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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Documento que faz parte do projecto de lei n.º 94-H

Ill.mº e ex.mo sr. — Tendo recebido ordem para proceder á avaliação da despeza que haverá a fazer córneo acabamento do caminho de ferro do Algarve, na hypothese do ser concluido com a largura necessaria para o assentamento de via de 1 metro, entre as faces interiores dos canis, não excedendo as declividades a 15 millimetros por metro e não sendo as curvas traçadas com raios inferiores a 120 metros; e não sendo possivel, no curto praso que me foi concedido, estudar e fazer applicar no terreno o traçado que mais vantajosamente satisfizesse as condições impostas, incumbi o engenheiro Joaquim F. Poças Leitão de estudar este assumpto no gabinete, aproveitando os projectos feitos por outros engenheiros, e colhendo os dados e informações que podessem habilitar-mo a cumprir as ordens recebidas.

Com promptidão e grande acerto satisfez tal incumbência o engenheiro Leilão, por fórma que posso hoje vir prestar a v. ex.ª a informação pedida, resumindo quanto possivel o processo seguido na organisação do orçamento.

Do caminho de ferro do Algarve que, entroncando em Beja na linha de sueste, se dirige a Faro, está em exploração, desde 20 de dezembro de 1870, o lanço de Beja a Casevel na extensão de 46:628 metros; nenhum trabalho de construcção tem sido emprehendido entre Casevel e a Portella das Silveiras; mas entre este ponto e Faro, cuja distancia é de 58:874 melros, podem reputar-se terminadas as terraplenagens e estão em grande parte concluidas as obras d'arte.

Se quando o governo for auctorisado a completar o caminho de ferro do Algarve, para dar aquella rica provincia facil communicação com o resto do paiz, o aproveitar a despeza feita e que está inteiramente improductiva, for determinado que seja de 1 metro a largura da via, julgo que poderá ainda conservar-se talvez por alguns annos a via de 1m,67 na parte hoje ena exploração, e que só quando tenha de proceder se á renovação do material fixo, se tornará uniforme a largura da via em toda a linha do Algarve, de Beja a Faro.

Para o orçamento de que trato, procurarei, pois, unicamente determinar a despeza a fazer, suppondo que começa em Casevel o caminho de ferro com a via de 1 metro de largura.

Dois são os traçados feitos entre Casevel e a Portella das Silveiras, e ambos para a hypothese de ser lm,67 a largura de via.

O primeiro, ou o mais antigo, tem o comprimento de 83:000 metros, e foi estudado pela antiga empreza concessionaria das linhas do sul o sueste, a qual tinha a faculdade de empregar declividades até 25 millimetros por metro corrente e curvas de 200 metros de raio; o segundo traçado, medindo 84:080 metros, entre os mesmos pontos extremos, foi executado sob a direcção do distincto engenheiro Nuno Augusto do Brito Taborda, e sujeito ás condições de que as declividades não fossem superiores a 15 millimetros, nem os raios das curvas inferiores a 300 metros.

Para satisfazer estas condições foi o engenheiro Taborda obrigado a abandonar em grande parte o terreno era que assentou o primeiro traçado, afastando-se d'elle a 7 kilometros de Casevel, junto á aldeia de Aivados, para só tornar a encontral-o na proximidade do monto da serra de Águia, no valle do rio Telhar.

D'este ponto em diante os dois traçados, embora não coincidam por terem de satisfazer a' condições diversas, seguem, comtudo, a mesma zona de terreno.

O primeiro traçado approxima-se de Ourique e Almodovar, seguindo o valle do Mira; o segundo traçado, levado pelo valle de Isca, passa junto a Garvão e approxima-se de Odemira, ficando, portanto, mais distanciado do que aquelle das villas de Ourique e Almodovar.

Os movimentos de terra e obras de arte do primeiro traçado são de muito menor monta; mas o engenheiro Taborda teria apresentado um projecto ainda mais custoso se não seguisse o valle do Isca, ou se fosse forçado a assentar o traçado no valle do Mira com maiores sujeições do planta e perfil do que haviam sido impostas á companhia ingleza.

No caso de que me occupo, de ser 1 metro a largura da via, como á linha póde ser dada maior flexibilidade pela concessão de curvas mais apertadas, que permittirão cingir mais o traçado ao terreno natural, parece-me conveniente seguir o valle do Mira, diminuindo-se em muito o custo do caminho de ferro em relação ao orçamento do engenheiro Taborda e ainda em relação ao projecto da antiga empreza.

Do projecto dos engenheiros inglezes existe a planta o perfil longitudinal completos, mas só foram encontrados os perfis transversaes correspondentes aos 24k,5 comprehendidos entre a Senhora da Colla o Santa Clara de Saboia; como, porém, desde Casevel até ao monte da serra do Águia, era que, como já disse, os dois traçados se encontram, uma das partes mais difficeis é justamente entro a Senhora da Colla e Santa Clara de Saboia, é evidente que, sendo determinado com bastante exactidão o custo kilometrico d'estes 24k,5, com segurança poderá concluir-se o custo dos 60k,980 de caminho para via de 1 metro entro a estação de Casevel e o já referido monte da Serra da Águia; ora, fornecendo aquelles perfis transversaes os meios necessarios para só com o trabalho no gabinete poder modificar-se o traçado, fazer-se o calculo dos movimentos do terra, muros de supporte, etc, procedeu-se por isso n'esta parte a um estudo muito consciencioso, introduzindo-se no traçado algumas ligeiras alterações, para melhor o accommodar ao terreno, sem; comtudo, empregar curvas do raio inferior a 150 metros.

O calculo de volumes de escavações e aterros deu as medias de 9m3,5 de escavação e 7 metros cubicos de aterro por metro corrente de caminho, tendo admittido a hypothese de que as trincheiras terão a largura de 4m,40 entre as arestas exteriores das valletas, e os taludes a inclinação media de 0,75 por serem em geral schistos mais ou menos duros, os aterros terão 3m,30 entre as arestas dos ta-