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e com o Mondego. Sr. presidente, bem sei que por fazer espirito, mas as vezes sem espirito, se dá a pretenções d'esta natureza a denominação de questões e interesses de campanario, como se não fosse a agglomeração de campanarios que fórma a nação, e como se não fossem os campanarios, vetustos, pesados, mas solidos, que sustentam as torres, embora elegantes, as vezes leves e vãs! Não é interesse restrictamente local que induz a camara representante a pedir uma estrada que ponha em communicação a barca d'Alva com a Foz Dão. Esta estrada, sr. presidente, percorrendo os concelhos da Figueira, Pinhel, parte do de Trancoso, Celorico da Beira, Fornos de Algodres e Mangualde, já se vê quanto e a quantos concelhos aproveita. É aquelle um trato de paiz rico de productos, mas que morre de plectora, porque não lhe póde dar saída, e em muitas localidades e de muitos generos a producção excede o consummo. Uma estrada que o percorra, por onde dê saída ao que lhe sobeja e facil accesso ao que precisa importar, é o unico meio de dar vida, prosperidade talvez áquelle paiz remoto, relegado distante dos grandes focos de industria ou commercio, falto de capitaes, e que nas estatisticas sociaes infelizmente só tem sido inscripto como contribuinte. Aquelle trato de paiz, até hoje tão esquecido, não pede caminhos de ferro, nem pontes pensis, nem meios de locomoção accelerados; pede uma cousa muito simples, e a meu ver muito facil: pede que lhe levantem o interdicto de incommunicabilidade, pede que o deixem relacionar, que o deixem expandir as suas tendencias e instinctos de sociabilidade, que o deixem finalmente conviver, communicar e trocar os seus productos com outros concelhos e localidades. Isto é simples, como disse, e é tambem facil, porque o que esta camara pede reduz-se á confecção de uma estrada desde a grande e importante povoação de Escalhão até á não menos importante villa de Celorico da Beira, porque a estrada desde a barca d'Alva até Escalhão está decretada pela lei de 25 de julho de 1856, que auctorisou a camara da Figueira a cobrar certos impostos sobre os generos embarcados na barca d'Alva com applicação para um caes no rio Douro e uma estrada desde esse pontos Escalhão e d'ahi a Almeida, assumpto sobre que em occasião opportuna hei de chamar a attenção do sr. ministro das obras publicas, e pedir-lhe informações ácerca da execução que tem tido aquella lei. A estrada desde a Foz Dão a Mangualde está em construcção e adiantada. De Mangualde a Celorico alguma cousa se tem já feito ou tentado, não sei se bem ou mal, nem eu sou competente para o avaliar, mas a opinião diz que mal; de sorte que vem a restar para satisfazer as exigencias d'aquelle paiz o trato que medeia entre Celorico e Escalhão, isto é, o espaço de oito leguas, e esse tão favorecido que de poucas obras de arte carece, tendo apenas a vencer a passagem do rio Coa, sobre o qual ha uma excellente ponte; qualquer que seja a direcção da estrada, deve ali conduzir. Advertindo que n'este ponto, em que obras de maior importancia serão porventura necessarias, os materiaes acham-se á mão e em grande copia, escusando longos e dispendiosos carretos, a que os proprietarios e lavradores, cada um dentro do seu concelho, não deixarão de prestar-se, e mesmo não se negarão a auxiliar a obra com alguns dias de trabalho por capitação destrinçada pelas camaras.

Eu peço a illustre commissão de obras publicas, de cuja capacidade intellectual e de cujos desvelos pelo bem do paiz não é licito duvidar, que olhe com attenção e deferencia para a representação que vae ser-lhe enviada.

O sr. Castro Guedes: — Sr. presidente, pedi a palavra para rogar á illustre commissão de administração publica queira apresentar quanto antes o seu parecer sobre o projecto de lei do sr. Lourenço Cabral, relativo ao modo de funccionarem as commissões de inquerito no intervallo das sessões d'esta camara. Mais de uma vez estas commissões têem, encontrado difficuldades para a continuação dos seus trabalhos depois do encerramento da sessão. Escuso de lembrar o que se praticou com a repartição de marinha e o que se tem praticado com algumas outras repartições do estado.

Entendo que é muito conveniente, mesmo indispensavel, que se apresente uma lei regulamentar a este respeito, a fim de se evitarem estas difficuldades que as commissões podem encontrar no desempenho das suas funcções.

Tambem desejaria muito que as illustres commissões d'esta camara em geral se dessem pressa em apresentar alguns dos seus pareceres sobre os projectos de lei que lhe têem sido enviados, porque a sessão está muito adiantada, e protrahir a apresentação d'estes pareceres importa o mesmo que annullar completamente uma das prerogativas mais importantes do deputado, que é a iniciativa.

O sr. Soares Franco: — Sr. presidente, pedi a palavra para mandar para a mesa e ser remettido ao governo um requerimento da viuva do cirurgião da armada Nery, que foi victima do flagello da cholera morbus.

Peço á illustre commissão de guerra que dê quanto antes o seu parecer sobre differentes pertenções similhantes a esta que ainda não foram decididas, tendo em vista o projecto do sr. Macedo, que resolve as questões d'esta natureza.

O sr. Duarte Campos: — Sr. presidente, mando para a mesa uma representação da Camara municipal de Extremoz que pede o alivio do imposto denominodo = terça real = Peço a V. ex.ª que seja remettido á commissão de fazenda para a tomar na devida consideração.

O sr. Lourenço Cabral: — Pedi a palavra para declarar a V. ex.ª e a camara que o sr. Nogueira Soares não póde comparecer á sessão de hoje e a mais algumas por motivos attendiveis.

O sr. Pinto de Albuquerque: — Sr. presidente, pedi a palavra para mandar para a mesa a seguinte

Nota de Interpellação.

Desejo que se previna o sr. ministro das obras publicas de que o pretendo interpellar a fim de saber de s. ex.ª as causas por que se não concluiu ainda o projecto respectivo á continuação da estrada que deve ligar Castello Branco a Abrantes. = A. P. de A. Mesquita e Castro.

Mandou-se fazer a communicação respectiva.

O sr. Conde de Samodães: — (Leu um projecto de lei.)

Ficou para segunda leitura.

O sr. Rodrigues Cordeiro: — Sr. presidente, mando para a mesa uma representação de D. Marianna Henriqueta, D. Thereza Ermelinda e D. Carolina Fausta, residentes em Leiria, filhas orphãs e solteiras, que ficaram por fallecimento de Antão de Sá Valente da Gama, tenente de veteranos d'esta provincia, as quaes pedem que se lhes continue a dar o modico soldo que percebia seu pae em quanto viveu.

Estas senhoras acham-se sem meios para viver, e a sua pretenção é digna de ser attendida pela justiça que lhes assiste. Seu pae assentou praça voluntariamente para defender a independencia da patria ameaçada pelo jugo francez, fez toda a campanha peninsular, foi ferido duas vezes, e por ultimo na acção dos Pyrineos em 1843 tão gravemente que lhe resultaram d'esse ferimento enfermidades de peito e paralysia e uma completa cegueira.

Rogo a V. ex.ª tenha a bondade de enviar esta representação á commissão respectiva, para que attenda a justa pretenção das supplicantes.

O sr. Sena Fernandes: — Mando para a mesa uma representação, dirigida a esta camara, de uma viuva e quatro filhas que estão vivendo na maior penuria e miseria em consequencia da falta de seu marido que foi victima dos cuidados que empregou no tratamento dos colericos na ultima crise que teve logar. Sr. presidente, eu não me incumbirei nunca de petições particulares para não infringir o regimento d'esta camara, mas de representações da natureza d'esta hei de sempre incumbir-me, tanto mais que ha já um projecto de lei para providenciar sobre assumpto de tanta importancia.

Eu fui testemunha da dedicação com que este bom cidadão se empregou constantemente nos hospitaes e nas ambulancias em soccorro dos colericos; era um frenesi n'este homem em acudir a todos os doentes. Tal dedicação é difficil de

Vol. III.—Março—1857

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