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26 DE ABRIL DE 2019

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Os tempos que aí vêm, com o esforço de todos nós, não serão tempos de ódio, violência e demagogia, serão

tempos de serviço público, de políticas contra as desigualdades, de defesa da cultura e do património do País.

Pela República!

Pela Democracia!

Pelo 25 de Abril!

Viva Portugal!

Aplausos do PS e do Deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira, de pé, do BE, de Os Verdes, de Deputados

do PSD e da Deputada do CDS-PP Teresa Caeiro.

O Sr. Presidente da República vai agora dirigir uma mensagem à Assembleia da República.

Faça favor, Sr. Presidente da República.

O Sr. Presidente da República (Marcelo Rebelo de Sousa): — Sr. Presidente da Assembleia da República,

Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Presidentes dos Tribunais Superiores, Srs. Antigos Presidentes da República,

Presidente da Assembleia da República e Primeiro-Ministro, Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, Sr.as e Srs.

Embaixadores, Srs. Capitães de Abril, Excelências, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Convidados, Minhas Senhoras

e Meus Senhores:

Dir-se-ia que foi ontem, mas passaram já 45 anos.

Dir-se-ia que foi ontem que os jovens militares de Abril protagonizaram o momento único do fim de um regime

e do nascimento de outro, mas passaram já 45 anos.

Quarenta e cinco anos volvidos, que o rito se repita, mas que seja mais do que um rito, que seja memória,

que seja gratidão, que seja esperança.

Que testemunhemos aos resistentes de décadas, que testemunhemos aos jovens militares de então o nosso

indelével reconhecimento: aos que partiram, aos que permanecem entre nós, aos que nunca esquecerão o que

fizeram, aos que, além disso, continuam a sonhar com um futuro melhor para Portugal.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Dir-se-ia que foi ontem, mas passaram já 45 anos. E, há 45 anos,

quais eram as expetativas, os anseios, os desafios, as causas dos jovens de Portugal? Desse Portugal também

jovem, apesar do milhão que havia votado com os seus pés, emigrando, recusando a vida sem liberdade, sem

mais desenvolvimento, sem maior justiça social.

Lembro bem, lembramos bem o que nos unia, a nós, jovens, dos mais opostos pensamentos, na alvorada

da mudança. Unia-nos: democracia, em vez de ditadura; liberdade, em vez de repressão; desenvolvimento

integral e justiça social mais partilhada, em vez de desigualdade económica, discriminação social, taxas

confrangedoras de mortalidade infantil, de escolaridade e de infraestruturas básicas; e paz em África, em vez

de empenhamento militar sem solução política. Isto nos unia.

Muito do mais nos dividia: os contornos concretos do regime político; o sistema de Governo; a visão sobre a

Europa e o mundo; o papel do Estado, pessoas e organizações; o caminho, o fim, o ritmo da Revolução; o

alcance da Constituição e como ela se deveria conjugar com a Revolução, prolongando-a, moderando-a ou

conformando-a.

Como sempre acontece com as revoluções, cada qual cadinho de muitas, muito diversas, uns veriam os seus

desígnios triunfar no instante inicial, alguns em vários trechos do percurso, outros na primeira versão da Lei

Fundamental, outros ainda no somatório das revisões que a foram moldando a novos tempos e a novos modos.

Em rigor, dos jovens de 74 nenhum pode dizer ter visto vencer tudo o que queria para o seu e o nosso futuro,

mas, olhando ao caminho trilhado, justo é convir que todos acabaram por ver atingido muito do essencial do seu

denominador comum.

Portugal passou de ditadura para democracia, alargou-se a novos universos, tempos e modos, superou

indicadores de educação, de saúde, de habitação, de infraestruturas básicas, de segurança social, que

condenavam à insuficiente progressão educativa, à elevada mortalidade à nascença, a condições de vida e de

proteção sem horizonte.

Construiu tudo isto com uma descolonização tardia, em plena Revolução, e que, por isso mesmo,

desenraizaria tantos regressados e deixaria no terreno tantos anos de combates armados, mas sabendo

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