I SÉRIE — NÚMERO 54
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É uma petição detalhada sobre o funcionamento do Hospital de Santa Luzia, de Elvas, em que é expresso
o descontentamento da população pela falta de aproveitamento das potencialidades desta unidade de saúde.
A falta do aproveitamento dos recursos já instalados neste hospital e o facto de ser utilizado como
retaguarda do hospital de Portalegre está a prejudicar a população de Elvas e dos concelhos limítrofes, que,
assim, estão sujeitos a maiores deslocações e a mais gastos, quando poderiam ter a resposta aos seus
problemas de saúde no Hospital de Santa Luzia, de Elvas.
Têm, portanto, razão os peticionários e as peticionárias, que, aliás, manifestaram-se de forma expressiva
através de um número tão elevado de assinaturas. Como têm razão, o Bloco de Esquerda associa-se a esta
causa e apresenta um projeto de resolução para que o Governo reforce o serviço de urgência e permita que os
utentes dos concelhos limítrofes passem a ser atendidos neste hospital.
É neste sentido — e com isto termino, Sr. Presidente — que também apelamos a que a maioria encare
esta situação, que é real e que, neste momento, está a prejudicar as populações, dando o seu voto favorável
aos projetos de resolução apresentados hoje.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começo por saudar os mais de 11 000
peticionários que subscreveram esta petição dirigida à Assembleia da República. Faço-o por intermédio dos
peticionários que hoje se encontram presentes nas galerias e que são originários dos concelhos de Elvas e de
Campo Maior, mas também de Borba e do Alandroal. Estendo, pois, esta saudação a todos os outros
peticionários de concelhos limítrofes, que apoiaram e subscreveram esta petição exigindo a resolução de
problemas.
Os problemas identificados nesta petição são, fundamentalmente, dois. Por um lado, há o problema dos
cuidados prestados aos doentes, confirmando-se a insuficiência da resposta dada nas urgências, que hoje
está classificada como SUB (serviço de urgência básica) no Hospital de Santa Luzia, de Elvas. Por outro lado,
coloca-se um problema de acesso aos cuidados de saúde, condições que são garantidas aos utentes não só
dos concelhos do distrito de Portalegre, mas também dos concelhos limítrofes do distrito de Évora.
Estes problemas, Sr.as
e Srs. Deputados, têm, na sua origem, um motivo comum: um problema de
organização dos serviços de saúde em função de critérios económicos e financeiros e não em função das
necessidades dos doentes e dos utentes. De resto, a intervenção da Sr.ª Deputada Sandra Cardoso, do PS, já
trouxe essa questão à consideração.
A disputa a que os serviços de saúde são obrigados a recorrer em relação aos utentes é irracional. Não faz
sentido que os serviços de saúde tenham de disputar utentes do seu distrito ou do distrito ao lado para garantir
o financiamento de que necessitam para funcionar.
Faz sentido que sejam criadas condições de articulação entre os serviços de saúde, quer dos cuidados de
saúde primários com os hospitais, quer dos hospitais entre si. Neste caso concreto, está em causa a
articulação entre três hospitais: o Hospital de Santa Luzia, de Elvas, o hospital de Portalegre e o hospital de
Évora.
Faz sentido que essa articulação entre os serviços de saúde seja garantida numa perspetiva de assegurar
aos utentes melhores condições de acesso ao serviço de saúde, em função do que está mais perto e é mais
cómodo para a deslocação dos utentes, em função do que coloca menos exigências do ponto de vista dos
encargos que são pedidos aos utentes, mas também em função do acesso aos cuidados de saúde a que têm
direito, não ficando limitados devido a essas restrições administrativas ou de natureza económica e financeira
que são colocadas.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Concluo, Sr. Presidente.
Por isso, o projeto de resolução que apresentamos assenta, essencialmente, em três soluções.