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4 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

não tratar, no cumprimento do nosso dever, dos negocios dos circulos que representamos, ou que para poupar o Governo, guardamos silencio sobre as reclamações que nos são feitas. (Apoiados).

Eu comprehendo que o (Governo queira o silencio de todos os seus actos, porque não sendo elles nem legaes, nem regulares, pouco agradavel lhe será ouvir as recriminações da opposição; mas esta é que não pode nem deve fazer lhe a vontade, o por isso protesta contra este regime de mordaça o de silencio que nos querem impor como á imprensa, não nos dando antes da ordem do dia tempo preciso para tratarmos de negocios que, parecendo de somenos importancia, não o sito, porque todos os negocios que dizem respeito as país, devem merecer igual attenção ao Governo e á Camara.

Posto isto, tenho a honra de mandar para a mesa uma representação da Camara Municipal da cidade de Coimbra, muito semelhante a uma outra que ha dias foi dirigida ao Governo o do que decerto o Sr. Presidente do Conselho já tem conhecimento, na qual a Camara pede providencias imediatas e urgentes, a fim de se repararam os grandes estragos produzidos pelas ultimas inundações do rio Mondego, na cidade de Coimbra.

Depois da cheia de fevereiro de 1900, que foi extraordinariamente grande, como de outra assim não ha memoria, e que demandou providencias excepcionaes, que só começaram a ser executadas, mas que não se concluiram, nada se fez para prevenir os prejuizos que agora se deram porque apenas então se repararam os estragos principaes, e as verbas para as obras a realizar foram desviadas do seu legitimo fim, e estas ficaram paradas.

O resultado d'esta indiferença e desleixo censuraveis, foi que, com a ultima cheia os estragos produzidos foram ainda maiores o mais perigosos, estando a cidade cinco ou seis dias completamente alagada.

A Camara Municipal de Coimbra relembrando este facto, vem, numa representação, muitissimo bem redigida, em termos que não pode deixar de ser attendida e publicada na Folha Official, solicitara o Governo que, immediatamente, por providencias extraordinarias, mande não só reparar os grandes estragos produzidos, quer a jusante quer a montante da ponte, mas que se completem os trabalhos ha muito iniciados, dos cães e avenidas, que foram agora em grande parte inutilizados, por estarem parados ha cinco ou seis meses.

A cheia d'este anno foi de tal ordem, que chegou a interromper o transito na estrada da Beira, ao porto dos Beatos, o mais bello passeio da cidade; e igual desastre só deu na linha ferroa entre a estação nova e a velha, pois foi ahi que se rompeu um dique inundando as insuas e predios da vizinhança até á cidade.
Devido ao constante assoriamento do rio, com grande elevação no leito, a mais pequena porção de agua que elle leve, faz com que as insuas marginaes se inundem e a cidade baixa porra eminente risco.

Já em 1900 quando foi da outra enorme enchente, uma vistoria que ali ao fez, reconheceu a necessidade de se altear naquelle ponto não só a linha ferrea mas os muros de supporte e defesa na margem do Mondego.

A Companhia do Caminho do Ferro, vendo que não podia obter que esse trabalho fosse mandado fazer pelo Governo, tratou ella mesma de altear a linha o assim defendeu, até certo ponto, a cidade pelo lado Amado e da Sophia.

Da falta do promptas e acertadas providencias, como se prometteram, de 1900 até hoje, resultou o grande prejuizo que se deu agora, chegando as aguas a attingir tal altura, que entrando no centro da cidade e no Templo de Santa Cruz, foram até ao altar mor, estando esta monumental igreja 3 ou 4 dias com alguns metros de altura de agua.

Imaginem V. Exa. quando isto succedeu no Templo de Santa Cruz, como estariam as Olarias, a Sotta, Ruas da Louça, da Solla, da Moeda, o Largo do Padrão, o os prejuizos que esta inundação causou, tendo as familias que ali habitavam de serem retiradas pelas janellas dos segundos e terceiros andares, para os barcos que se empregavam no soccorro e salvamento das victimas, na maior parte gente sem meios a quem a Camara e a Misericordia eram obrigada? a fornecer alimentos.

Pede tambem ao Governo esta Camara Municipal, na sua representação, que o Governo fará concluir as obras do projecto já approvado para o alteamento do cães, que esta orçado em 120:000$000 réis, e de que apenhas se gastaram 90:000$000 ou perto de 100:000$000 réis, empregando-se o resto da dotação, desde já, no alteamento e complemento do cães e no da Avenida Emygdio Navarro, que vae da antiga portagem até ao Porto dos Bentos, que está só em meio, pois para isso não precisa verba especial porque já está consignada de ha muito nos orçamentos.

As ponderações que a Camara Municipal faz, são de tal justiça e devem de tal forma calar no animo do S. Exa. que espero que o Sr. Presidente do Conselho recommendará ao Sr. Ministro das Obras Publicas, com todo o empenho, as providencias necessarias e urgentes, para que no proximo inverno não haja muitos mais estragos e victimas a lamentar e que se não repitam estes factos.

Começa agora a epoca mais apropriada de principiar os trabalhos, e se o Governo quiser mostrar um pouco de boa vontade, dando pressa para que se concluam as obras encetadas, prestará um grande serviço á cidade do Coimbra, e a todo o país aonde os membros das familias que ali teem seus filhos nos estudos estão constantemente sobresaltadas pelas más noticias que recebera.
Outro assumpto importante sobre que a camara municipal representou ao Governo, é o da canalização dos esgotos.

V. Exa. Sr. Presidente, não calcula o que succedeu, agora, com as inundações na parte da canalização que estava feita, por signal que pessimamente construida.

Como não tem bons escoantes, nem saída nos collectores, o resultado foi que a força da corrente das inundações faz refluir todas as immundicies d'esses canos pelas ruas da baixa, e os dejectos se espalharam nesta parte da cidade, com grande perigo para a saude publica.

V. Exa., Sr. Presidente, não pode calcular bem o que havia nisto de grave, de perigoso, para a hygiene da grande população agglomerada em Coimbra.

É preciso, é urgente, acabar por uma vez com taes perigos e com tão repugnantes expectaculos, improprios de uma cidade com foros de civilizada, aonde existe o nosso primeiro estabelecimento scientifico, e se abriga a flor da mocidade portuguesa.

Voltando á canalização. Foi projectado que as suas obras se dessem de empreitada.

O Governo transacto abriu concurso para as obras da canalização dos esgotos da cidade de Coimbra, segundo o projecto e plano que mandou elaborar e apresentou approvado; mas é certo que para esta cidade, succedeu e o mesmo que succedeu para a cidade de Lisboa; o concurso ficou deserto e as obras tiveram que começar por administração, mas muito vagarosamente. Estabeleceu-se então que no Orçamento se destinassem 10:000$000 réis annuaes, para se irem fazendo parcialmente alguns canos nos pontos onde fossem mais indispensaveis em relação ás condições hygienicas da cidade. E com esta pequena verba que todos os annos se vem applicando, começaram e tem continuado lentamente na cidade alta, a construcção dos primeiros canos em harmonia com a rede geral do piano que fora objecto do concurso.

No anno passado porem, succedeu o seguinte facto extraordinario: eu apresentei ao Parlamento, na discussão do Orçamento, uma emenda para que se distrinçasse da verba de 80:000$000 réis, destinados para obras hydrau-