I SÉRIE — NÚMERO 64
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Penso que esta intenção resulta clara deste debate, onde foi possível estabelecer uma ponte de consenso
entre partidos, que é tão difícil fazer noutros temas, pelo que é importante salientar isto.
É importante que este consenso, exigente mas positivo, em torno da iniciativa Guimarães Capital Europeia
da Cultura seja permanente e, sobretudo, que consiga potenciar aquele que, segundo penso, é o grande
desejo de todos (pelo menos o meu), o de que, no final de 2012, saibamos deixar aberta a porta para a Europa
e para o mundo. Se o conseguirmos, ganhámos este desafio e, com certeza, o País será outro em 2013.
Aplausos do PSD do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Jacinto
Serrão.
O Sr. Jacinto Serrão (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Há 36 anos que o PSD, com maiorias
absolutas, governa a Região Autónoma da Madeira.
Há 36 anos que o PSD viola as mais elementares regras da democracia e procedimentos democráticos.
Há 36 anos que o PSD governa com reconhecida promiscuidade entre interesses públicos e privados.
Sempre existiu entre o PSD nacional e o PSD-Madeira um conluio para esconder esta realidade e impedir
que se investigasse toda esta situação de incompetência governativa na Região Autónoma da Madeira e de
prepotência do Governo Regional da Madeira.
Porém, há que reconhecer que a Madeira está numa situação muito difícil. A Madeira tem necessidades
urgentes de financiamento, de modo a fazer face aos compromissos assumidos.
Sr.as
e Srs. Deputados, a dimensão das necessidades é grave, pois ascende a quase 127% do PIB
regional, num valor de 6500 milhões de euros, isto sem ter em conta sequer as responsabilidades assumidas
com as parcerias público-privadas, que ascendem a 1356 milhões de euros, fixando-se o total de
responsabilidades financeiras em 7856 milhões de euros, cerca de 154% do PIB regional.
Esta situação é da exclusiva responsabilidade dos governos do PSD e provocou a paralisia na economia,
tende a implodir toda a dinâmica dos serviços públicos, como se tem observado nos últimos tempos pelas
notícias que correm quer na Região Autónoma da Madeira quer no País e até mesmo na Europa, com as
dívidas aos fornecedores, com a falência das empresas e com o crescimento exponencial, gritante, do
desemprego.
Acresce um sentimento geral de desconfiança no futuro que retrai as decisões de investimento privado e
reduz o consumo na Região Autónoma da Madeira para níveis que levam a uma recessão económica
profunda, sem precedentes e, mais grave ainda, sem fim à vista.
É preciso clarificar que este problema da dívida assume proporções bastante mais graves se atendermos a
que a economia da Madeira é uma economia insular, pequena e dependente do exterior — as receitas
próprias da Região Autónoma correspondem somente a 57,6% das receitas totais da Região.
A situação presente tem origem numa política irresponsável, quer a nível social, quer a nível económico,
quer a nível financeiro. Não houve uma justa distribuição da riqueza, hipotecaram as gerações vindouras e não
geraram uma economia competitiva e independente do investimento público. Antes pelo contrário, o setor
público substituiu-se, em muitos investimentos, ao sector privado, asfixiando os empresários independentes do
regime que investiram os seus recursos na Região Autónoma da Madeira.
A presente situação resulta de políticas erradas dos sucessivos e ininterruptos governos de Alberto João
Jardim, políticas essas que continuam a ter o beneplácito de Pedro Passos Coelho.
E, tudo isto, Sr.as
e Srs. Deputados, está a ser feito sem respeito pelo Parlamento da Madeira, sem respeito
pelas regras da democracia. Esconderam a realidade, esconderam premeditadamente as dívidas da Região,
assinaram uma carta de intenções sem a explicação dos respetivos fundamentos nem como irão concretizar o
plano que está plasmado nessa dita carta de intenções.
Foi, assim, no segredo, nas «costas» dos portugueses, dos madeirenses, que o Sr. Primeiro-Ministro
negociou as medidas que vão permitir a Alberto João Jardim continuar as suas políticas de sempre: esbanjar,
subsidiar sem critérios e sem fiscalização e proteger os mesmos interesses de há 36 anos.