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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

se exerceu já. E quando tivesse de fazer cedencia a esses casos futuros, a camara preferiria o sacrificio que fizesse agora como preferiu aquelle que se fez no passado.

Esta referencia creio eu que é allusiva ao accordo que se fez com a companhia do caminho de ferro de sueste, e Be não é, peço ao illustre relator da commissão, que vejo na minha frente, o favor de me esclarecer a este respeito.

E este um dos pontos em que eu verdadeiramente me felicito de que fosse trazido á camara sem ser por mim, porque na realidade não houve discussão nem haverá nunca explicação que me possa satisfazer ácerca dos incríveis acontecimentos, acontecimentos a que este accordo do caminho de ferro de leste sujeitou a nação portugueza. Eu sou dos que me achei só lutando contra toda a gente, contra os poderes constituidos, contra a imprensa, contra os jornaes portuguezes, não digo todos, contra os jornaes estrangeiros, contra os banqueiros, contra as companhias, emfim, contra tudo, e contra todos.

Permitta-me V. ex.ª que eu dê uma prova á camara de que não é de hoje nem de hontem que tenho a idéa de que as nações só têem duas normas, as quaes deve zelar para sustentar o seu credito, a probidade e a justiça (apoiados), nenhuma outra.

Nós não fazemos accordos com companhias para tirar vantagens para a nação com quem se fazem esses accordos. Quem vem fazer um accordo com a nação é porque quer tirar vantagens para si (apoiados); e nós estamos aqui todos para ser deputados da nação (apoiados), não temos outra qualidade, não podemos ter outra qualidade; é essa a obrigação que nos é imposta pela constituição do estado...

(Interrupção.)

Eu disse que todos nós eramos deputados da nação; e quando digo todos não excluo nenhum illustre deputado, nem o podia fazer (apoiados. — Vozes: — Muito bem.)

As companhias, ou qualquer empreza, promovem os seus interesses, e nós devemos zelar os nossos, que tanto é zelar os da nação de quem somos representantes (apoiados).

Se o accordo na sua parte material não inspira confiança no meu espirito, nem no espirito dos meus amigos, nem as seducções das suas vantagens bastam para elle poder ser approvado por nós, muito menos lhe podiamos dar o nosso apoio pelo receio dos desastres que podia produzir a rejeição d'esse accordo. Eu n'esta parte tenho a minha opinião tão forte e solidamente fundada, que estou certo que, se a opposição e a maioria se ligassem para ceder a esta consideração para darem a sua approvação ao accordo, eu faria o que fiz n'outra occasião, havia de negar o meu voto e ficar aqui só a combater e a rejeitar o accordo.

Mas vamos nós a uma hypothese ou a um exemplo que a commissão deseja que se apresente...

Vozes: — Deu a hora.

O Orador: — Ouço dizer que deu a hora. O sr. Presidente: — Effectivamente deu a hora. Entrou-se na ordem do dia ás duas horas menos um quarto, são já quatro horas e tres quartos; ha portanto já tres horas de ordem do dia. Entretanto, o sr. deputado póde continuar se quizer.

O Orador: — Se V. ex.ª permitte reservo a palavra e acabo ámanhã.

O sr. Presidente: — Fica com a palavra reservada. Agora tem a palavra o sr. ministro das obras publicas para uma declaração por parte do governo.

O sr. Ministro das Obras Publicas (Cardoso Avelino): — E para declarar á camara que o meu collega, ministro da fazenda, o sr. Antonio de Serpa, não assignou a proposta original que está em discussão simplesmente por esquecimento. A proposta em discussão está assignada por mim, membro do governo; portanto é uma proposta do governo. É esta declaração que tinha a fazer.

O sr. Rodrigues de Freitas: — Mando para a mesa um requerimento.

O sr. Presidente: — A ordem do dia para ámanhã é a continuação da mesma. Está levantada a sessão. Eram cinco horas da tarde.