimento, quando

dizemos que não pagamos o que devemos ou que pagamos metade do que devemos, tal terá consequências.

E a permanência na moeda única, infelizmente, não depende apenas da nossa vontade, depende da vontade

de toda a zona euro.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — É evidente que um País que rasga memorandos e que,

unilateralmente, se propõe pagar metade do que deve terá, naturalmente — como é óbvio, isto não deixará de

acontecer —, como consequência a saída da moeda única.

Ora, é neste ponto que, verdadeiramente, não entendo as propostas do Bloco de Esquerda, porque não

percebo como é que um partido que vê como única forma e o único modelo de crescimento económico o

aumento da despesa pública, por um lado,…

A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Porquê aumento da despesa?

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … e a procura interna e o consumo, por outro, está a preconizar

aquela que seria necessariamente a maior perda do poder de compra desde o 25 de Abril!?

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Porque é óbvio que a saída da moeda única implica que a maior

parte dos portugueses passaria a ganhar dois terços ou metade do que ganha atualmente,…

O Sr. António Filipe (PCP): — Foi como com os cortes do Gaspar!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … não porque nominalmente modificasse o valor, mas, sim, porque a

moeda passaria a valer muito menos, coisa que, aliás, já aconteceu nos anos 80.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — É neste ponto que considero extraordinárias as vossas propostas.

Reparem bem: já ouvi muitas pessoas defenderem a saída da moeda única — aliás, penso que essa

discussão deve ser tida de forma séria, não porque a defenda, mas porque não há mal algum em discutir-se

as questões — como necessária para aumentar a competitividade, para aumentar as exportações. Mas como

é possível dizer que se quer aumentar a procura interna e, ao mesmo tempo, defender medidas que têm como

consequência, óbvia e inevitável (que qualquer pessoa racional reconhece como absolutamente necessária

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