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II SÉRIE - NÚMERO 25

PROJECTO DE LEI N.° 113/V

ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE ARAZEDE. NO CONCELHO DE MONTEMOR O-VELHO. A CATEGORIA DE VILA

A povoação de Arazede é sede da maior e mais populosa freguesia do concelho de Montemor-o-Velho: 54,1 km2 e mais de 5000 eleitores.

Situada no coração das Gândaras, numa extensa planície de terras férteis, as suas populações — gente laboriosa e afável — têm na agricultura e pecuária as suas principais ocupações.

A origem de Arazede, de comprovada antiguidade, aparece referida no testamento de D. Sesnando, conde de Tentúgal e seu povoador, em 1087, e, em 1112, numa doação de Sandino Gonderedes, senhor da vila de Arazede, ao Mosteiro de Lorvão, por ir abraçar a Ordem de São Bento.

Arazede deve ter sido uma primitiva quinta de Urzal (villae ericete, do latim, urzal) e a sua designação actual encontra evolução etimológica nas expressões grafadas no século x por Arezede, no século XI por Arazedo, no século xn por Araceti e Arazedi e no século xvi por Arzede.

No século xn aparece referida como couto da Universidade de Coimbra, mas no século xv tem mais outro donatário, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, dependente do Bispado de Coimbra.

Possui foral, concedido por D. Manuel I em 23 de Agosto de 1514, o que atesta a sua importância na época, e já então os donatários, a Universidade e o Bispado de Coimbra nomeiam, cada um, o seu juiz ordinário e o seu procurador.

Em 1747 o lugar de Arazede tinha 92 fogos e toda a freguesia 360, existindo os lugares de Vila Franca e Amieiro, cada um com os seus casais, particularidade que viria a manter-se no desenvolvimento da freguesia, com o aparecimento de inúmersos casais, designação de tipo de povoamento que antecede o nome dos lugares (Casais Bizarros, Casais Pelichos, Casais Catar-ruchos, Casais do Amieiro, Casais do Mureteiro, Casais dos Faíscas, Casais do Arneiro Tecelão, etc).

O concelho de Arazede manteve-se até 1836, data em que foi extinto e anexado ao vizinho de Cadima (hoje freguesia do concelho de Cantanhede), que, por sua vez, foi extinto em 1853, passando então Arazede a integrar o território do concelho de Montemor-o-Velho.

A igreja matriz, que já constava do Catálogo de Todas as Igrejas Que Havia nos Anos de 1320 e 1321, foi reformada na segunda metade do século xvui e é hoje um belo edifício de uma só nave; o seu orago é Nossa Senhora do Pranto, representada por uma imagem de pedra.

A igreja possui quatro capelas, sendo a capela-mor a da padroeira e uma das restantes é dedicada a Nossa Senhora e foi mandada construir em 1680 peio capitão Simão Velho da Fonseca, nome que se encontra ligado a grande parte da história da freguesia.

De facto, Simão Velho da Fonseca, que era capitão e a quem foi concedido brasão de armas em 8 de Novembro de 1681, residiu num solar fonteiro à entrada principal da igreja matriz.

Esse brasão mantém-se ainda hoje intacto, apesar da ruína que atingiu o solar em que habitou.

Foi ainda Simão Velho quem igualmente mandou construir, em 1698, o cruzeiro existente em Vila Franca.

Como inicialmente se referiu, Arazede é a maior freguesia do concelho, em área e população, e uma das maiores do distrito de Coimbra.

A planície em que assenta é formada por solos de elevada fertilidade e elevada produtividade agrícola. As produções agrícolas mais significativas são a vinha, a batata, cs cereais, as pastagens, as frutas e legumes frescos, que abastecem os mercados vizinhos e movimentam a sua feira local.

A parte oeste da freguesia, de natureza mais arenosa, mas igualmente muito produtiva, é ocupada por extensas áreas de pinhais que possibilitam a existência de indústrias de serração de madeiras e a extracção de resinas, pez e aguarrás em apreciáveis quantidades.

Os solos argilosos da parte leste permitem a extracção do barro para indústrias de cerâmica (tijolo, telha), e a existência de uma indústria rudimentar de olaria, onde se produzem os utensílios de cozinha comuns usados na região.

Existem ainda na freguesia, em funcionamento e com uma significativa produção, fornos de cai, cujo produto fornece toda a região e que, a par com algumas pedreiras donde se retira pedra para alvenaria, tem um peso apreciável na economia local.

Merece lugar de destaque o enorme valor que representa a pecuária na freguesia de Arazede (o concelho de Montemor-o-Velho é o terceiro produtor de leite do País) e sobretudo o que significa a produção de leite na economia familiar da gente gandareza: ela é conseguida com base em uma ou duas vacas que cada família possui e que trata com especial carinho e abnegação, pois representam não só o complemento do seu orçamento, mas bastas vezes o sustentáculo de toda a família.

Como corolário de toda esta actividade e desenvolvimento, Arazede é servida por caminho de ferro e pela sua estação, a 700 m do centro da sede, recebe os factores de produção de que necessita e escoa os seus produtos; em complemento, uma rede viária nacional e municipal que põe Arazede em contacto com os principais centros da região (Figueira da Foz, Coimbra, Aveiro, Viseu).

Sendo um desejo das populações e uma aspiração antiga, a que é de justiça dar expressão, urge elevar a povoação de Arazede à categoria de vila e melhor oportunidade não se nos afigura do que fazê-lo no 50.° aniversário da consagração como freguesia de !.B classe (Decreto-Lei n.° 27 424, de 31 de Dezembro de 1936).

Tanto mais que, face à Lei n.° 11/82, de 2 de Junho, a povoação de Arazede reúne os requisitos legais para concretizar tal aspiração. Arazede possui:

21 estabelecimentos comerciais, de ramos vários;

Barbearias;

Farmácias;

Fornos de cal;

Fábricas de cerâmica;

Serralharias;

Talhos;

Feira de gado, cereais e fazendas a 7 e 24 de cada mês;

Estação de caminhos de ferro;

Estação dos CTT;

Táxis;