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47 | I Série - Número: 105 | 24 de Julho de 2009

Aplausos do PSD e do PS.

Para deixar a sua cadeira de Deputado eleito, neste histórico Hemiciclo do Palácio de S. Bento, Manuel Alegre invoca o mais cogente de todos os imperativos, a razão de consciência, que obriga a qualquer sacrifício e, perante a qual, como proclamou há 25 séculos a heróica personagem da tragédia clássica, nenhum poder prevalece.
Os que aqui voltarem, para a XI Legislatura, vão sentir a falta de Manuel Alegre e os seus amigos, que são muitos e de todas as bancadas, vão ter saudades dele.
Resta-nos a legítima esperança disso mesmo: a expectativa de um bem futuro, — de que esta despedida comovente não seja, afinal, um adeus mas apenas um até breve.
Em nome do Grupo Parlamentar do PSD, que muito me honrou com este encargo, obrigado, Manuel Alegre! Boa sorte e volta depressa!

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado Manuel Alegre quer reagir a cada uma das intervenções ou responde no final?

O Sr. Manuel Alegre (PS): — No final, conjuntamente, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: — Tem, então, a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel Alegre, umas breves palavras, que não são de despedida — despedida, possivelmente, do Hemiciclo, de Deputado, mas não da vida nem da luta, acredito eu.
Quero dizer-lhe que foram muitos os momentos de divergência, de confronto ideológico, com uma grande frontalidade, a roçar a dureza, mas aquela dureza sã.
E recordo-me também, quando entrei neste Hemiciclo, como jovem operário, que um contínuo, ainda da outra Assembleia, se é que se podia chamar Assembleia, veio ter comigo e disse-me: «Faça favor de preencher este documento, Sr. Dr.». Ora, isto em 1975, como o Manuel sabe, era quase uma ofensa para mim. Respondi-lhe: «Eu não sou doutor.» Ele respondeu: «Ah, desculpe, Sr. Eng.º!»

Risos gerais.

De facto, nesta Casa só entravam doutores e engenheiros.
Aprendi também a formar a minha própria consciência e a reconhecer os méritos do confronto que, em democracia, tantas vezes se deu aqui, particularmente no Plenário da Assembleia Constituinte. Mas o que é mais relevante na minha memória é a convergência, consigo e com outros, com outras forças políticas, aqui, na Assembleia Constituinte, que conseguiram que essa convergência edificasse um projecto de sociedade, um projecto de regime democrático, que foi a Constituição da República Portuguesa, como disse, na sua intervenção, um regime democrático que é inseparável nas suas diversas vertentes, política, económica, social, cultural, a que eu acrescento a independência nacional.
Por isso mesmo, aquilo que retenho foi essa obra conjunta que ainda perdura, apesar de, muitas vezes, ameaçada aqui ou acolá, empobrecida. Mas continua a ser um projecto e nós, comunistas, lutámos muito por isso, reconhecendo que outros democratas o fizeram também.
Talvez seja a melhor forma de lhe dizer que não será uma despedida, cá estaremos, no confronto, na divergência, mas também na convergência, em nome de uma vida melhor para Portugal e para os portugueses.

Aplausos do PCP, do PS, do PSD, do BE e de Os Verdes.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel Alegre, despede-se hoje um Deputado Constituinte, alguém que desempenhou, de forma quase ininterrupta, 34 anos de mandato enquanto Deputado. E no dia em que sai, na última intervenção que faz perante esta Assembleia, honra o Parlamento.
É alguém que sai do Parlamento sabendo que esta é a Casa-Mãe da democracia e sem ter sobre ela qualquer espécie de amargura mas, sim, uma enorme esperança no futuro.
E, Sr. Deputado, não obstante as grandes diferenças ideológicas e políticas que sempre tivemos — V. Ex.ª é um Deputado que representa a esquerda de uma bancada que já é de esquerda e eu sou de uma bancada que representa a direita nesta Câmara —, não queria deixar de elogiar a cordialidade e o respeito que V. Ex.ª

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