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472-H DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

considerar, não havia motivo para se proceder violentamente contra ella. É isto o que consta do summario da sessão de 3 do corrente mez.

Sr. presidente, a proposito d’esta declaração, não posso deixar de fazer algumas reflexões para mostrar á camara como se resolveu uma questão tão importante.

Direi, em primeiro logar, que, depois de tantas ameaças, o conflicto terminou por um accordo amigavel, do qual resultou não ser cortada a canalisação que, de surpreza e contra as ordens do ministerio da guerra, a companhia tinha collocado na avenida do forte do Bom Successo. não sendo a mesma companhia obrigada a remover as, cisternas como lhe fora ordenado por varias vezes. Esta remoção devia ter sido determinada independentemente de quaesquer outros contratos, em vista do que dispõe a clausula 4.ª da escriptura de 8 de agosto de 1888, mas o sr. ministro da guerra em vez de compellir a companhia a cumprir esta clausula, como foi proposto pela commissão das fortificações do reino, annuiu ao pedido que lhe fez a mesma, permittindo que ella estudasse mais demoradamente uma questão que está para ser resolvida ha perto de dois annos.

Tudo isto leva-me a crer que a companhia continua a ser apoiada e protegida pelo actual governo, como o foi por alguns dos ministros que estavam no poder no anno de 1888.

É para estranhar que o sr. ministro da guerra, esquecendo-se de que os officios que s. exa. mandava expedir, ficavam sem resposta ou não eram recebidos pelos empregados da companhia do gaz, acreditasse na sinceridade das desculpas com que os directores d’essa companhia pretendiam justificar o seu irregular procedimento, e viesse dizer que o ministerio da guerra não tinha sido desconsiderado, não havendo, portanto, motivo para se praticar um acto violento.

Julgo não ser esta a opinião dos delegados do governo, principalmente dos officiaes em serviço na inspecção das fortificações de Lisboa, os quaes sabem perfeitamente como costuma proceder a companhia do gaz.

Sr. presidente, termino por dizer que, em vista do procedimento do sr. ministro da guerra, receio muito que s. exa. vá fazer um novo contrato com a companhia do gaz, do qual resulte a eliminação da clausula 4.ª da escriptura de 8 de agosto de 1888, obstando assim a que um governo forte e energico possa de futuro mandar remover as cisternas e outras dependencias da fabrica, as quaes de ha muito deviam ter sido dali retiradas.