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6 Diário das Sessões do Senado

tério dos Abastecimentos, parece querer protelar essa necessária solução, não só a bem dos interêsses económicos, do país, mas até dos interêsses morais, ou mesmo parece ter reconsiderado e não éster na disposição de terminar com êle. Ora eu devo lembrar aos meus ilustres colegas do Senado que já vai talvez muito distante o tempo em que o comércio era. no dizer de um ilustre economista chamado Stuart Mill, a arte de realizar lucros. O Govêrno, e muita principamente pelo Ministério dor, Abastecimentos, parece que não conhece esta definição do Stuart Mill... e resolve transformá-la na arte de realizar prejuízos. E que, de facto, não é fácil no estado actual da civilização formar um comerciante com a mesma facilidade com que se formariam criaturas que antigamente se destinavam a ser marechaes. Ser hoje comerciante exigi conhecimentos bastante complexos, exige ter a visão perfeita das necessidades de momento.

Hoje pode bem dizer-se que o comércio já não é só essa arte de realizar lucros. O comércio é sciência e indústria. É indústria no que produz transportando; é sciência no que produz coordenando, fazendo estatísticas e especialmente na aplicação dos números às necessidades dos diferentes mercados. No desconhecimento completo de todas essas qualidades necessárias ao comércio moderno, o Ministério dos Abastecimentos tem sido um constante entrave ao desenvolvimento rotular do nosso comércio, creando-lho embaraços sem nome e nada remediando dentro das suas atribuições, àquilo pare que necessáriamente foi criado.

O Ministério dos Abastecimentos, por uma reclamação que eu recebi há pouco da cidade do Pôrto, fez mobilizar ou requereu o manifesto de todos os acurares, mantendo-se captivos nas alfândegas, apesar de todos os mercados os desejarem ver entregues ao consumo público.

Há pouco, por motivo duma requisição feita dêsse género, prometeu o Govêrno que faria um rateio por todos aqueles que tinham entregue o açúcar que tinham em depósito, dando-se-lhes assim uma compensação ao prejuízo sofrido.

Ora indo eu reclamar a êsse Ministério que não só êsse compromisso fôsse cumprido, mas ainda que do açúcar existente nas alfândegas e pertencente a essas firmas já sacrificadas, lhes foi concedida autorização para poderem fazer os respectivos despachos, recebi, com grande desgosto, a resposta de que êsse açúcar estava justamente apreendido, para que se fizessem as entregas, na cota parte que a cada um pertencesse, do açúcar que o Govêrno já anteriormente lhes havia tornado.

Ora esta cousa de me pagarem, ou de quererem compensar o prejuízo do negociante com um produto que já era seu, è uma cousa incompreensível.

Eu achava que já era tempo de acabar com todos os prejuízos que os governos têm contudo à nossa vicia económica, e que têm provocado o agravamento de toda a nossa vida, comercial.

Nesse sentido, eu pedia tambêm a V. Exa. Sr. Presidente, que tornasse sciente o Sr. Ministro dos Abastecimentos destas minhas considerações e do desejo que eu tenho que S. Exa. procurasse resolver êsse assunto, de forma que não aumentem os prejuízos já causados êsse mesmo comércio.

Para um outro facto desejo tambêm chamar a atenção de V. Exa., Sr. Presidente.

Estamos chegados ao período da nossa colheita cerealífera e é por isso necessário resolver o nosso problema cerealífero.

Vejo, porêm, com muito pesar que o Sr. Ministro dos Abastecimentos, mantendo-se numa relativa reserva, não faz conhecer ao país quais as medidas e projectos que tem em vista para regular o futuro comércio de cereais e, por conseguinte, o problema do pão.

Há uma necessidade absoluta, pois que o nosso regime de cereais é sempre deficitário, de procurar definir situações que de há muito se impõem.

É indispensável que, neste momento, o Govêrno cuide de adquirir o trigo nos. mercados, estrangeiros.

Fui informado, Sr. Presidente, de que estavam na América, prontos a carregar alguns vapores com trigo para o nosso país.

Posteriormente, tenho conhecimento de que, segundo comunicação oficial, a América se negou a deixar exportar para o nosso país êsse cereal.