26 DE OUTUBRO DE 2018
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O Sr. Pedro Soares (BE): — Mas também há!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Vocês é que mataram os serviços públicos!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Acreditamos numa outra visão, porque a visão de igualdade de
oportunidades tem de implicar que neste território também haja indústria, também haja serviços e uma economia
dinâmica que seja capaz de criar empregos. Se quisermos fazer do interior uma espécie de parque do território
onde só há agricultura e só há florestas, acho que, realmente, não estaremos a criar igualdade de oportunidades.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Vamos prosseguir com as intervenções.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira, pelo PSD.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Saúdo o Grupo Parlamentar
do CDS-PP por trazer a este debate esta importante matéria para o País.
Temos um Portugal profundamente fraturado: um Portugal do litoral e um Portugal do interior; um Portugal
com esperança e um Portugal em declínio; um Portugal promissor e um Portugal redutor; um Portugal
congestionado e um Portugal abandonado.
Dois terços do território nacional estão ameaçados de despovoamento, arrastando consigo o abandono das
terras, das atividades produtivas e a perda da massa crítica necessária para viabilizar projetos e investimento.
Desde o início dos anos 80, sucessivos Governos implementaram programas de desenvolvimento territorial
com o propósito de corrigir as assimetrias do território, mas, infelizmente, nenhum deles foi capaz de estancar
o declínio demográfico e o despovoamento das áreas rurais.
Hoje, a valorização do interior é um problema nacional, é um problema de todos os portugueses. Os
desequilíbrios regionais geram injustiça social; a desertificação põe em causa a preservação do património
cultural; a excessiva concentração urbana no litoral acabará por redundar no agravamento das condições da
qualidade de vida dessas mesmas aglomerações. Estamos, por isso, perante uma questão de regime.
Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Como se podia antecipar, há quem goste de falar sobretudo do
passado. O passado é importante mas o presente é mais importante para quem vive no interior, e pelo presente
responde o Governo e respondem os partidos que o apoiam. Olhando para o presente, é para nós evidente que,
com aquilo que o Governo tem vindo a fazer, simplesmente, não vamos lá.
Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Um somatório de medidas avulsas e desgarradas, mesmo que bem-
intencionadas, nunca produziu resultados dignos desse nome — dizem-nos as estatísticas, dizem-nos as
pessoas que vivem no interior!
Na verdade, apesar de todo o «foguetório» do Governo, o que a realidade nos mostra é que não há mais
população no interior; não há mais emprego no interior; não há mais empresas no interior; não há mais hospitais
e centros de saúde no interior; não há mais médicos e enfermeiros no interior; não há mais investimento público
no interior.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Não há memória!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — O que a realidade nos mostra é o abandono e a perda de
competitividade da nossa floresta; é o ataque aos agricultores com o adicional do imposto sobre o gasóleo
agrícola, a que se somam novos impostos sobre aquele combustível; é o agravamento do imposto sobre
combustíveis, que penaliza, sobretudo o interior, onde a alternativa ao transporte público é praticamente
inexistente.
O que a realidade nos mostra é a supressão de horários e a substituição de comboios Intercidades por
comboios Regionais; o que a realidade nos mostra é o registo de maiores perdas de alunos no ensino superior
nas instituições do interior; o que a realidade nos mostra são sucessivos pedidos de demissão de médicos
diretores de hospitais, como os de Tondela e de Viseu, por manifesta falta de condições humanas e materiais;