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facto e a intenção de apresentar o Sr. Presidente do Conselho como contradictorio nesta Casa, eu protesto neta Explicação contra similhante interpretação, que o nobre Deputado deu ás minhas palavras, desfigurando-as, ou alterando-as: não quero dizer que o Sr. Deputado foi desleal, mas direi, na frase do Regimento, que foi menos correcto. Eu bem sabia, como sabe o nobre Deputado, que nunca foi declarado ministerial este celebre debate eleitoral, começado já pelo art. 63 da Carta, e continuado pelo art. 1.º do Projecto n.º 48, eu bem sabia, como sabe o nobre Deputado, que se acaso o illustre Presidente do Conselho tivesse feito a questão ministerial o anno passado, e agora a não fizesse, então poderia ter caído n'uma contradicção, ora se isto assim é, como podia o nobre Deputado vir ao menos com plausibilidade, com verosimilhança, attribuir-me uma injuria, que além de fundada em falsidade de facto, não podia por mil outras razões e considerações, passar ao menos pelo meu pensamento? Pelo menos significa este modo de proceder absoluta falta de benevolencia da parte do nobre Deputado para comigo, e eu tenho a convicção de que não merecia ser assim tractado pelo nobre Deputado.

A segunda accusação que o nobre Deputado me fez é, que eu injuriara os Membros da Commissão Eleitoral (e não sei mesmo se a Maioria da Camara) chamando-lhes revolucionarios e anarchistas — nesta parte escuso de dar Explicações, porque o nobre Deputado retirou todas as palavras que tinha dito, mas sempre lembrarei que receando já quando estava fallando que as minhas palavras não fossem ouvidas, repeti em voz bem alta — «Note-se que não chamo revolucionarios nem os Illustres Membros da Commissão, nem os que seguem igual opinião, digo sómente, que na douctrina da 1.ª parte do art. 1.º do Projecto em discussão, os illustres Deputados abraçaram o Credo, a douctrina revolucionaria.»

Apezar desta prevenção não pude evitar que o illustre Deputado pertendesse lançar sobre mim o odioso, de que eu chamara revolucionarios e anarchistas, aos Membros da Commissão Eleitoral.

A terceira parte da accusação, a que respondo; é a descortezia que o illustre Deputado me attribuiu, para com outro illustre Collega nesta Casa, que sinto não ver presente quando lhe notei que tendo votado o anno passado pela constitucionalidade do art. 63, votasse agora pela eleição directa.

O Sr. Avila: — Foi palavra que não disse.

O Orador: — Se S. Ex.ª não disse isto, então cessou a necessidade da minha explicação neste ponto, mas parece-me, que ainda tenho nos meus ouvidos as seguintes palavras — que eu fora descortez quando affirmava que aquelle Sr. Deputado não expozera á Camara as razões, que modificaram a sua opinião.

O Sr. Avila: — Taes palavras não disse.

O Orador: — Basta; visto que o Sr. Deputado insiste em que tal não disse, acabou-se esta questão.

Agora vamos aos motivos máos. S. Ex.ª sabe perfeitamente, que é prohibido em termos expressos pelo Regimento, que na discussão se alluda a motivos máos, qualquer que seja a opinião, que um Deputado defenda, ou sustente, mas o Sr. Deputado disse «eu bem sei a razão, porque o Sr. Deputado vota pela eleição indirecta, é porque tem saudades do tempo antigo.»

O Sr. Avila: — Não disse tal.

O Orador: — Então acabou-se, se tambem não disse isto, então acabou-se a questão.

O Sr. Avila: — Peço licença. O Sr. Deputado tinha dicto, que nós, a Commissão, tinhamos acceitado o credo anarchista, e eu disse, que tendo examinado o Projecto, não lhe achava principio nenhum, que merecesse esta imputação, e que talvez o principios que se achavam no Projecto, que merecessem esta imputação, fossem as provisões para manter o sigillo do escrutinio, e para evitar, que as Auctoridades forçassem a consciencia dos Eleitores, e por esta occasião accrescentei, que talvez o nobre Deputado tivesse saudades do tempo, em que o segredo da Urna não era respeitado, e em que as Auctoridades impunham a Lei aos Eleitores: mas apenas o nobre Deputado explicou o seu Discurso, eu declarei, que retirava tudo o que o tivesse podido offender, e fiz-lhe um elogio, que retiro agora.

O Sr. Corrêa Caldeira: — Dispenso os seus elogios.

O Sr. Avila: — Retiro agora, porque o Sr. Deputado não entende essa lingoagem. O Sr. Deputado tinha dado uma explicação, que era tão offensiva, como a frase a que se alludia, porque nessa explicação continuava a dizer, que nós tinhamos acceitado o credo dos anarchistas, e eu tive a generosidade de me dar por satisfeito, e de retirar tudo o que tivesse dicto, que tivesse desgostado o Sr. Deputado: entre Cavalheiros estavam dadas as explicações, mas o Sr. Deputado não entende esta lingoagem, e eu não posso ensinar outra ao Sr. Deputado nesta Casa. Eu felicitei o Sr. Deputado pela explicação que havia dado, felicitei-me a mim, e felicitei a Camara por tal acontecimento; appello para os Srs. Deputados que me ouviram nessa occasião, digam elles senão foi esta a minha lingoagem. (Apoiados) Portanto torno a dizer, entre Cavalheiros, as explicações estavam dadas, e não era no fim de dez dias que o Sr. Deputado devia vir renovar este assumpto, servindo-se da lingoagem, que empregou. O Sr. Deputado devia saber, que quando se retira uma frase, é o mesmo que se essa frase não tivesse sido pronunciada.

O Sr. Corrêa Caldeira: — Em vista do que o Sr. Deputado acaba de dizer, asseverando, que retirou tudo o que tinha dicto, não quero continuar porque lhe abandono tolo o merito da linguagem, que usa. O Sr. Deputado affirma que retirou todas as expressões que julgou offensivas, mas eu entendi, e entenderam muitos que ficara em pé a imputação que me fora feita com relação ao nobre Ministro do Reino, a supposta descortezia, e as taes saudades do tempo em que se viciava o escrutinio.

O Sr. Avila: — Não deixei em pé cousa alguma, porque disse que retirava tudo.

O Sr. Correa Caldeira: — Não, não; ficou em pé a allusão que dirigiu a respeito do meu comportamento, ou que alguem poderia reputar a elle allusiva, e eu quero dizer bem alto, na minha vida publica, no desempenho das minhas funcções tenho a consciencia de não ter uma só vez faltado ao meu dever, fazem-me essa justiça todos os Partidos Politicos, eu posso ter mais sympathia por um do que por outro Partido, mas nunca por isso fallei aos deveres que a Lei e a minha consciencia me impõe, nem para com os Partidos, nem para com os individuos, accrescento mais, que no exercicio do meu