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1326 I SÉRIE - NÚMERO 35

maior respeito pelas especificidades regionais e interesses individuais; que partam de uma análise das necessidades e dos recursos locais; actividades que não estão enquadradas na tipologia tradicional das profissões, mas que podem ter um papel determinante no desenvolvimento regional. As ILEs (Iniciativas Locais de Emprego) são disso exemplo.
A juventude é portadora de soluções que ainda não foram encontradas no quadro tradicional.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A escola (que deve ser sobretudo lugar de preparação para a mudança), a empresa (que deve funcionar como espaço de inovação), a família, o serviço militar, as associações de jovens, os organismos estatais relacionados com questões juvenis, são níveis em que o jovem se move. Mas são instituições que no seu conjunto determinam o quotidiano dos jovens.
Por isso se exige uma abordagem integrada dos problemas da juventude, uma interacção em que o jovem seja o centro e não se verifique, como frequentemente acontece, o esquartejar do jovem entre esses 6 níveis de inserção social. Uma interacção multilateral e integrada destes níveis deve ser a preocupação fundamental da Assembleia da República neste Ano Internacional da Juventude.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não nos podemos ficar por festejar o Ano Internacional da Juventude. A festa fazem-na os jovens! Para além do que disse anteriormente, à Assembleia da República cabe ainda um papel de diálogo com as organizações juvenis. Também não lhe basta legislar embora seja de grande importância o consenso conseguido entre todos os partidos na Comissão de Juventude, que levou à apresentação de uma proposta de resolução que entre outras coisas determina a fixação de um período legislativo para projectos ou propostas de lei sobre questões de juventude.
Casos há em que o cumprimento integral da legislação em vigor, apesar das deficiências, seria suficiente para a criação de situações menos injustas.
Finalmente, as instituições, constituindo o suporte da sociedade, devem preocupar se em dar respostas adequadas à mudança e ao direito de ser diferente.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Patrício.

O Sr. Jorge Patrício (PCP): - Sr. Presidente, antes de formular o meu pedido de esclarecimento, desejo interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Faça o favor, Sr. Deputado.

O Sr. Jorge Patrício (PCP): - Sr. Presidente, visto o meu partido ter uma declaração política para fazer, gostaria de saber se o meu pedido de esclarecimento a prejudica.

O Sr. Presidente: - Não prejudica, Sr. Deputado, na medida em que não foi esse o condicionalismo discutido na conferência de líderes. Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Jorge Patrício (PCP): - Sr.ª Deputada Margarida Marques, não assisti a toda a sua intervenção - com grande pena minha. Em toda o caso, V. Ex.ª fez uma afirmação que gostaria que me fosse devidamente esclarecida. Segundo penso, afirmou que a «mudança para a juventude não se concretizou». Será que à Sr.ª Deputada pode especificar, mais em pormenor, o que pretende dizer com esta afirmação? Entende que ela tem a ver com a orientação política que tem vindo a ser seguida nos últimos anos ou entende que não é possível que a mudança para a juventude se concretize de facto?

O Sr. Presidente: - Para responder tem a palavra a Sr.ª Deputada Margarida Marques.

A Sr.ª Margarida Marques (PS): - A frase que proferi na minha intervenção foi a de que a «mudança, no que diz respeito à juventude, não se cumpriu». Quero clarificar, respondendo ao Sr. Deputado Jorge Patrício, esta afirmação. Efectivamente, ela tem no seu fundamento dois significados: primeiro, o de ter vindo a verificar-se, por parte do Governo, uma ausência de medidas legislativas que procurem dar respostas aos problemas dos jovens talvez o ano de 1985, pelo facto de ser o Ano Internacional da Juventude leve o Governo a estar mais atento à problemática juvenil; segundo, aquela afirmação não significa que os jovens apenas exigem do Governo medidas que levem a alterar o seu modo e condições de vida. O futuro dos jovens tem de ser, também, construído por eles próprios e têm de ser os jovens a proporcionar essa mudança' Têm de ser eles, também, a construir e a empenhar-se em encontrar respostas para as soluções às suas aspirações.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Vidigal Amaro.

O Sr. Vidigal Amaro (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Se no primeiro dia do ano de 1985 algum dos Srs. Deputados tivesse passado por um ser viço público de saúde, nada teria observado de melhoria em relação a anos anteriores.
Doentes, familiares, pessoal, gente, gemidos, choros, vozes, gritos, batas brancas, amarelas, azuis, verdes... sofrimento, medo, angústia, ansiedade, desilusão, o perder da esperança.
Os doentes amontoam-se. As macas nos corredores, com doentes, não deixam qualquer espaço. Um doente com enfarte do miocárdio tem de ficar no balcão por que o SO está superlotado. O aparelho de raio X tem de parar horas, porque aquece. O laboratório de análises clínicas não dá resposta aos exames pedidos. Uma simples contagem de glóbulos brancos demora 5 horas a realizar (a doente com suspeita de apendicite aguda, por sinal, uma canadiana, espera). O ruído é ensurdecedor. Os médicos mais uma vez pedem silêncio para poderem examinar os doentes.
À porta continuam a chegar as ambulâncias. Quantos quilómetros percorridos? Por quantos hospitais passaram? Em quantas portas o papel que assim reza: «Hoje não há serviço de urgência» ou a informação «15to não é para aqui!»
Uma pequena amostra da realidade vivida no primeiro dia de Janeiro no serviço de urgência do Hospital de São José de Lisboa.
O caos vivido dia a dia por quem trabalha nos ser viços públicos de saúde ou a quem a eles recorre, fruto do imobilismo de um Governo que com l8 meses de actuação continua a deixar degradar os serviços, con-