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Alemtejo, em que a terra está apenas dividida em poucas mas vastas herdades, quasi todas arredadas, a collecta cáe sobre ella quasi com o mesmo rigor legal, com que cáe nos ordenados dos empregados publicos. É pois inquestionavel, que a base adoptada pelos illustres deputados os srs. conde de Samodães e Maximiano Osorio é consideràvelmente defeituosa e inexacta. Ora sendo assim, não é menos indubitavel, que as desigualdades e injustiças que ella iria causar seriam muitas mais, e muito mais importantes nas proporções que fundamentasse, do que as causadas pela outra base adoptada pela commissão, ainda que tambem exacta não fôsse.

Assim, approvadas as propostas, o districto de Béja teria um tributo novo de 3:488110 réis, o de Evora um de 4:566$407 réis, o de Portalegre um de 4:409$281 réis, e o de Faro finalmente um de 2:634$741 réis. E em que circumstancias iamos nós, sr. presidente, sobrecarregar de novo, e tão pesadamente estes districtos, e os de Lisboa e Porto para aliviar os outros na mesma proporção! V. ex.ª sahe perfeitamente porque a provincia do Alemtejo se compraz de o contar no numero dos seus mais benemeritos filhos; sabe-o esta camara, sabe-o lodo o paiz, que aquella nossa infeliz provincia esta atravessando uma crise verdadeiramente assustadora e terrivel. A escassez de todos os generos da sua producção foi tal, que não ha noticia, que eu saiba de outra similhante nos annaes da sua historia. A terra ingrata nem sequer se dignou no anno findo restituir ao lavrador, que a ensopara de seus suores, a semente que lhe havia confiado. A não ser o elevado preço de seus gados, unico recurso que lhe tem valido em tão espantosa esterilidade, a população teria ali, a não ser extraordinariamente soccorrida, morrido de fome e de miseria.

E é, sr. presidente, sobre uma provincia que não póde, que não tem com que pagar os já para ella muito pesados tributos existentes, que se vão lançar 13:000$000 réis de tributos novos para aliviar outras provincias! E o Algarve, sr. presidente! O Algarve a quem Deus nos ultimos annos tem tão severamente visitado em sua colera! N'um victimas da peste em toda a força de sua voracidade, n'outro da peste e da fome reunidas!

Eu desejava terminar aqui as minhas considerações, porque não devo, porque não é minha intenção, abusar da paciencia da camara que se tem dignado ouvir-me com tanta benevolencia, o que eu lhe agradeço profundamente reconhecido; mas conceda-me a camara licença para fazer ainda umas ligeiras observações sobre a importancia e o alcance que se tem querido dar a esta questão. Tem-se dito que ella não e, não póde, não deve ser ministerial, e que seja qual

for o modo por que se decida, o ministerio fica igualmente habilitado a proseguir desassombrado no seu systema de governo. Eu, sr. presidente, sei pouco de questões ministeriaes, nem mesmo me quero dar a esse estudo, porque tenho para mim que nunca me verei por necessidade da minha posição obrigado eu mesmo a determinar a natureza d'essas questões. Comtudo entendo que os illustres deputados que julgam que o ministerio póde assistir á discussão d'este projecto sem apresentar sobre elle uma opinião franca e decisiva, lhe irrogam, de certo sem que o queiram, uma grave injuria. Pois que, sr. presidente? Ha de o governo comparar-se ao avarento, ao agiota, ao homem sem alma, nem coração, que o que quer é dinheiro, muito embora para o haver tenha de despir a camisa a algum pobre pae de familia? Alem de vir directamente do governo a proposta que aqui* se discute, não nos apresentou elle, como uma das regras do seu systema, a melhor, a mais facil arrecadação do imposto? E póde elle sem offensa do seu credito deixar de pronunciar-se categoricamente sôbre o melhor systema de o distribuir? Pela minha parte digo francamente que não.

Sr. presidente, vou concluir, e faço-o pedindo á camara em nome das provincias do sui, e escudado com o seu direito, que se está disposta a approvar as propostas dos illustres deputados os srs. Maximiano Osorio e conde de Samodães, deixe as cousas como estão, e não vote a extincção do subsidio litterario.

(O orador foi repetidas vezes apoiado durante o seu discurso, e no fim comprimentado por muitos dos seus collegas de todos os lados da camara.)

ERRATA.

Pag. Col. Liv. Erros Emendas

185 2.ª 43 Da camara municipal de Coimbra Da camara municipal de Amarante