O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1123 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002

 

O Sr. Presidente: - Para responder aos pedidos de esclarecimento formulados, tem a palavra o Sr. Ministro da Saúde, que dispõe de 5 minutos.

O Sr. Ministro da Saúde: - Sr. Presidente, Srs. Deputados, começaria, como é óbvio, por responder ao Sr. Deputado Bernardino Soares, manifestando-lhe a minha surpresa. De facto, não esperava que o Sr. Deputado e o grupo parlamentar que representa viessem colocar uma questão dizendo que está tudo bem! No fim de contas, estamos no melhor dos mundos, estamos em 12.º lugar no ranking internacional!… Ó Sr. Deputado, isto surpreende-me! Já nem vou citar, por exemplo, um estudo feito pela Eurostat no ano passado ou há um ano e meio que diz que 73% dos portugueses estão insatisfeitos com o sector da saúde em Portugal!

O Sr. Patinha Antão (PSD): - Mas isso é de somenos!…

O Orador: - Já nem vou por aí! O Sr. Deputado, que está sempre a reclamar uma ligação tão estreita às pessoas, vá ouvir a senhora que se levanta às 6 horas da manhã, vai para um centro de saúde e não tem médico!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Já fui, Sr. Ministro!

O Orador: - Sr. Deputado, vá dizer às pessoas de menos posses, as mais desprotegidas e humildes que vão para as urgências dos hospitais, que está tudo bem! Se o senhor conseguir convencer estas pessoas, pensarei que é um óptimo parlamentar, mas, na verdade, penso que a probabilidade de convencer essas pessoas é extremamente baixa ou nula!
Atendendo à forma como normalmente intervenho, gosto muitas vezes do conforto que me dão as coisas práticas e concretas e, por isso, passarei a referir-me a factos. Assim, começo por lhe dizer que o défice do Serviço Nacional de Saúde, de 1995 até hoje, subiu de 50 milhões de contos para 214 milhões de contos. No entanto, isto não se deve apenas aos medicamentos, embora estes, obviamente, também tenham aqui um papel importante. Esta subida do défice também se deve às despesas de pessoal, que aumentaram de 314 milhões de contos para 573 milhões de contos, ou seja, praticamente para o dobro. O Sr. Deputado diz que este aumento do défice se deve apenas aos medicamentos, mas isso é falso e estou a provar-lho com dados do Serviço Nacional de Saúde. Por outro lado, é evidente que os meios auxiliares de diagnóstico aumentaram de 50 milhões de contos em 1995 para 66 milhões de contos em 2001. Isto significa que, de facto, os medicamentos são uma componente importante, mas não são a única.
O problema, de facto, está na organização e na gestão. Como disse na minha intervenção, a questão não está nos profissionais, que são pessoas competentes. O que se passa é que, simplesmente, não há organização que os enquadre, não há objectivos e não há incentivos para que as pessoas possam fazer melhor, ou seja, para que possam fazer mais cirurgias, mais consultas e mais transplantes para o público e para as pessoas. É isso que nós estamos a empenhados em fazer!

O Sr. Patinha Antão (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Quanto ao contrato individual de trabalho, como o Sr. Deputado sabe, existiram três experiências na área dos hospitais feitas pelo governo anterior que, não tenho rebuço em afirmá-lo, foram positivas. Obviamente, nesses hospitais o regime é o do contrato individual de trabalho. Mas, Sr. Deputado, quando falamos de experiências, referimo-nos a casos que, se tiverem êxito, serão generalizados. Caso contrário, não são experiências! Ou será que o Sr. Deputado estava à espera que estes hospitais formassem uma espécie de gueto?! É que, a ser assim, aquelas experiências de nada teriam servido para termos a possibilidade de actuar em conformidade com os interesses dos portugueses.

O Sr. Patinha Antão (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Passando a outro ponto, devo dizer que não temos qualquer preconceito quanto ao sector público, pelo contrário. Mas olhe para a nossa realidade, Sr. Deputado, não feche os olhos!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): - Exactamente!

O Orador: - Na realidade, temos um Serviço Nacional de Saúde que não funciona ao serviço das pessoas! Esta é que é a realidade! O senhor, com os seus argumentos, o que faz é tentar perpetuar a situação existente e isso é que é inaceitável!

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Não seja demagogo!

O Orador: - Não digo que o faça por querer ou que tenha esse objectivo, mas, ao colocar esse tipo de questões, está objectivamente, na prática, a manter a situação actual e a manter uma situação em resultado da qual os portugueses sofrem!
Antes de responder às questões que me foram colocadas pela Sr.ª Deputada Maria de Belém, gostaria de a saudar e de agradecer os seus cumprimentos.
Disse a Sr.ª Deputada que esta reforma está pejada de princípios que não podem ser apenas enunciados. A verdade, porém, Sr.ª Deputada, é que não estamos apenas a enunciar princípios, mas, sim, a revolucionar, se me é permitido o termo, a questão do Serviço Nacional de Saúde. Dou-lhe o exemplo do financiamento. De facto, com o sistema proposto nesta iniciativa, passaremos a pagar aos hospitais em função da prestação efectiva dos cuidados de saúde. Hoje, como sabe, não é assim. Hoje, os recursos vão para os hospitais em função de um orçamento que vai subindo, porque se num ano é de x, no ano seguinte é de x+y! Ora, nós provocamos uma revolução ao dizermos que só há recursos para os hospitais se, de facto, estes fizerem as cirurgias, os transplantes e as consultas para a população. É em função disso que os hospitais serão remunerados e esta é uma grande revolução que não passa apenas por princípios, mas, sim, por coisas concretas e práticas.

O Sr. Afonso Candal (PS): - Vamos lá ver se não são só princípios!

O Orador: - Quanto ao aspecto de colocar os sectores público, privado e social no mesmo nível, esclareço que

Páginas Relacionadas
Página 1118:
1118 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   ao público. Mas também al
Pág.Página 1118
Página 1119:
1119 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   O Sr. Luís Marques Guedes
Pág.Página 1119
Página 1120:
1120 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   da organização hospitalar
Pág.Página 1120
Página 1121:
1121 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   Desta forma, cumpre-se um
Pág.Página 1121
Página 1122:
1122 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   «articulação dos níveis d
Pág.Página 1122
Página 1124:
1124 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   o que estamos a dizer é q
Pág.Página 1124
Página 1125:
1125 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   política que V. Ex.ª apre
Pág.Página 1125
Página 1126:
1126 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   e preconiza que o hospit
Pág.Página 1126
Página 1127:
1127 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   incompatibilidades. É cer
Pág.Página 1127
Página 1128:
1128 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   portugueses -, mas tão-só
Pág.Página 1128
Página 1129:
1129 | I Série - Número 028 | 05 de Julho de 2002   sabermos retirar resultad
Pág.Página 1129