O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

SESSÃO DE 17 DE JANEIRO DE 1890 75

querer exercer. Peço, por consequencia, ao governo que no seu proprio interesse mantenha a ordem publica n'aquella villa.
De lá me dizem em cartas e telegrammas, que não leio agora para não cansar a camara, que se o governo não mantiver a ordem, elles a manterão pela sua propria força e auctoridade particular, que a têem bastante; ora é isso o que eu não desejo; é isso que eu pretendo evitar. Peço ao governo que, animado do verdadeiro espirito de imparcialidade e rectidão, que deve sempre presidir aos actos dos que se sentam nos conselhos da corôa, por fórma alguma tente favorecer os seus amigos politicos, n'isso que o sr. ministro da marinha pareceu dizer que era apenas uma questão de vingança.
Seria vingança, mas é injusta e má, e não a auxilie o governo; colloque a paz e a segurança publica acima de todas as considerações partidarias; faça justiça direita; exerça severidade igual; esqueça os aggravos politicos que soffreu, para se lembrar sómente de que não tem nas suas mãos o bastão da auctoridade para o converter em instrumento de revindictas pessoaes, nem lhe foram confiadas as rédeas do poder para com ellas fustigar as garantias individuaes e as liberdades publicas.
O sr. Ministro da Marinha (João Arrojo): - Desejo simplesmente acrescentar algumas palavras ás considerações que ha pouco fiz em resposta ao illustre deputado.
Não houve no que eu disse, entrelinhas, duvidas ou hesitações, e muito menos qualquer pensamento de vingança ou revindicta. (Apoiados.) A minha declaração foi franca e formal.
Fiz apenas uma referencia a acontecimentos que eram conhecidos de todos, a actos de barbaridade, cuja analyse n'este momento não quero nem preciso fazer, praticados ha dois ou tres annos, seguindo-se um estado de illegalidade e de anormalidade lamentavel, como por varias vezes foi revelado n'esta casa por differentes srs. deputados. (Apoiados.)
O sr. Barbosa de Magalhães, menos justo nas suas apreciações, parece receiar que o governo, nos actos que tenha de praticar relativamente ao estado de Ovar, se deixe guiar por qualquer espirito de parcialidade em favor dos seus correligionarios politicos.
Peço licença para observar que o illustre deputado, depois de ter dito ao governo que não quizesse desculpar os abusos e desordens agora occorridas em Ovar, como actos de vinganças, a pouco trecho desmentia por completo as suas palavras, quando dizia que do lado dos seus amigos é que estava a força e o direito de usar d'ella. Evidentemente, se a força está do lado dos seus amigos, s. exa. deve ter a certeza de que não é do nosso que póde partir a provocação. (Apoiados.)
Dito isto, termino assegumndo de novo a s. exa. que o governo procederá no uso mais imparcial, mais digno e mais firme dos meios de que póde dispor para restabelecer a ordem publica em Ovar. N'este intuito praticará unica e simplesmente o que for conforme as regras da legalidade e de justiça. (Apoiados.)
(S. exa. não reviu as notas tachygraphicas.)
O sr. Presidente: - A ordem do dia para amanha é a eleição de commissões, começando-se pela de resposta ao discurso da corôa.

Está fechada a sessão.

Eram mais de seis horas da tarde.

O redactor = S. Rego.