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beleceo-se o maximo, e minimo que se julgou conveniente para que os Empregados não deixassem de ter a sua sufficiente sustentação. No artigo 6.° trata-se de todos os Beneficios Parochiaes, e no fim do mesmo artigo tratou-se de todos os Bispados. Como pois diz o Illustre Preopinante que se tratou só da Patriarchal, pois não tratou elle de todos os Benefiçios que erão grandes no Reyno? por ventura todos os Decretos que havia no Reyno de Portugal do tempo da Invasão guardarão essa justiça? esses Decretos que forão inteiramente barbaros? porque se dizia "Todo o Beneficio Ecclesiastico pague hum terço" e havendo Beneficios que tem trezentos mil réis, tirando-se o terço ficavão só com duzentos? aqui não havia injustiça? Digo pois que a Commissão de Fazenda não tratou de hum estabelecimento que deve, passar pela Commissão eclesiástica; tratou de fazer huma imposição: e que tem esta com o plano que, ha de fazer a Commissão Ecclesiastica;? Portanto sustento, e sustentarei, que admittidas as modificações a respeito dos Parochos, a Commissão de Fazenda obrou com consideração.

O senhor Castello Branco. Eu fallei contra a desigualdade que se acha nesta providencia, e para a mostrar em hum golpe de vista basta reduzir a summa os tres paragraphos do projecto. Paragrapho 4.° a summa da doutrina he esta: "Os Beneficios da Patriarchal, ètc. ficão já reduzidos a ametade." Paragrapho 5.° o resumo he este: "Os Beneficios das Cathedraes quando vagarem ficão reduzidos a seis centos mil reis." Logo os actuaes desfructão os rendimentos de todos os Beneficios; e os Beneficios de tal e tal ficão reduzidos a tanto. Por tanto he manifesta a desigualdade; porque ha duas Igrejas em que se reduzem os Beneficios desde já a ametade, e ha outras Igrejas; como os Bispados de Braga, e Coimbra, que ficão em quanto vivem os Beneficiados desfructando os seus rendimentos. Já, todos vèem que isto he a maior desigualdade, e injustiça manifesta. Eu reconheço os principios, e necessidade da Nação; deve-se impôr huma Contribuição, Creio que aos Commendadores, igualmente se deve impôr huma Contribuição, mas não como impuzerão os Francezes: essas forào impostas pela força, e tyrannia. Eu não tinha, necessidade de fallar nisto; todos aqui presentes, estão convencidos da tyrannia do Decreto; e pela sua desigualdade, muito aproximada á do Decreto Francez, he que eu fallei da doutrina destes paragraphos. Imponha-se huma Contribuição, mas huma Contribuição igual e, justa, porque rasão o Principal, que tem doze mil cruzados, ha de ficar com seis mil cruzados, e porque rasão o Beneficiado, que tem sette centos mil reis, ha de ficar com trezentos e cincoenta? Depois deve fazer-se differença de Beneficios na Corte e Beneficios nas Provincias. Trezentos mil réis, que he o minimo, póde ser muito bastante em Tráz-os-Montes, Minho, e outras partes. Tezentos mil réis em Lisboa, he nada. Ha muitos Beneficiados que çontão com seis centos mil réis, que contão com a propriedade do seu Beneficio debaixo da fé, e auctoridade da Ley, que elles não previão que havia de ser revogada, que tem a sua familia desamparada, que elles devem por principios de justiça e humanidade alimentar, e que por consequencia, mesmo sem terem vicios e extraviarem os rendimentos do seu Beneficio, estes lhes são absolutamente precisos; por isso, se se póde fazer economia, nunca he a de ametade. Por consequencia havemos de coarctar estes Beneficies de huma maneira tal que vamos Decretar a miseria de muitas familias, pôr em desamparo Pays, Irmans de hum Beneficiado que lhe servia de apoyo; e isto em hum momento? Por isso he que eu dizia que era hum objecto que se devia tratar de proposito, e não por transena. Conheço a connexão que huma cousa tem com outra, mas requeiro que isto se decida com consideração. Ha desigualdade, torno a repetir: reconheço os principios; reconheço a necessidade da Nação, a urgencia do Estado; voto mesmo em que se imponha huma Contribuição; mas quero que não seja huma Contribuição á Franceza.

O senhor Borges Carneiro. -- Argumenta-se com a Contribuição Franceza, mas não se falla na da Governadores do Reyno. Diz-se que a Contribuição não deve ser posta, sem se ver, e examinar cada hum dos Beneficios: em fim eu reduzo isto. Os bens Ecclesiasticos sabe-se os meios com que os Ecclesiasticoa, se fizerão senhores delles. He tão grande a multidão dos bens Ecclesiasticos que por hum calculo não exagerado tem elles num rendimento em dobro do que tem o Thesouro Publico. Ora estes bens são vota Fidelium, Patrimonia pauperum; isto ninguem póde negar. S. Bernardo nas suas Cartas a Eugenio 3.º, sentia o luxo para que concorrião estes bens Ecclesiasticos. Os Padres mais admiraveis da Itália persuadirão, e fizerão com que se vendessem os Vasos Sagrados para todas as Causas Pias. Em todas as nossas Leys, se sabe que Causa Pia, e a mais Pia he a Causa Publica. Houve tempo em que era doutrina constante, que para remir os peccados, para entrar no Ceo não havia cousa melhor do que deixarem os Fieis os seus bens, á Igreja. Os Fieis estavão persuadidos, que nem os Sacramentos nem o soccorro dos pobres tinha tanta força para conseguir a remissão dos peccados como deixar os bens á Igreja. Os Padres da Companhia não tiravão á força os bens aos proprietarios, mas persuadião-lhe esta doutrina, assim se hião fazendo senhores do Mundo inteiro. Se elles ensinassem que a sustentação dos pobres devia merecer a sua consideração, melhor era. A Igreja, pois, por estes meios, adquiriu tantos bens que ella, se fez senhora de mais dinheiro do que talvez a Nação toda. Quando se trata de huma divida que se sabe que somma acima de 60 milhões, quando se sabe, que se não póde satisfazer ao déficit, todos dizem " deve-se pagar, deve-se lançar mão de alguma cousa para o satisfazer; mas isto (dizem) deve fazer-se com circunspecção. Os Governadores do Reyno dizem que não podem continuar no Governo sem entrar dinheiro para o Erario: então de que se ha de lançar mão? Hiremos aos Pescadores de Cezimbra, que pagão só de alcavallas Ecclesiasticas e Seculares alguns 13 contos? Hiremos aos Lavradores, ou hiremos aos Ecclesiasticos? Senão fossem as Leys de amortização, podiamos dizer que estavamos já no paiz dos Druidas, de que