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8 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Permittam-me no entanto, que eu, de entre todos, destaque dois, porque muito de perto soube avaliar a sua obra e as suas qualidades: o Arcebispo de Portalegre e Jaime Artur da Costa Pinto.

O primeiro era uma honra do episcopado português, em que se encontram homens de alta envergadura e que honram a pátria, como Frei Bartholomeu dos Martyres e Frei Caetano Brandão.

O Arcebispo de Portalegre era um espirito cultissimo, desempenhando as altas funcções do seu cargo de forma tão correcta que conquistou a estima e o respeito de todos.

Nada mais direi sobre este illustre prelado, porque a sua ultima vontade, que eu quero respeitar, foi de que não lhe fizessem elogios.

Ha pouco, no Parlamento Francês, Léon Bourgeois disse uma cousa que ficou impressa no meu coração: é que ha uma immortalidade que todos nós podemos conquistar - é sermos bons e uteis.

Nada se perde na natureza; e essa parte de nós mesmos que damos á nossa vida é o nosso quinhão de immortalidade sobre a terra.

As qualidades affectivas de Costa Pinto e a sua bondade eram tamanhas, que o impuseram ao país inteiro. (Apoiados).

Sabendo eu quanta dedicação é precisa para a obra da educação de menores, e sabendo eu quanta dedicação Costa Pinto tinha pelo Instituto de que era director, não podiam ser mais sinceras nem mais sentidas as palavras que proferi.

Tenho dito (Vozes: - Muito bem).

(O orador não reviu).

O Sr. Arthur Montenegro: - Sr. Presidente: pedi a palavra para agradecer a V. Exa., ao Governo e aos meus collegas as palavras que proferiram, de justiça para a memoria do meu querido e saudoso pae, o general Montenegro, e de benevolencia para mim - palavras que muito me sensibilizaram.

O Sr. Presidente: - Estando esgotada a inscrição e em vista da manifestação de todos os lados da Camara, considero a proposta approvada. (Apoiados geraes).

Está nos corredores da Camara o Sr. João Augusto Pereira, que deseja prestar juramento.

Convido os Srs. Garcia Guerreiro e Soares Branco a introduzirem S. Exa. na sala.

E introduzido na sala, presta juramento e toma assento.

O Sr. Presidente: - A Camara conhece a pavorosa catastrophe que, ainda ha pouco tempo, enlutou a Italia, essa nação que, pelo seu passado, tanto illustrou a historia, e que, pelo seu presente e pelas aspirações do futuro, tanto honra a humanidade.

O antigo Presidente d'esta Camara, o Sr. Libanio Fialho Gomes, interpretando o sentir de todos nós, telegraphou a El-Rei Victor Manuel e aos Presidentes do Senado e da Camara dos Deputados, apresentando-lhes as nossas condolencias por tão terrivel desastre.

El-Rei Victor Manuel e os Presidentes das duas casas do Parlamento Italiano responderam com os telegrammas que vou ter a honra de ler á Camara:

"Presidente da Camara dos Deputados. - Portugal. - Expresso-vos, Sr. Presidente, o meu sincero reconhecimento pela commovedora sympathia que me exprimiu pelo terrivel desastre, cujas funestas consequencias me compungem e a todo o meu povo. = Victor Manuel".

"Tornando-me interprete do gratissimo sentimento do Senada Italiano, agradeço ao Sr. Presidente da Camara Portuguesa as expressões de sentida condolencia no presente luto da Italia. = O Presidente do Senado, Monfredi".

"Em nome dos meus collegas, dos quaes eu sou seguramente o interprete dos sentimentos, peço-vos para manifestardes á Camara Portuguesa o nosso mais vivo reconhecimento pelas expressões da affectuosa condolencia que por vosso intermedio nos dirigiu neste momento de profunda consternação para a nossa patria. = O Presidente da Camara dos Deputados, Marconi".

Está, pois, cumprido pelo antigo Presidente desta Camara um dever de cortesia internacional. Nem todo o caso, se a Camara entender ou desejar com-memorar ou fazer qualquer proposta no sentido de manifestar a sua condolencia, eu darei a palavra a qualquer Sr. Deputado sobre o assunto;

O Sr. Conde de Paçô-Vieira: - Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar, em meu nome e dos meus amigos deste lado da Camara, ás palavras proferidas por V. Exa. pela grande desgraça que enlutou toda a Italia e fez estremecer de horror todo o mundo civilizado. (Apoiados).

Portugal sentiu como sua essa grande desgraça, e ninguem melhor do que nós pode bem comprehende-la, porque, infelizmente, já soffremos ha pouco mais de um seculo identica desgraça.

E, se para desgraças desta natureza houvesse consolações, a Italia tinha-as recebido completas ao ver esse grande movimento de solidariedade humana em que se reuniram todos os povos para tentar mitigar o seu grande infortunio.

Portugal não faltou nesse movimento, e, se o nosso concurso foi insignificante, pouco, é porque nós somos pobres, mas a nossa dor foi grande. (Apoiados).

Nós demos alguma cousa, e demo-lo com carinho, com amor, porque o povo português é bom e é generoso. (Vozes: - Muito bem).

Oxalá, pois, e são esses os meus votos, que a Itália que é tão grande, tão generosa, saiba receber deste pequenino país que tanto a respeita, que tanto lhe quer, aquillo que elle deu com a alma e com o coração. (Vozes: - Muito bem.

(O orador não reviu).

O Sr. Moreira Junior: - Pedi a palavra para, em nome do partido progressista, me associar não só ás palavras de dolorosa confraternização contidas no telegramma do nosso illustre ex-Presidente, Libanio Fialho Gomes, mas para me associar tambem ás palavras de sentimento proferidas por V. Exa. É que umas e outras traduziam não só o sentimento da Camara mas o de todo o pais, (Apoiados) é que a desgraça enorme que assolou e affligiu a Italia se repercutiu em todo o mundo e ao mesmo tempo provocou o alto movimento de solidariedade que é uma honra para a humanidade. (Apoiados).

N'esse movimento de intima solidariedade, de profunda e piedosa confraternização, encontrou-se Portugal, que mais uma vez pôs em evidencia, por variadissimas formas, o que ha de bom, de grande, de piedoso e generoso tambem no seu coração. (Apoiados).

As palavras, do nosso illustre ex-Presidehte, as palavras de V. Ex.a, traduzem o nosso sentimento intimo, o sentimento de todo o pais, e porque assim é, a ellas me associo, as applaudo e proponho que, independentemente do que está feito, na nossa acta se consigne um voto de profundissimo sentimento pela desgraça que victimou a nação amiga e em seguida se encerre a sessão. (Vozes: - Muito bem).

(O orador não reviu).

O Sr. Pereira dos Santos: - Sr. Presidente: em nome da opposição regeneradora associo-me, tambem ás palavras proferidas por V. Exa. As minhas palavras não