30 DE JANEIRO DE 2016
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Sr. Primeiro-Ministro, numa semana, o esboço do seu Orçamento foi criticado cá dentro e lá fora. A UTAO
(Unidade Técnica de Apoio Orçamental) diz que o projeto é artificial, o Conselho Superior do Conselho das
Finanças Públicas diz que o projeto de Orçamento tem riscos relevantes e previsões pouco prudentes, as
agências de notação, cuja consistência muitas vezes criticámos, mas cuja influência não desconhecemos,
uma diz que o projeto de Orçamento português repete erros do passado, outra alerta para o excesso de
otimismo que pode acabar em medidas adicionais e outra ainda afirma que as previsões são irrealistas. Numa
ideia, a Deloitte resume tudo: este projeto de Orçamento baseia-se numa fezada e não na realidade.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — O Sr. Primeiro-Ministro pode ignorar, pode desvalorizar, pode
ridicularizar, mas é muito raro ver esta unanimidade, fora e dentro, sobre a credibilidade de um esboço, e isso
não prejudica a si, prejudica Portugal.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Dito isto, faço três perguntas. Primeira: onde é que o Sr. Primeiro-
Ministro, neste esboço, vai buscar um crescimento económico de 2,1%, que nenhuma entidade, interna ou
externa, valida ou sequer chega perto? Não estamos, Sr. Primeiro-Ministro, em abril de 2015, estamos em
janeiro de 2016. A economia internacional piorou e a desconfiança dos investidores pelas suas políticas
aumentou consideravelmente.
Segunda: onde é que o Sr. Primeiro-Ministro sustenta um crescimento de investimento de 5%, quando
todas as medidas que tomou afetam a confiança económica, a segurança jurídica e diminuem a nossa
competitividade?
Terceira: Sr. Primeiro-Ministro, já todos percebemos que o senhor vai pôr o gasóleo e a gasolina das
famílias da classe média e das empresas a pagar os fretes que está a fazer à CGTP, ao Bloco e ao PCP!
Aplausos do CDS-PP e do Deputado do PSD Miguel Morgado.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, uma pergunta muito clara: quantos cêntimos vai aumentar, por via de
imposto, cada litro de gasóleo e de gasolina?
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, se V. Ex.ª tiver de percorrer
uma determinada distância a 60 km/h faz a previsão de quanto tempo levará a percorrer essa distância. Se,
entretanto, decidir parar para tomar um café, o tempo aumentará, assim como chegará mais cedo se resolver
acelerar.
Protestos do CDS-PP.
Portanto, as previsões variam, as previsões não são insensíveis às variantes que V. Ex.ª introduza no
debate.
Ora, todos esses cenários a que se referiu não têm em conta as medidas previstas no Orçamento e, por
isso, são com base no pressuposto de que não seriam tomadas as medidas que serão tomadas.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Não é verdade!