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I SÉRIE — NÚMERO 42

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Revoltado com a tragédia social que lhe foi imposta pela troica e pelos governos ao seu serviço, o povo

grego traduziu a sua revolta social em exigência política e no domingo passado expressou no voto uma

exigência profunda de mudança. Não teve medo, não cedeu à chantagem e arrasou os defensores e

executores das famigeradas políticas de austeridade que tantos sacrifícios e humilhações lhe impuseram nos

últimos anos.

Como foi oportunamente sublinhado pelo PCP, os resultados das eleições gregas representam uma derrota

dos partidos que, ao serviço do grande capital, têm governado a Grécia e que, com a União Europeia, são

responsáveis pela política de desastre económico e social que tem sido imposta ao povo grego, traduzindo-se

numa expressiva vitória do Syriza e na redução da percentagem conjunta agora obtida pela Nova Democracia

e pelo Partido Socialista grego.

O Partido Comunista da Grécia registou um progresso eleitoral que contribuirá para o prosseguimento da

luta em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo grego.

As eleições gregas representam uma derrota para aqueles que no quadro da União Europeia procuraram,

através de inaceitáveis pressões, chantagens e ingerências, condicionar a expressão eleitoral do profundo

descontentamento e vontade de mudança política do povo grego.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!

O Sr. António Filipe (PCP): — Os resultados eleitorais expressam a rejeição da política imposta por

sucessivos programas de ajustamento acordados com a troica, de intensificação da exploração dos

trabalhadores, de destruição de direitos laborais e sociais, de negação das mais básicas e essenciais

condições de vida, de declínio económico e de abdicação de soberania, sob os ditames da União Europeia e

do euro.

O resultado das eleições gregas não se traduz numa vitória de radicais, traduz-se, isso sim, na derrota dos

radicais que impuseram ao seu povo uma catástrofe social sem precedentes em tempo de paz.

Não embarcamos em ondas de triunfalismo e sabemos bem que o destino da situação política na Grécia

depende da correspondência às expectativas de mudança que os gregos expressaram nas urnas.

E também não caímos na tentação fácil de pretender extrapolar os resultados das eleições na Grécia para

a realidade de Portugal ou de qualquer outro país. Cada país e cada povo tem uma História e vive uma

realidade que não se confunde com as demais. Mas há, das eleições gregas, um conjunto de ilações que

aproveitam a todos e que não podem deixar de ser retiradas. Desde logo, a exigência de renegociação das

dívidas soberanas, ganha agora um peso político qualitativamente novo, que não pode ser ignorado.

A crise das dívidas soberanas não resulta da atitude de povos relapsos ao cumprimento das suas

obrigações nem de práticas despesistas de povos que tenham vivido acima das suas possibilidades. A crise

que afeta países como a Grécia e Portugal resulta da dominação a que estes países se encontram submetidos

por via da integração numa União Económica e Monetária cujas regras, ditadas pelos poderes dominantes da

União Europeia, condenam os países economicamente mais frágeis à estagnação, ao subdesenvolvimento e à

pobreza e a uma submissão quase colonial aos países economicamente mais poderosos da zona euro.

A crise das dívidas soberanas não resulta de luxos ou de gastos supérfluos em benefício dos povos dos

países endividados. Resulta da opção política dos Governos de converter dívida privada contraída por

banqueiros e especuladores em dívida pública a suportar por quem vive do seu trabalho. Resulta da opção

política dos Governos de celebrar contratos ruinosos à custa do Estado e dos contribuintes para beneficiar

grupos económicos, em parcerias público-privadas, em contratação de swaps, na venda ao desbarato de bens

públicos ou na privatização de funções sociais do Estado.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. António Filipe (PCP): — Renegociar a dívida é uma exigência incontornável; persistir na sua

negação é insistir na política que tem conduzido Portugal à situação dramática em que se encontra.

Ao reagir aos resultados das eleições na Grécia, o Primeiro-Ministro, Passos Coelho, demonstrou o seu

desprezo pela vontade popular. Passos Coelho reagiu às eleições na Grécia da mesma forma sobranceira

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