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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

são de sabbado por motivo justificado; e, se estivesse presente, teria votado afirmativamente a proposta apresentada pelo sr. Pereira de Miranda juntamente com a declaração addicional do sr. Luiz de Campos.

Mando para a mesa uma representação da associação commercial de Braga contra a proposta de lei apresentada pelo sr. ministro da fazenda para reconstituir o banco de Portugal.

Este documento, que foi votado n'aquella associação por Unanimidade, é a todos os respeitos digno de merecer a seria consideração da camara. As suas conclusões não podem ser mais sensatas nem mais moderadas.

Aquella associação pede á camara dos senhores deputados que a questão da circulação fiduciária não se resolva sem um detido inquerito e um minucioso exame que habilite o governo e o parlamento a saberem o modo como devem proceder.

Peço a V. ex.ª que, de harmonia com o que é pratica n'esta casa, este documento seja impresso no Diario do governo; e se por acaso esta camara não tomou ainda uma resolução a respeito das representações que sobre este assumpto já foram mandadas, creio eu, peço a V. ex.ª que submetta á sua deliberação se consente n'isto.

Não posso deixar de dizer a V. ex.ª que tomo toda a responsabilidade da representação que mando para a mesa, e quando se discutir este assumpto sustentarei com os fracos recursos de que posso dispor os aggravos de que os peticionarios se queixam, e alem d'isso a racionalidade do requerimento que dirigem á representação popular.

O sr. Presidente: — O sr. deputado pede que a representação que mandou para a mesa seja impressa no Diario do governo. A camara já deliberou que uma representação similhante, da associação commercial do Porto fosse publicada na folha official; por consequencia estou certo que concorda que esta igualmente o seja. (Apoiados.) Manda-se por isso publicar a representação.

O sr. Cunha Belem: — Renovo a iniciativa do projecto que apresentei na sessão passada para serem isentos do imposto municipal alguns officiaes reformados e outros funccionarios. Renovo igualmente a iniciativa de outro projecto apresentado na sessão preterita para ser concedida á junta de parochia de freguezia de Nossa Senhora da Luz do concelho de Lagos, a posse de uns quarteis em ruinas para n'elles se mandarem construir as salas para as sessões da mesma junta.

Aproveito esta occasião para mandar para a mesa um requerimento da sr.ª D. Maria Luiza de Mello Pinto de Sousa, viuva do tenente de caçadores de Africa occidental Manuel Maria Pinto de Sousa, pedindo uma pensão com que possa minorar os seus soffrimentos. Este official morreu na volta da guerra dos Dembos, e póde considerar-se como tendo fallecido em consequencia de doença adquirida na mesma guerra.

Peço á camara que tome este pedido em toda a consideração, attenta a sua justiça.

Mando tambem um requerimento de Alexandre de Campos Forte, tenente quartel mestre de infanteria n.º 15, que renova o pedido feito no anno passado relativo a uma gratificação para Os membros da sua classe.

Participo finalmente a V. ex.ª que se constituiu a commissão de recrutamento, nomeando para presidente o sr. Calhará Leme e a mim para secretario.

O Sr. Dias Ferreira: — Mando para a mesa fim requerimento de José Chrispiniano da Fonseca e Brito, director do correio de Aveiro, em que pede, pelas rasões expostas no mesmo requerimento, que as disposições das artigos 9.º do decreto de 30 de dezembro de 1864 e 14.° do decreto de 12 de novembro de 1869 e seus §§, relativas ás aposentações dos empregados postaes, se tornem extensivas aos directores de correio.

Peço que esta petição seja enviada á commissão respectiva, á qual rogo a tome na devida consideração como é de justiça.

O sr. Custodio José Vieira: — Desde sabbado que estou alquebrado e rouco, mas é necessario que eu falle e hei de fazel-o. Desde já porém previno a v. ex.ª e á camara de que o farei com a pausa* é a placidez que exige o meu estado e com a compaixão do homem que não sabe ter odios e que vê aos pés prostrados os seus adversarios ou antes quasi exânimes, mas ainda assim iracundos, como Turno.

Quando no principio d'esta sessão entrei n'esta casa, era meu firme proposito não levantar á rainha) humilde voz senão quando o meu imperioso devei" indeclinavelmente o exigisse; mas quando, Como diziam os philosophos gregos, o demónio interior nos agita, ou era phrase mais co-mesinha, quando a paixão nos domina, as mais firmes tenções cedem aos Ímpetos de momento. For o que me aconteceu no sabbado por occasião do incidente motivado pelo regresso da opposição desertora á esta casa.

Amo a rhetorica, porque apesar de andar em moda declamar-se contra ella (creio que o fazem aquelles a quem ella se mostra mais esquiva) tenho-a é tive-a sempre como a grammatica do bello; mas acima da rhetorica está o amor da verdade, que me leva irresistivelmente a combater o erro onde quer e quando quer que elle se me depare.

Não sou nunca á arte laboriosamente estudada no gabinete e composta e arrebicada ao espelho; sou a natureza rude e agreste, se quizerem, e por isso póde o meu illustre amigo o sr. Pinheiro Chagas ter a certeza de que não hei de nunca disputar-lhe os privilegios canoros de rouxinol d'esta sala: prefiro ser, como me contaram que elle de mim dissera, 0 trovão, que ribumbando de echo em echo pelas arcadas do edificio, Vae lá abaixo pôr em alarma a guarda; que convem que esteja sempre alerta, podendo comtudo desde já dizer ao meu collega, que de certo não será nunca para commetter o minimo attentado contra a sua respeitabilissima pessoa;

Passaram já para! mim ha muito os tempos da vaidade; mas ainda assim não posso deixar de dizer a V. ex.ª que o dia de sabbado 27 do corrente me deixou para sempre grata lembrança, porque parece-me que afoitamente posso dizer que então fui o fiel interpretei da illustrada maioria d'esta casa. (Apoiados.) E apesar d'isso quer V. ex.ª, saber o que diz o orgão doar partidos fundidos, e menos bem fundidos do que confundidos?

Permitta-me V. ex.ª e a camara que eu leia.

(Leu.)

Não creia V. ex.ª nem a camara que eu venha queixar-me d'esta apreciação. Não é esse o meu costume; não me queixo nunca dos maus tratos que me dão os meus adversarios; porque em vez de lhes pedir benevolencia peço-lhes rigor, que me dê direito a corresponder com mais rigor.

É este o meu systema.

Quem não tem animo e coragem para entrar na luta não entra n'ella. (Apoiados.)

E por isso, sr. presidente, em vez de me magoarem estas apreciações, estava quási tentado a dizer a V. ex.ª e á camara que ellas me lisonjeiam; porque diz um escriptor notavel, que a importancia dos homens politicos se mede principalmente pelo odio dos adversarios.

E veja V. ex.ª que odios os d'elles, que nem ao menos lhes consentiram no animo a simples imparcialidade artistica!!

Já houve quem dissesse que á eloquencia não estava no orador, mas nos ouvintes; em regra, isto não é verdade, mas foi-o aqui no sabbado.

Eu era apenas a voz, a alma era a da maioria. (Apoiados.)

Apesar d'isso V. ex.ª de certo reconhece que eu não posso deixar de rectificar alguns dos assertos que li. Diz o orgão das opposições fundidas que não compre