O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

23 DE JUNHO DE 2016

17

Hoje, é imperativo que o conceito da economia circular seja um modelo a implementar, em que a reutilização

dos desperdícios passe a ser um fator económico de produção e de reutilização e não um esbanjamento de

recursos endógenos.

Não é possível continuarmos a utilizar recursos naturais escassos, como a água ou o solo, para produzir algo

que será desperdiçado.

Não é aceitável que as necessidades de muitas famílias e instituições não se coadunem com os desperdícios

alimentares, hoje estimados em 1 milhão de toneladas, no caso português. Há atualmente muitas iniciativas

meritórias da sociedade civil que atuam nesta área e têm atenuado este flagelo. Contudo, como já aqui foi dito,

ainda há muito que fazer, muito para promover e muito para desenvolver.

Para o PSD, a luta contra o desperdício alimentar deve começar na produção e ir até ao consumo doméstico,

passando pela distribuição e comercialização.

As estimativas do projeto de estudo PERDA (Projeto de Estudo e Reflexão sobre o Desperdício Alimentar,

2012) dizem que é na produção e no consumo onde as perdas são mais elevadas, cerca de 32% e 31%

respetivamente, e que na distribuição o nível de desperdício é de 290 000 t, isto é, de cerca de 28%.

Perante estes valores parece-nos que, sem prejuízo das iniciativas que possam vir a ser implementadas em

Portugal e que já existem em alguns países europeus, nas fases de comercialização e de distribuição, temos de

ter uma maior atenção e objetividade na produção e no consumo. Cada vez mais se torna claro que promover

o consumo de produtos nacionais é uma forma inequívoca de diminuir o desperdício alimentar.

Incentivar políticas públicas a enquadrarem a realidade da produção agrícola nacional, combatendo projetos

desadequados e totalmente desligados da forma como se produz alimentos, alguns promovendo mesmo a

importação de bens substitutos aos nossos produtos endógenos, tem de ser uma prioridade.

Não podemos negar que é de grande importância os incentivos e os estímulos entre as associações de

produtores, cooperativas e IPSS para que se possa escoar os produtos nacionais, que, muitas vezes, não

conseguem chegar aos canais de distribuição mas que têm de chegar à população.

É neste contexto que o PSD se posiciona, reconhecendo, por um lado, a agricultura com um papel

fundamental e de primeira linha na luta contra o desperdício alimentar, defendendo medidas que harmonizem a

procura do consumidor com a oferta do sector. Exemplo disso é a necessidade da rotulagem dos produtos

quanto à sua composição e origem.

Por outro lado, reconhecemos também a importância acrescida que a comercialização e a distribuição pode

ter na defesa, no escoamento e valorização da produção nacional, promovendo consumo dos nossos produtos,

diminuindo os excedentes e, consequentemente, diminuindo o desperdício.

A questão do desperdício alimentar é, cada vez mais, um paradoxo dos tempos modernos. Quanto mais

qualidade, mais segurança alimentar se implementa nos sistemas alimentares europeus, maior é o nível de

desperdícios e de perdas. Quanto mais exigente é o consumidor, maior tendência haverá para desperdiçar

alimentos saudáveis cuja aparência, muitas vezes, não preenche determinados requisitos de marketing ou

comercialização.

O estímulo pelos mercados de proximidade pode ser uma importante oportunidade para combater este

paradoxo. Não só poderá ter vantagem no escoamento dos produtos regionais, como poderá aproximar

consumidores e produtores.

Por outro lado, é crucial empreender mais ações ao nível da educação, da comunicação, da sensibilização,

da responsabilidade e regulação, da agilização e reconhecimento, muitas das quais já promovidas pela

sociedade civil e por muitas instituições de solidariedade social.

Na verdade, quando vemos que mais de 1/3 do desperdício está nas nossas casas percebemos que as

soluções têm de passar por uma alteração dos hábitos de consumo e por uma consciencialização prática sobre

o que estamos a desperdiçar.

Por isso, o PSD congratula-se com todas as iniciativas que promovam a sensibilização dos consumidores no

armazenamento dos produtos, nos prazos de validade e nas perdas no prato.

Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos todos de acordo sobre a dimensão do problema e sobre a

necessidade de procurar soluções para o resolver.

É fácil convergir sobre a urgência de diminuir o desperdício alimentar. Difícil é orientar opções que o consigam

e ter presente na nossa consciência, sempre que apresentamos aqui iniciativas, que este é o caminho.

Páginas Relacionadas
Página 0002:
I SÉRIE — NÚMERO 81 2 A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.
Pág.Página 2
Página 0003:
23 DE JUNHO DE 2016 3 A América do Norte e a Oceânia são campeãs no desperdício ali
Pág.Página 3
Página 0004:
I SÉRIE — NÚMERO 81 4 Também no início do presente mês de junho, Os V
Pág.Página 4
Página 0005:
23 DE JUNHO DE 2016 5 O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvim
Pág.Página 5
Página 0006:
I SÉRIE — NÚMERO 81 6 internacionalmente como exemplares, como é o ca
Pág.Página 6
Página 0007:
23 DE JUNHO DE 2016 7 desperdício, e o problema resiste e persiste. Há mesmo estima
Pág.Página 7
Página 0008:
I SÉRIE — NÚMERO 81 8 ver com o desenvolvimento, até à exaustão, da c
Pág.Página 8
Página 0009:
23 DE JUNHO DE 2016 9 O Sr. Deputado João Ramos também tem razão numa coisa: é que
Pág.Página 9
Página 0010:
I SÉRIE — NÚMERO 81 10 Neste sentido, gostaria de questionar o Govern
Pág.Página 10
Página 0011:
23 DE JUNHO DE 2016 11 verbas, já que, como o Sr. Deputado saberá, infelizmente, no
Pág.Página 11
Página 0012:
I SÉRIE — NÚMERO 81 12 A iniciativa, que o Sr. Ministro referiu, PRA-
Pág.Página 12
Página 0013:
23 DE JUNHO DE 2016 13 De acordo com os dados do INE, Portugal continua incapaz de
Pág.Página 13
Página 0014:
I SÉRIE — NÚMERO 81 14 comercial agrícola, em valor. O que é que isto
Pág.Página 14
Página 0015:
23 DE JUNHO DE 2016 15 O desperdício de alimentos nas sociedades mais ricas resulta
Pág.Página 15
Página 0016:
I SÉRIE — NÚMERO 81 16 cada território, em sinergia com a conservação
Pág.Página 16
Página 0018:
I SÉRIE — NÚMERO 81 18 Não basta orientar discursos sobre a problemát
Pág.Página 18
Página 0019:
23 DE JUNHO DE 2016 19 Como é do conhecimento de todos, fruto de políticas cegas de
Pág.Página 19
Página 0020:
I SÉRIE — NÚMERO 81 20 A Sr.ª Fátima Ramos (PSD): — Por isso, o que m
Pág.Página 20
Página 0021:
23 DE JUNHO DE 2016 21 A Sr.ª Júlia Rodrigues (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada
Pág.Página 21
Página 0022:
I SÉRIE — NÚMERO 81 22 autarquias, municípios e freguesias, e envolve
Pág.Página 22
Página 0023:
23 DE JUNHO DE 2016 23 Por tudo isto, impõem-se e exigem-se ações sérias e um envol
Pág.Página 23
Página 0024:
I SÉRIE — NÚMERO 81 24 Por esse motivo, são os países mais desenvolvi
Pág.Página 24
Página 0025:
23 DE JUNHO DE 2016 25 encaminhamento de excedentes para a economia social; para a
Pág.Página 25
Página 0026:
I SÉRIE — NÚMERO 81 26 eficiente dos alimentos, com 15 recomendações
Pág.Página 26
Página 0027:
23 DE JUNHO DE 2016 27 Paralelamente, nos países desenvolvidos, o fluxo de resíduos
Pág.Página 27
Página 0028:
I SÉRIE — NÚMERO 81 28 dos produtos se sobrepõe ao seu valor alimenta
Pág.Página 28
Página 0029:
23 DE JUNHO DE 2016 29 nos vários domínios, agropecuário, saúde, educação, ambiente
Pág.Página 29
Página 0030:
I SÉRIE — NÚMERO 81 30 estar atentos a esta matéria. Não podemos esta
Pág.Página 30