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Diário das Sessões ao Senado

oposições, não me julgaria numa situação 'invejável. Se se diz que governar é desagradar, também se pode dizer que quem governa e não desagrada é porque não governa.

Se eu fosse Governo, portanto, e me Visse desamparado dos carinhos contundentes da oposição, considerar-me-ia em ;perigo.

O Sr. D. Tomás de Vilhena (aparte): — As oposições não são sempre sectárias.

O Sr. Querubim Guimarães:—As palavras de S. Ex.a traem completamente o -seu pensamento. Se eu não ofendo S. Ex.a -dir-Lhe hei que sentiu uma cousa o disse •outra.

Podia bem S. Ex.a, ligando-se à oposição deste lado, obrigar o Governo a trazer ao Parlamento uma proposta do compressão de despesas.

O Orador: — O facto é que, quan do foi discutido o projecto dos duodécimos, se eu não tivesse leito certa oposição à proposta; ela não tinha sido remodelada como foi. O único discurso que foi aqui proferido foi o meu, com o apoio de toda a maio-xia.

Aqui há meses o Sr. Augusto de Vasconcelos declarou-se irredutlvelmeute parlamentarista. Eu não costumo fazer afir-,maçi3es com carácter de tal maneira absoluto.

Sou parlamentarista, mas não irredutível. Se me convencesse de que as instituições parlamentares eram mais prejudi-• ciais do que úteis, não podia ser parlamentarista, porque então não seria patriota.

Portanto não sou irredutivelmente parlamentarista ; mas, emquanto supuser que o Parlamento é uma das cousas boas, e ainda sou dessa opinião, quero que ele funcione segundo as tradições parlamentares, isto é: que haja uma maioria a apoiar Governos o um conjunto de minorias de oposição a fiscalizar os seus actos.

Por isso acho sempre inconveniente que se invertam os papéis.

Quando é preciso dizer aos Governos que não vão por bom caminho, sabem V. Ex.as todos que não estou com cerimónias para o dizer, embora, quando se rtrata de Ministros correligionários e ami-

gos, o faça por forma que eles não estranhem que, uma vez por outra, o Senador Herculano Galhardo faça o seu discurso de oposição. Estar em oposição com o Governo não quere dizer evidentemente deixar de ser seu amigo.

Agora, que as oposições não desempenhem o seu papel, isso é que não está certo, e por isso a moção apresentada pelo Sr. Querubim Guimarães, que é certamente apoiada por toda a minoria, não o pode ser por nós, maioria, porque nós, perfeitamente irmanados com o Governo, que já lhe demos todo o nosso apoio quando aqui nos leu a declaração ministerial fazendo-nos umas promessas formais, £ a que propósito vamos agora dizer isto ? E quando digo «isto» não ligo à palavra sentido depreciativo.

Mas, diz mais a moção: «e reconhecendo que o Executivo não deve continuar protelando»; pelo contrário, o Governo não continua protelando a questão, porque sei quo está trabalhando sobre o assunto.

Aprovar a maioria uma moção desta natureza é que seria cousa inadmissível.

Apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Medeiros Franco:—O Sr.Ribeiro de Melo fez, no seu discurso, algumas referências acerca das considerações que ontem formulei, quási à última hora, acerca do projecto de lei em discussão.

S. Ex.a far-me há certamente a justiça de supor que eu não pretendia melindrar os seus propósitos acerca deste projecto de lei, mas o que é certo é que os intuitos dos homens apreciam-se pelas palavras, e é o que sucedo com os considerandos deste projecto, que estão de tal forma redigidos que se me afiguram de atentatórios para .a dignidade da mulher.

Como S. Ex.a, costumo também ser sincero e franco na exposição das minhas ideas e dos meus princípios; não pude, nem podia de forma alguma, calar o meu inodo do sentir a esse propósito.

Já ontem disse da minha justiça sobre este projecto de lei.