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16 DE JANEIRO DE 1952 173

inferior qualidade, que não era possível conservar convenientemente 4a época da abundância para a da escassez, verificando-se grandes oscilações nos preços da manteiga e, consequentemente, nos do leite.
Em 1936, os stocks «.tingiram 300 toneladas de manteiga» semi condições de armazenagem e rapidamente deteriorarei, o que provocou uma grande queda de preços, a ponito de ela baixar para 9$ cada quilograma á saída da fábrica e o litro de leite para $30.
Perante A leitura do relatório do Decreto n.º 29:749 traduz a acuidade do problema:
Se preocupava o Governo «o acréscimo de produção e concomitante queda dos preços do leite e seus derivados», impressionava-o o desregramento existente, o mau apetrechamento das fábricas, a sua deficiente localização e o sou número excessivo.
Em 1936 havia no continente 2.35 fábricas e 418 postos de desnatação, e só na Madeira 60 fábricas e 1:108 postos.
Posteriormente foi a indústria de lacticínios submetida às leis do condicionalmente e u orientação estabelecida por aqueles diplomas, que impuseram á sua concentração, facilitada, no continente, pela definição das zonas de abastecimento às fábricas de lacticínios, referidas. na Portaria n.º 9:733, de 10 de Fevereiro de
Encerraram-se assim no continente e ilhas adjacentes mais de 200 fábricas e de 1:000 postos de desnatação, o que possibilitou a actualização e construção de modernas unidades fabris, capazes de laborarem mais do dobro das actuais disponibilidades de leite, nas quais se despenderam mais de 50 mil contos, e que ficarão, completado o seu apetrechamento, em condições de corresponder plenamente às exigências da economia nacional.
A reorganização da indústria de lacticínios, apesar de incompleta, trouxe reais vantagens de carácter colectivo:
Retirou-a do caos em que havia caído; elevou-a a um nível capaz de não nos envergonhar perante as similares do estrangeiro; valorizou a matéria-prima e permitiu produzir artigos em quantidade, preço e qualidade que não só libertaram o País de importações que oneravam a sua economia, como estimularam grandemente o consumo interno.
Pelo quadro seguinte se avalia o aumento de produção de 1940 a 1949:

[... Ver tabela na imagem]

Produtos 1940 Quilogramas 1949 Quilogramas

Progressivamente se vêm alcançando os objectivos da concentração.
Efectivamente, desaparecidas as causas que motivavam a redução da entrada, do leite nas fábricas durante II guerra, é chegado o momento em que, mercê do maior
volume de leite industrializado -apesar do feliz acréscimo do consumo em natureza -, são evidentes os benefícios da reorganização industrial.

Em 1950 verifica-se um maior aumento da produção leiteira, calculou-se em cerca de 4:000 toneladas a manteiga produzida, tendo-se iniciado o fabrico de lactose e de ácido láctico, em condições de satisfazerem as exigências do mercado.
O País dispõe já de produtos lácteos suficientes para o seu consumo, tendo mesmo exportado ultimamente para o estrangeiro queijo e caseína no valor de alguns milhares de contos (nos últimos seis meses exportaram-se mais de 200 toneladas de caseína).
E é de prever ainda a progressão substancial dos lacticínios se considerarmos que será possível elevar, em quantidade e qualidade, o baixo rendimento actual do nosso gado leiteiro (a média anual por cabeça é de 1 :400 litros de leite, com cerca de 3,5 por cento de gordura, quando nalguns países ultrapassou 2:400 litros, com um teor butiroso aproximado de 4 por cento) e se considerarmos também as vastas obras em curso de electrificação, irrigação e transformação do solo, que hão de criar novas possibilidades agro-pecuárias favoráveis ao fomento da produção. Então o aumento da matéria-prima proporcionará á lavoura maiores receitas e as fábricas laboração mais económica.
Os superiores interesses do País impõem que a industria de lacticínios continue em regime de condicionamento, para ser colocada à altura da sua função no plano da economia nacional, exigem que seja progressiva e acompanhe as conquistas da evolução técnica.
Na verdade, o fabrico racional dos produtos lácteos exige instalações higiénicas, aparelhagem cara e sensíveis encargos técnicos, pelo que «-s fábricas devem corresponder ainda, em número, localização e apetrechamento, às -condições agro-pecuárias de cada região, pois a multiplicação de estabelecimentos nas áreas onde já existem os suficientes ocasionaria uma divisão prejudicial da matéria-prima, com o consequente aumento de custo por unidade e dos preços de venda, quando o que se impõe é a produção de artigos de qualidade ao menor preço possível, com vista a um maior consumo e compatíveis com os da concorrência estrangeira.

Os principais países leiteiros do Mundo vêm deliciando todo o cuidado e esmero no fabrico, qualidade e sanidade dos produtos lácteos. Presentemente, apenas a manteiga pasteurizada tem cotação no mercado mundial, oferecendo as indispensáveis condições de sanidade e de conservação, pelo que o seu fabrico é obrigatório em muitos deles. Noutros, como, por exemplo, em Fiança, tomaram-se medidas tendentes a encaminhar progressivamente a indústria para a pasteurização das natas e somas avultadas estão sendo investidas na remodelação das instalações fabris, cuja localização e apetrechamento são primordialmente considerados.
Só no ano de 1949 o Governo Francês aprovou duzentos projectos de instalações de (lacticínios, no valor de 5.151 milhões de francos, correspondendo a 433 mil contos, tendo a indústria privada e as cooperativas obtido, sob o patrocínio do Estado, créditos no montante de 3:330 milhões de francos, equivalendo- a 2-70 mil contos.