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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

FALTA TEXTO

Discurso do sr. deputado Julio de Vilhena, pronunciado na sessão do 8 de março, o que devia ler-se a pag. 717, col. 2.º

O sr. Julio de Vilhena: — Obedecendo ás antigas tradições do parlamento, começo por comprimentar o illustre deputado e meu amigo, o sr. Laranjo, que fez a sua estreia na questão que se debate.

Não o felicito pela excellencia das doutrinas que proclamou; não o felicito pelos principios de administração colonial que desenvolveu, como sendo os mais adequados ao progresso das nossas possessões no ultramar; não o felicito pelo tom apaixonado que assumiu, nem pela maneira aggressiva com que intentou dirigir os seus ataques contra o gabinete; felicito-o, porque, sendo s. ex.ª um membro da geração moderna, á qual tendo tambem a honra de pertencer, sendo s. ex.ª filho exclusivo do seu trabalho e da sua intelligencia, tem direito ao meu respeito, á minha consideração e á minha sympathia. (Apoiados.)

Qualquer que seja a diversidade da principios que nós professemos, qualquer que seja a diversidade das escolas em que nos achemos filiados, os homens da geração nova devem entrar desassombradamente em todos os debates parlamentares, e devem ter sempre uns para os outros um franco e sincero aperto de mão e um abraço de fraternidade. (Apoiados.)

Os estadistas actuaes de cada uma das escolas hão do desapparecer da vida publica, deixando um nome brilhante na historia do seu paiz, o as tradições d'elles hão de ser perpetuadas pelos homens da geração nova que hoje se sentam nas cadeiras d'esta assembléa legislativa.

Felicito, pois, o illustre deputado; felicito-o, porque o conheço ha muito tempo, porque sou sou amigo ha muitos annos, e porque sei que os seus talentos não se podem apreciar pelo discurso que proferiu hontem, mas pelos seus trabalhos scientificos e pelas suas excellentes prelecções nas cadeiras da universidade. (Apoiados.)

Vou entrar sem mais preâmbulos na questão que se debate.

O illustre deputado interpellante, quando lançou os lineamentos d'esta discussão, disse que era esta uma questão vasta: que era uma questão economica para a provincia do Moçambique, uma questão geral de administração ultramarina, uma questão politica, o por fim uma questão legal.

Declaro sinceramente a v. ex.ª e á camara que senti que o illustre deputado interpellante, cujo talento robusto eu respeito e admiro, apertasse uma questão do tanta magnitude nos limites acanhados do campo legal.

Hoje, que a questão da Africa está attrahindo as attenções da Europa; hoje, que não só na Europa, mas tambem na America, se trata de ir procurar ao centro da Africa um novo meio para o exercicio da actividade commercial e industrial, que está atravessando uma crise nos dois continentes; hoje, que se procura estabelecer na Africa um novo centro de operações para o trabalho humano,"para a producção e para o consumo, o illustre deputado interpellante traça em volta do si um circulo estreito, e falla sómente da legalidade do acto do governo!

Sr. presidente, uma questão d'esta ordem não se trata, não se póde tratar em parlamento nenhum, perguntando ao sr. ministro da marinha, que distancia vae de Teto ao Zumbo? O que é exploração? O que silo machinas aperfeiçoadas?

Pois o illustre deputado, talento vigoroso da opposição, em vez de erguer aqui a bandeira do seu partido, em vez do affirmar aqui os principios da administração colonial do seu credo, limita-se a dizer que o acto do governo é contra a lei do 4 do dezembro de 1869!

Não imagine o illustre deputado, nem imagine a opposição, que eu ou a maioria d'essa casa nos recusemos a tratar esta questão em qualquer campo: acceitâmos esta questão no campo legal, no campo economico, no campo politico, no campo da moralidade, acceitâmol-a, emfim, em todos os terrenos em que os illustres deputados a queiram collocar. (Muitos apoiados.)

Mas consinta a opposição que eu lamente e que eu sinta a direcção que se tem dado a este debate (Muitos apoiados.); e assim como a opposição se arroga o papel de criticar a maioria, consinta tambem que a maioria se arrogue o direito do criticar a opposição, por isso que a collocação da questão e a delimitação do debate estão muito abaixo da dignidade parlamentar! (Apoiados.)

Sr. presidente, não imagino a opposição, repito, que nos recusamos a tratar a questão no campo legal; aceittâmol-a ahi, e vou demonstrar ao illustre deputado interpellante que todos os argumentos que s. ex.ª apresentou contra o

Sessão de 21 da março de 1879