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Sessão de 16 de Dezembro de 1912

os sentimentos dos bons republicanos de Coimbra.

O Orador:—V. Ex.as pedem a palavra, e dirão depois o que se lhes oferecer acerca das minhas considerações, porque realmente vale a pena que o Senado se ocupe destes assuntos (Apoiados).

Vou apresentar ligeiras considerações acerca das palavras proferidas pelo Sr. Evaristo de Carvalho.

Disse S. Ex.a que o'Governador Civil de Coimbra, demitindo o Sr. Floro Henri-ques, afrontou os sentimentos republicanos da mesma cidade; e que essa demissão deu logar a manifestações tumultuosas.

S. Ex.a parece querer assim legitimar o procedimento da população de Coimbra, nesses protestos que ela apresentou.

Admitimos, realmente, que o Sr. Governador Civil de Coimbra praticasse qualquer injustiça com a demissão do Sr. Floro JEíen-riques de administrador do concelho da mesma cidade, entendo eu que era ao Senado, que era à Câmara dos Deputados, que era, emfim, ao Congresso, que competia levantar estas questões; e saber-se e averiguar-se por este modo de que lado estava a justiça.

Vozes: — Muito bem.

O Orador:—Nem aqui, nem na outra Câmara, houve qualquer representante da Nação que se levantasse a protestar contra o procedimento do Sr. Governador Civil de Coimbra nem ainda contra as ocorrências em Lisboa.

Eu, conservo-me silencioso, porque entendi que era aos representantes dos diversos partidos que competia levantar estas questões.

Aguardei três dias, e, como eu não visse nenhuma referência a esses lamentáveis acontecimentos, entendi que era do meu dever erguer aqui a minha humilde voz.

Uma voz: — Não não temos a responsabilidade do poder.

O Orador:—Eu entendi que todos nós temos o indeclinável dever de dar ao Governo e às autoridades de mais confiança todo o prestígio de que elas careçam para a manutenção da ordem (Apoiados).

Eu entendo que ó no Congresso que se

devem lamentar todas as questões que dizem respeito á administração pública (Apoiados). E preciso que não continui uma tal situação, dando foros de cidade ás manifestações tumultuosas, não vamos assim criar ura estado dentro doutro estado. As multidões nas ruas praticando ex: cessos, é preciso que não se repitam, visto que são factos que nada honram o prestígio da República.

Uma voz: — E só aproveitam os monárquicos.

O Orador:—Eu desejava que o Governo tomasse as mais enérgicas providências para que a ordem pública não seja alterada, e que todos fizéssemos os maiores esforços para que as autoridades republicanas não sejam desrespeitadas publicamente, como acaba de suceder ao Governador Civil de Coimbra.

O Sr. Evaristo de Carvalho:—^ Como é que essa autoridade foi desrespeitada?

O Orador: — Por insultos, por apupos, por gritos insultuosos.

O Sr. Evaristo de Carvalho: — Esses gritos não se podem atribuir á população de Coimbra, foram gritos soltos.

O Orador : — O facto é que foi desrespeitada uma autoridade da República.

O Sr. Evaristo de Carvalho: — \ Faca-se um inquérito!

O Orador: — O que eu desejava é que aqui, no Parlamento, se pedissem providências ao Governo, para que se evitassem manifestações que não podemos deixar de lastimar.

O Sr. Silva Barreto: o Governo?

^ Onde é que está

O Orador:—Eu lastimo que não esteja um único representante do Governo, ,mas, por esse facto, não devemos ficar silenciosos.