O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 21

28

O Sr. Paulino Ascenção (BE): — Vivemos numa crise que nasceu do sistema financeiro em resultado da

desregulação da sua atividade, da privatização e da lógica do máximo lucro no mínimo prazo. É, pois,

incontornável rever as regras para evitar que estes comportamentos que conduziram à crise não se repitam.

Mas nem todo o sistema financeiro se comportou da mesma maneira, nem todo contribuiu para a crise, nem

se expôs a atividades especulativas e pôs em causa a sua própria subsistência.

O subsetor da banca cooperativa passou ao lado da crise em toda a Europa e não é alheio a esse facto a

circunstância de se reger por normas democráticas, o facto de os clientes serem, ao mesmo tempo, membros

das instituições e terem capacidade de participar na escolha da gestão, na definição da sua estratégia e das

políticas de crédito. Isto constitui um fator dissuasor de adoção de comportamentos de risco.

Ora, não se compreende que quem não contribuiu para a crise seja castigado da mesma maneira que aqueles

que fizeram a crise, que quem se rege por este modelo alternativo, que tem em si próprio mecanismos

dissuasores do risco, seja obrigado, agora, a adotar o modelo que esteve mais exposto à crise e que seja forçado

pelas instituições europeias a transformar-se em sociedade anónima. Todos os bancos que se afundaram eram

sociedades anónimas — é bom não nos esquecermos dessa circunstância. Portanto, este caminho para a

conversão em sociedades anónimas é, de facto, uma situação paradoxal.

Gostaria de deixar alguns factos relevantes: a banca cooperativa na Europa representa um terço do crédito

às PME (pequenas e médias empresas), portanto, crédito à economia real; em Portugal, o Crédito Agrícola é o

maior banco em termos de rede, em termos de emprego e o primeiro em termos de solidez financeira e, até ao

presente, não produziu qualquer magnata, ao contrário da banca especulativa, que criou a crise.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Paulo Trigo Pereira,

do PS.

O Sr. Paulo Trigo Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: De facto, quando oiço

o Deputado Carlos Silva, que geralmente acusa o PCP de usar uma cassete, constato que o Sr. Deputado usou

aqui, em relação ao PS, uma cassete. Não falou sobre uma única das propostas que aqui está a debate. Já a

Deputada Inês Domingos falou, e a ela me referirei adiante.

Ora bem, vamos falar das propostas. O PS traz hoje um pacote de propostas, mas eu vou falar de duas, de

alteração do Regime Jurídico das Instituições do Sistema Financeiro (RGIFS).

Importa salientar que este diploma, cuja primeira versão é de 1992, teve apenas 15 alterações em 15 anos,

até ao eclodir da crise do subprime nos Estados Unidos da América, em 2007. Relembro que este foi o período

de desenvolvimento da União Económica e Monetária e da adoção do euro, o que, só por si, justifica várias

alterações.

Acontece que, depois da crise financeira e no período de apenas 10 anos, já sofreu mais de 36 alterações,

incluindo retificações. Sr.ª Deputada Inês Domingos, sabe quantas, destas 36 alterações, foram feitas durante

o Governo PSD/CDS? Não sabe, mas eu digo-lhe: foram 22!

Portanto, a Sr.ª Deputada fez uma intervenção em que afirmou que temos de ter uma abordagem macro,

temos de ver como transpomos a diretiva DMIF 2 (Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros), etc.,

numa visão holística. Pois, Sr.ª Deputada, a visão holística do PSD, durante quatro anos, foram 22 alterações

só ao Regime Jurídico das Instituições do Sistema Financeiro.

Temos de investir noutros domínios, como o da educação para a cidadania para os jovens do ensino básico

ou nas disciplinas de ética no ensino superior, pois apenas alterar as regras da regulação, que propomos agora,

não são suficiente, mas são necessárias.

E são necessárias porquê? O que o PS propõe são duas coisas muito simples. Primeira, com a apresentação

do projeto de lei n.º 626/XIII (3.ª), queremos que o Banco de Portugal defina orientações para códigos de conduta

que os bancos devem ter na relação, nomeadamente, com os seus clientes, de forma a que regule, por exemplo,

os mecanismos e os procedimentos internos, no âmbito das reclamações dos clientes.

A Sr.ª Deputada Mariana Mortágua diz assim: «Nós não acreditamos na autorregulação». Nós também não.

Aliás, hoje em dia — é bom que toda a gente saiba, porque, se calhar, não sabem —, todos os grandes bancos

nacionais têm códigos de conduta.

Páginas Relacionadas
Página 0016:
I SÉRIE — NÚMERO 21 16 Relativamente à IGAC, e respondendo à Sr.ª Dep
Pág.Página 16
Página 0017:
29 DE NOVEMBRO DE 2017 17 Sem prejuízo de outras iniciativas já tomadas ou em curso
Pág.Página 17
Página 0018:
I SÉRIE — NÚMERO 21 18 A gestão dos conflitos de interesse mereceu em
Pág.Página 18
Página 0019:
29 DE NOVEMBRO DE 2017 19 vagamente inspiradas na diretiva dos mercados e intermedi
Pág.Página 19
Página 0020:
I SÉRIE — NÚMERO 21 20 Há outras propostas que vão ao encontro de pro
Pág.Página 20
Página 0021:
29 DE NOVEMBRO DE 2017 21 Todos sabemos que o sistema financeiro tende a ter uma ex
Pág.Página 21
Página 0022:
I SÉRIE — NÚMERO 21 22 A Sr.ª CecíliaMeireles (CDS-PP): — Sr. Preside
Pág.Página 22
Página 0023:
29 DE NOVEMBRO DE 2017 23 Também não faz sentido que a supervisão se resuma àquilo
Pág.Página 23
Página 0024:
I SÉRIE — NÚMERO 21 24 Não raras vezes, pedem ao PCP que justifique o
Pág.Página 24
Página 0025:
29 DE NOVEMBRO DE 2017 25 Vimos no BES, vimos no BANIF, vimos nos Estados Unidos, v
Pág.Página 25
Página 0026:
I SÉRIE — NÚMERO 21 26 fiz –, mas também não me parece sério desvalor
Pág.Página 26
Página 0027:
29 DE NOVEMBRO DE 2017 27 Mas, Sr.as e Srs. Deputados, não estranhamos! Este é o me
Pág.Página 27
Página 0029:
29 DE NOVEMBRO DE 2017 29 Dei-me ao trabalho de ler os códigos de conduta de todos
Pág.Página 29
Página 0030:
I SÉRIE — NÚMERO 21 30 Aplausos do CDS-PP. O Sr. Preside
Pág.Página 30
Página 0031:
29 DE NOVEMBRO DE 2017 31 O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Antes de passarmos ao p
Pág.Página 31