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Sessão de 14 de Novembro de 1919 19

todas, se fazem sentir com uma intensidade excepcional.

O que é preciso é providenciar, mas sem delongas e com urgência, a dentro do país e fora dele, na metrópole, nas colónias o no estrangeiro, abastecendo, quanto possível, o mercado pelos preços mais limitados que se puder conseguir.

Têm-se tomado providencias nesse sentido? Como e quando? Porque forma são depois facultados e utilizados os géneros e produtos adquiridos?

E tudo isto a tempo e horas e com verdadeiro espírito de previdência e previsão.

São causas primaciais a atender. Porque, desde o momento em que se prevêem, onde conhecem faltas de géneros ou de matérias primas, e era que se prevê que, em determinada altura, a sua indispensabilidade se vai dar, não se pode aguardar que elas escasseiem, mas sim, insistimos, tomar as providências devidas a tempo e horas e não como quási sempre tem sucedido, só à última hora.

E não basta adquirir géneros e matérias primas, uma vez isso feito tem-se depois que transportá-los.

Como se têm aproveitado para tal fim os transportes marítimos e terrestres? A meu ver, mal, e aqui farei referencia especial aos transportes marítimos. E mal, porque eu não concebo que tendo nós hoje uma tonelagem que não é inferior à que possuímos na ocasião em que havia de fazer face a necessidades idênticas às de agora e às da guerra na África e na Europa, a ponto de ter havido necessidade do chegar a destacar alguns navios para transporte de tropas para França; eu não concebo, digo, que bem aproveitados tais meios de transportes uma vez bem previstas as necessidades e faltas, a tempo e horas, as dificuldades de obtenção e deslocação possam ter sido iguais, quanto mais superiores, às existentes nessa ocasião.

Esta questão de transportes é capital para se conseguir algo de positivo a sério, quanto à facilitação e embaratecimento das subsistências, e tem de ser encarada nos múltiplos aspectos que apresenta e com a devida largueza.

Há que considerar não só os transportes marítimos, mas igualmente ainda os transportes terrestres, e nestes as suas grandes subdivisões: os feitos pela via férrea e os feitos pelas estradas ordinárias.

Com respeito aos transportes marítimos, algumas considerações produzimos já; não têm sido tam suficientes como o que se tem querido fazer crer, o que tem falhado tem sido a organização de tais serviços, falta esta agravada pela pouca previsão das necessidades de subsistências a tempo e hora de as poder obter com a antecipação precisa para evitar o seu grande razeamento, e, menos ainda, o desaparecimento do mercado.

Os transportes terrestres por via férrea com um material deficiente e em mau estado, complicado com um chuveiro de guias, licenças e formalismos burocráticos de toda a ordem, tornou-se um privilégio de especialistas, a que se diz não ser de todo estranha a prática de negociatas inconfessáveis.

A viação ordinária incompletíssima e pessimamente conservada, torna-se por isso demorada e mais difícil e dispendiosa.

Para deslocar quaisquer mercadorias de Lisboa para a província, ou vice-versa, ou ainda de qualquer ponto do país para outro, as dificuldades surgem para todos os géneros e substâncias alimentares e para as próprias sementes, que tam indispensáveis são nesta altura de sementeiras, e quando deviam primar em preferência a tudo: sementes e adubos.

As autoridades civis e certos outros funcionários não só não facilitam, como deviam, o deslocamento ou trânsito dos géneros e matérias primas dentro do país, mas ainda com ordens e contra ordens, de que files são as primeiras vítimas, antes a cada passo lhes põem contrariedades.

E ninguêm se preocupa com a modificação de semelhante situação, quer melhorando a valer essa viação férrea, quer reparando essa viação ordinária, quer arredando essa infinidade de peias artificiais ao tráfego, sempre contraproducentes, sempre irritantes, mas sobretudo nesta altura em que está a acabar a oportunidade para as primeiras sementeiras de cereais, e em que vão ser iniciadas outras, como, por exemplo, a da batata, já iniciada até para a batata têmpora de exportação.