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6 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

pára pouco depois de se ter aberto a camara, e que dizia respeito á creação de ordens religiosas, e tendo o primeiro d'estes srs. deputados alludido directamente a elle, não podia deixar de se referir ás considerações que s. ex.ª fizera.
Sentia estar em antagonismo com o sr. deputado Ferreira de Almeida, que com tanto interesse segue todos os assumptos que dizem, respeito á administração colonial, e que era um dos oradores mais distinctos da camara n'essas questões, pois não considerava conveniente o ir enclausurar os frades no ultramar.
Reputava indispensavel as missões religiosas no ultramar, não só para ministrarem o ensino, mas para o estabelecimento do nosso dominio, e isso só efficazmente se podia conseguir com ordens religiosas portuguezas, porque era de portuguezes que se podia esperar a consolidação e arreigamento dos nossos domínios n'aquellas paragens.
Ficasse bem entendido que era unica e exclusivamente para o ultramar que elle queria as ordens religiosas, com pessoal exclusivamente portuguez, e queria o estabelecimento d'essas ordens porque, sendo indispensaveis ali, era collocarmo-nos em condições do grande inferioridade perante as outras nações o ir-se recorrer a ordens estrangeiras.
Disse o sr. visconde de Pindella que não pedira a publicação do relatorio que elle fizera por lhe haver declarado que não lhe parecia conveniente o publical-o n'esta occasião.
Effectivamente, era assim; estava e está disposto a publical-o, mas quando for occasião opportuna, porque referindo-se á organisação de todos os serviços da provincia de Angola, e dirigindo-se a varias personalidades sobre os esforços que se fizeram para occupar a Lunda, e estando esse assumpto ainda pendente, era inconveniente a sua publicação.
(O discurso será publicado na integra, e em appendice a esta sessão, quando s. ex.ª haja revisto as notas tachiygraphicas.)
O sr. Jacinto Candido (por parte da commissão de obras publicas): - Peço a v. ex.ª, sr. presidente, que se digne consultar a camara sobre se permitte que a commissão de obras publicas se reuna durante a sessão.
E o mesmo requerimento faço por parte da commissão de fazenda.
Leu-se na mesa a seguinte:

Proposta

Proponho que as commissões de obras publicas e de fazenda se reunam hoje mesmo durante a sessão. = Jacinto Candido.

Foi approvada.

O sr. Alpoim: - Sr. presidente, mando para a mesa duas representações da assembléa geral da liga dos lavradores do Douro.
Uma d'estas representações refere-se á proposta de lei do governo, pela qual é extincto o imposto do real de agua e encorporado na contribuição predial.
Prova-se n'esta representação, com differentes rasões, muito claramente expostas, que este plano do governo é prejudicial ao paiz, nomeadamente á região do Douro, e muito especialmente á cidade do Porto.
Para não tomar tempo á camara, e porque este assumpto tem já sido muito ventilado pela imprensa, não me demorarei em expor varios fundamentos que justificam as rasões apresentadas pela assembléa geral da liga dos lavradores do Douro.
Na outra representação que mando tambem para a mesa indicam-se alguns alvitres e expedientes de que o governo deve lançar mão para que não fique nas mais precarias circumstancias a região do Douro, que foi flagellada pelas trovoadas do dia 8 de maio.
Já os srs. Carlos Lobo d'Avila, José do Azevedo Castello Branco, e eu proprio nos apresentámos aqui pedindo providencias; mas, como me enviaram esta representação, eu desempenho-me do dever de a mandar para a mesa, e peço a v. ex.ª que tenha a bondade de consultar a camara sobre se permitte que esta seja publicada no Diario do governo, assim como a primeira.
Assim se resolveu.
O sr. Jacinto Paes da Cunha: - Sr. presidente, visto estar presente o nobre ministro das obras publicas, consinta s. ex.ª que lhe pergunto se está resolvido a dar cumprimento á portaria do seu ministerio de 13 de agosto do anno proximo transacto, que ordenava a continuação dos trabalhos da avenida Navarro, na cidade de Vizeu até ao largo do Convento das Freiras.
Sr. presidente, antes da resposta do nobre ministro, que espero seja favoravel, permitia v. ex.ª e a camara que em poucas palavras demonstro a justiça do pedido da cidade de Vizeu.
Vizeu é uma cidade antiga, crusada de estreitas e mal calçadas ruas; e todavia pela sua excellente posição topographica, no meio de uma provincia rica e populosa, é um centro commercial importante, onde amuem grandissima variedade de productos de diversos pontos da provincia.
Reconhecendo a veracidade d'este facto economico, o sr. Emygdio Navarro, então ministro das obras publicas, mandou construir uma via larga, uma avenida, que a partir da estação do caminho de ferro seguisse através da velha cidade, e terminasse quasi até o cimo d'ella n'um ponto onde incidem algumas estradas reaes, a qual desse facil escoante aos abundantissimos productos que ali concorrem, mui principalmente durante a feira annual que, apesar da sua decadencia, ainda é uma das mais importantes do reino.
Effectivamente, deu-se principio a esta grandiosa obra; mas, como a crise financeira e economica se aggravaram, não pretende a liberal cidade antepor o interesse publico do seu paiz a uma obra local, por maior que seja a sua importancia, resígnando-se por isso a esperar que ella se faça por completo, quando as circumstancias do thesouro forem mais desafogadas; mas deseja que ao menos ella seja levada ao Convento das Freiras, porque onde as obras estão suspensas não podem ficar entre becos sem saída e predios arruinados, prestes a desmoronarem-se com grave risco dos transeuntes!
Sr. presidente, faltam 100 a 150 metros para que este emprehendimento sirva ao menos para alguma cousa, pois, como está, para nada serve.
Se a obra por despendiosa (o que não me parece) não se podér fazer u'um anno, faça-se em dois, que a cidade não póde esperar mais.
Reconhecendo a justiça do pedido da cidade de Vizeu, o illustre ministro da situação passada, em portaria de 13 do agosto do 1892, mandou continuar os trabalhos da referida avenida ato ao perfil 28, largo do Convento: pois, sr. presidente, os adversarios do nobre ministro consideraram esto acto como um reclamo eleitoral!
E não era, sr. presidente! Era a satisfação de uma aspiração justa para uma cidade que tem incontestavel direito de subir ao nivel de muitas outras, que, se a igualam em importancia economica, nunca lhe chegaram na lealdade com que tem servido as instituições liberaes!
Espera, pois, a liberal cidade, que o nobre ministro dê cumprimento á citada portaria do sr. Pedro Victor, que, como ministro das obras publicas, fez um logar distincto, conquistando as sympathias publicas e honrando as gloriosas tradições do seu partido. Eu antevejo que a resposta do nobre ministro ha de ser favoravel, considerando que s. ex.ª, ainda ha poucos dias, obtemperou ao meu pedido, mandando activar os estudos da estrada de Vizeu a